O marxismo-leninismo e os problemas fundamentais da emancipação das mulheres

Zija Xholi

1973


Fonte: State University of Tirana: Problems of the Struggle for the Complete Emancipation of Women, páginas 46-69; Casa de Publicações de Livros Políticos; Tirana, 1973.

Tradução e adaptação: Thales Caramante.

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A situação das mulheres albanesas não diferia muito da das mulheres de outros países, exceto, talvez, por ser ainda mais sombria e deplorável. Sua vida era marcada por uma complexa teia de dominação patriarcal, jugo feudal e exploração capitalista, enraizada em séculos de governo opressivo.

As mulheres eram silenciadas, sem voz nos assuntos domésticos e muito menos nas questões sociais. Eram confinadas dentro de suas casas, e mesmo nas poucas ocasiões em que saíam para realizar alguma tarefa, eram tratadas como simples animais de carga. Seus destinos pessoais, como noivados e casamentos, eram decididos sem qualquer consulta, submetidos às leis da propriedade privada e organizados para atender a interesses individuais. A compra e venda aberta e desleal de empregadas domésticas, os noivados infantis sem o consentimento das jovens eram práticas comuns.

Desprezadas em casa por pais, maridos e filhos, e marginalizadas pela sociedade, as mulheres eram vistas como seres ignorantes, fisicamente frágeis e moralmente oprimidos. A dona de casa tornara-se vítima de uma conspiração envolvendo leis, costumes, o poder do Estado e a religião.

Essa era a realidade das mulheres na época do regime de Zog, que permaneceu, de fato, ainda pior durante a ocupação fascista do país.

Novembro de 1941 marcou uma mudança radical no destino do povo albanês. Foi o momento da fundação do Partido Comunista da Albânia, o partido da classe trabalhadora, dos oprimidos e humilhados, o partido que declarou guerra contra o jugo fascista e anunciou o advento de uma nova sociedade livre de opressão e exploração.

Com o surgimento do Partido Comunista, novas esperanças foram nutridas para as mulheres albanesas, consideradas a categoria mais oprimida e aflita de nosso povo. A história de um verdadeiro movimento revolucionário pela emancipação das mulheres albanesas começou com a fundação de nosso partido.

Certamente, não se pode ignorar que, antes de 1941 e historicamente, houve homens que lamentaram a condição das mulheres albanesas e sonharam com sua emancipação. Entre eles, destacam-se os renomados escritores renascentistas Naim Frasheri, Sami Frasheri e outros, que ansiavam pela liberdade das mulheres albanesas em uma Albânia independente.

Em um ambiente dominado pelo atraso durante a dominação otomana, caracterizado pelo menosprezo e subjugação das mulheres, Naim Frasheri proclamou a igualdade entre homens e mulheres. Ele afirmou: "O nascimento de uma menina não deve ser lamentado, pois meninas e meninos, maridos e esposas não são diferentes".

Para Naim, essa igualdade entre meninos e meninas era uma questão sentimental dentro da família. Ele não considerava a igualdade social, nem levava em conta as circunstâncias sociais que a influenciavam.

Naim também defendeu a ideia progressista da participação das mulheres no trabalho e na produção. Para ele, as mulheres não deveriam ficar confinadas em casa, mas trabalhar no tear e prover para toda a família. No entanto, ele limitava o trabalho produtivo das mulheres às atividades domésticas, não considerando sua contribuição além das quatro paredes do lar. O conceito de emancipação da mulher de Naim e de seus contemporâneos renascentistas era restrito e limitado. Eles debatiam o problema dentro da estrutura da propriedade privada, analisando-o sob uma ideologia não revolucionária, e, portanto, suas conclusões eram inevitavelmente restritas e limitadas.

Essas ideias progressistas dos militantes renascentistas foram mantidas vivas durante o período do regime de Zog por pessoas progressistas e democráticas. Em suas obras, elas lamentavam a condição das mulheres albanesas e clamavam por seus direitos. No entanto, suas ideias e apelos, restritos principalmente ao âmbito cultural e das relações matrimoniais, não tiveram impacto real na vida das mulheres nem geraram um movimento significativo em direção à emancipação das mulheres.

Por isso, a verdadeira história do movimento revolucionário pela emancipação das mulheres começa em 8 de novembro de 1941 e está intrinsecamente ligada ao Partido Comunista e à revolução socialista que foi preparada, conduzida e vitoriosa graças ao partido.

O Partido do Trabalho, como um partido marxista-leninista, não resolve todos os problemas da revolução socialista e da construção socialista de uma só vez. Ele enfrenta cada desafio gradualmente, de acordo com as demandas do momento e as condições objetivas e subjetivas. A luta do nosso partido pela emancipação da mulher não é exceção a essa regra. O desenvolvimento dessa luta passou por vários estágios e experimentou alguns "saltos qualitativos". Se fôssemos separá-los, três deles se destacariam claramente: 1) o estágio da guerra de libertação nacional; 2) o estágio da construção da base econômica do socialismo; 3) o estágio que começou com a "Carta Aberta" do Partido, o 5º Congresso do Partido e o discurso programático do camarada Enver Hoxha em 6 de fevereiro de 1967.

1) A Guerra de Libertação Nacional foi iniciada, conduzida e levada à vitória como uma guerra do povo, sob a liderança do partido. Tornou-se a atividade de toda a população — homens e mulheres. Cerca de 6.000 mulheres, armadas, se juntaram às unidades e brigadas partisans; e milhares de outras, na cidade e no campo, se alinharam nas fileiras da retaguarda, constituindo a base mais segura e o apoio mais poderoso para a Guerra de Libertação Nacional. Milhares de mulheres nas cidades e no campo abrigaram os guerrilheiros, protegendo-os do inimigo, alimentando-os, vestindo-os, cuidando deles e os incentivando.

Durante a Guerra de Libertação Nacional, algo sem precedentes na história ocorreu. As mulheres participaram em massa, conscientes de que a guerra buscava a salvação da Albânia e sua própria emancipação social e conquista de direitos. Elas travaram uma luta organizada nas fileiras de suas próprias organizações revolucionárias antifascistas, criadas no calor da batalha. O que não ocorreu nos movimentos de libertação anteriores tornou-se realidade durante a Guerra de Libertação Nacional: participação ativa, conexão da guerra pela libertação nacional com a guerra pela emancipação social e organização. Isso ocorreu porque as mulheres lutaram sob a liderança do partido, foram educadas e inspiradas por seus ensinamentos marxista-leninistas.

O camarada Enver Hoxha deu especial atenção à educação, organização e mobilização das mulheres desde os primeiros passos da atividade do nosso partido, enfrentando diversas dificuldades para organizar a Guerra de Libertação. "É crucial compreender, — instruiu Enver Hoxha, — a importância de trabalhar com as mulheres, que desempenharão um papel crucial em nosso trabalho".

A ideia do Partido para a participação de mulheres e meninas na Guerra de Libertação Nacional, apesar das diversas reações, era marxista-leninista, fundamental para a organização e vitória de toda guerra de libertação e revolução verdadeira. Marx, em carta a Kugelman, afirmou que nenhuma revolução social poderia ser bem-sucedida sem a participação das mulheres. "A experiência dos movimentos de libertação, — escreveu Lênin, — demonstra que o sucesso da revolução depende do grau de participação das mulheres".

Ao lado da liberdade e independência, a Guerra de Libertação Nacional garantiu outra vitória significativa ao povo: o poder do Estado. O Poder Popular não é simplesmente uma continuação do poder estatal anterior, mas sua completa negação, uma mudança radical em todos os aspectos. Simultaneamente, revogou toda a legislação antiga que, entre outros aspectos, legitimava e perpetuava a desigualdade entre homens e mulheres. A nova legislação assegurou a igualdade de direitos entre os gêneros. Mulheres foram reconhecidas em todos os setores: na política (com direito de voto e elegibilidade para todos os órgãos do Poder Popular), no trabalho (com acesso a todas as profissões e igualdade salarial), na família (com direitos matrimoniais equiparados aos dos homens, incluindo decisões sobre casamento e filhos), e na previdência social, onde o cuidado com a maternidade e a infância ganhou destaque como uma de suas responsabilidades fundamentais.

Esses direitos assegurados pelo Poder Popular representaram uma grande e radical mudança na situação das mulheres, promovendo uma verdadeira elevação tanto para o Estado quanto para o futuro delas. A formação de organizações revolucionárias femininas, sob a direção do partido, o despertar político e o fortalecimento de milhares de mulheres e meninas, além da garantia legal de seus direitos equiparados aos dos homens, destacam-se como algumas das conquistas fundamentais trazidas pela Guerra de Libertação Nacional e pelo estabelecimento do Poder Popular. Essas conquistas serviram como uma base sólida para um avanço significativo na condição das mulheres, um avanço que ocorreu com a consolidação da base econômica do socialismo.

2) A proclamação e a legalização dos direitos das mulheres representaram vitórias históricas, mas foram apenas o início do trabalho. Como observou Lênin, conceder às mulheres os mesmos direitos que os homens não resolve completamente o problema, pois "a igualdade legal ainda não é igualdade na prática". Para alcançar a igualdade efetiva e a completa emancipação das mulheres dentro da ditadura proletária estabelecida, são necessárias duas condições indispensáveis: a abolição da propriedade privada e da exploração capitalista, e a participação das mulheres na produção.

Quando a propriedade privada está nas mãos dos homens, as mulheres são marginalizadas e subjugadas. As relações dos homens com a propriedade determinam todas as outras relações sociais, incluindo as relações familiares entre marido e mulher, bem como entre pais e filhos. Onde quer que haja propriedade privada, surgem comportamentos e sentimentos desumanos. Após o casamento, o marido assume uma posição de dominação sobre a esposa, tratando-a como subordinada e impondo-lhe tarefas pesadas, muitas vezes recorrendo a violência física. Em vez de serem cuidadores e protetores de seus filhos, os pais se tornam seus tiranos, envolvendo-se em práticas cruéis como casamentos infantis, venda de meninas e abuso físico e emocional. Como afirma o camarada Enver, "a ‘superioridade’ do homem sobre a mulher, a autoridade patriarcal sobre os filhos, os casamentos impostos e autorizados pelos pais, estão todos ligados ao interesse econômico".

Não é necessário enfatizar que a abolição da propriedade privada representará o renascimento da mulher, libertando-a da escravidão marital e de outras formas de opressão, e estabelecendo relações familiares em uma base verdadeiramente humana. O Partido do Trabalho tem seguido e promovido essa linha ampla e singular de emancipação da mulher, que é a eliminação da propriedade privada. Nos últimos 25 anos, nosso povo, sob a direção do nosso partido, tem gradual e sistematicamente eliminado a propriedade privada, estabelecendo a propriedade social tanto na cidade quanto no campo. A abolição da propriedade privada e a instauração da propriedade social sobre os meios de produção representaram as maiores conquistas no caminho para a emancipação das mulheres. Isso possibilitou que as mulheres desfrutassem dos direitos e liberdades proclamados e garantidos pelo Poder Popular, promovendo uma nova unidade familiar, fundamentada em sentimentos genuínos e total liberdade entre cônjuges e entre pais e filhos.

Se a criação de relações de produção socialistas é um passo crucial para a completa emancipação das mulheres, então é fundamental que esse processo seja continuado e aprimorado. O avanço em direção à liberdade e à emancipação das mulheres, assim como o desenvolvimento da sociedade socialista como um todo, dependerá do triunfo do interesse coletivo sobre o privado, da erradicação do egoísmo e do abandono do pensamento baseado na propriedade privada.

A eliminação da propriedade privada constitui um dos aspectos do processo de emancipação da mulher; o outro está intrinsecamente ligado à sua participação na produção. Como ensinou Engels, "uma condição prévia para a emancipação da mulher é o retorno de todo o sexo feminino ao trabalho social".

De fato, mesmo que a propriedade privada seja abolida, se a mulher permanecer confinada às quatro paredes de sua casa e não participar da produção, continuará dependente economicamente do marido, acarretando consequências negativas para ela, seus filhos e a sociedade como um todo.

Os direitos das mulheres e sua liberdade são alcançados não apenas na esfera econômica, com sua participação na produção, mas também na esfera política, com sua participação na administração dos assuntos do Estado e, de forma geral, em todas as questões sociais. Conforme observou Lênin, "sem a participação das mulheres no serviço público, no exército, na vida política, sem separá-las da atmosfera doméstica e da cozinha, que as entorpece, é impossível construir a democracia, muito menos o socialismo".

Desde os primeiros dias da construção socialista, o Partido do Trabalho tem buscado ativamente integrar a mulher à produção e aos diversos aspectos da vida social. Naquela época, o camarada Enver Hoxha afirmou: "A mulher precisa verdadeiramente conquistar sua independência. O que significa conquistar sua independência? Significa tornar-se dona de si mesma, participar do trabalho de produção em fábricas, hospitais e escritórios, trabalhar onde quer que os homens trabalhem. Isso não é fácil, é até difícil, mas estamos convencidos de que gradualmente alcançaremos bons resultados".

O camarada Enver Hoxha via a participação da mulher no trabalho de produção e em todas as outras atividades sociais não apenas como um meio de alcançar independência e emancipação, mas também como um aspecto crucial na construção socialista do nosso país. Ele afirmava: "Nosso país não pode progredir, a Albânia não pode ser construída sem a participação das mulheres, pois elas devem contribuir para a reconstrução do nosso país não só com seu trabalho manual, mas também com suas capacidades intelectuais e espirituais".

Desde os primórdios do capitalismo, as mulheres passaram a participar espontaneamente do trabalho de produção. No entanto, como em qualquer processo em uma sociedade capitalista, essa participação assumiu formas desfavoráveis. A disparidade salarial entre homens e mulheres pelo mesmo trabalho, a falta de apoio à maternidade, a corrupção e a prostituição tornaram-se problemas frequentes associados à participação feminina na produção sob o capitalismo.

Apesar de o capitalismo não ter se desenvolvido extensivamente em nosso país, as mulheres não puderam ingressar em grande número na esfera da produção. Isso representou um desafio significativo para o nosso partido ao tentar integrar às atividades laborais uma grande quantidade de mulheres que passaram a vida toda confinadas ao ambiente doméstico. No entanto, embora muitas mulheres albanesas não possuíssem formação formal para o trabalho de produção, elas tinham uma vasta experiência em outro aspecto crucial: o domínio político. Durante a Guerra de Libertação Nacional, milhares de mulheres e meninas educadas pelo nosso partido demonstraram um forte senso de dever político, confiança em si mesmas e determinação para avançar, seguindo as orientações do nosso partido.

Contudo, a participação feminina na produção continuou sendo um dos desafios mais complexos na busca por sua completa emancipação e na construção do socialismo. Para superar essas dificuldades, foi necessário enfrentar grandes obstáculos de ordem econômica, política, cultural e ideológica, tanto objetivos quanto subjetivos.

Em primeiro lugar, era crucial desenvolver as forças produtivas e criar novas oportunidades de trabalho para milhares de mulheres, tanto na cidade quanto no campo. Porém, essa tarefa não era simples diante da devastação causada pela guerra e do atraso geral do país. Para alcançar esse objetivo, foi necessário expropriar os capitalistas, promover a industrialização socialista e implementar a coletivização da agricultura.

Em segundo lugar, era essencial proporcionar educação, formação técnica e profissional às mulheres, capacitando-as para participar plenamente das atividades produtivas em igualdade com os homens. No entanto, essa missão era ainda mais desafiadora, considerando que 90% das mulheres eram analfabetas e apenas poucas tinham algum tipo de formação especializada. Para resolver essa questão, foram adotadas medidas revolucionárias, como programas de educação em massa, cursos de curta e longa duração, expansão da rede escolar e aumento da matrícula de meninas.

Em terceiro lugar, era necessário superar os obstáculos de natureza subjetiva. A política do nosso partido em relação à participação das mulheres na produção enfrentou resistência dos kulaks, dos líderes religiosos de várias denominações, dos reacionários e de pessoas ignorantes. Esses opositores utilizavam calúnias, manipulação, intimidação religiosa por meio da “palavra de Deus”, os cânones e até mesmo ameaças de violência, ameaças abertas de terror, todas essas eram formas de luta de classes utilizadas por nossos inimigos para impedir a participação das mulheres na produção e nas atividades sociais.

Contudo, além da oposição do campo inimigo, havia também a resistência encontrada entre o próprio povo, tanto homens quanto mulheres, que, de uma maneira ou de outra, ainda estavam presos a preconceitos e costumes ultrapassados herdados do antigo regime de propriedade privada e exploração. Em diversas regiões, as leis não escritas, selvagens e bárbaras dos cânones, como o de Lekë Dukagjini, persistiam. As meninas eram tratadas como mercadorias, sendo vendidas em casamentos arranjados ainda na infância, muitas vezes para o maior lance, mesmo que o pretendente fosse desagradável ou idoso. Esses casamentos transformavam as meninas em seres desprovidos de dignidade e liberdade, presas em uma vida de submissão. Na casa do marido, a opinião da esposa era desconsiderada, relegando-a a tarefas domésticas e tratando-a como uma simples serviçal. Nesse contexto, a influência do sacerdote e do hodja sobre a consciência subjugada das mulheres era significativa, enquanto os preconceitos e superstições dominavam sua visão de mundo.

Essas práticas arcaicas, esses conceitos ultrapassados do passado sombrio, continuavam a perseguir implacavelmente as mulheres da Nova Albânia, impedindo-as de avançar livremente. Os costumes retrógrados precisavam ser combatidos, os pensamentos reacionários precisavam ser erradicados das mentes tanto dos homens quanto das mulheres. Foi uma luta intensa, uma verdadeira batalha dentro da própria sociedade, mas de uma natureza diferente: uma luta entre diferentes classes sociais. Nosso partido tem enfrentado essa batalha persistentemente, seguindo o único caminho correto, utilizando o método do convencimento, da educação e da reeducação.

As enormes dificuldades que nosso partido enfrentou e ainda enfrenta em relação à completa emancipação da mulher refletem a grandiosidade de sua jornada passada. O desenrolar dessas complexas contradições econômicas e psicológicas relacionadas à mulher e seu destino atesta a capacidade do nosso partido de trilhar os caminhos que levam à resolução desse problema, à emancipação plena da mulher.

Enquanto travávamos a luta de classes contra nossos inimigos por um lado, e entre o próprio povo pela sua educação e reeducação socialista, implementando todo um sistema de cursos e escolas para a formação educacional, técnico e profissional, e continuando a desenvolver incessantemente as forças produtivas na indústria e na agricultura, ocorreu uma mudança qualitativa na melhoria da condição da mulher e na completa transformação de sua posição social. De uma pessoa oprimida e relegada ao abandono, como costumava ser, a mulher tornou-se uma cidadã respeitável da sociedade. Assim como os homens, ela agora participa de todas as esferas de atividade, contribuindo para a construção da Albânia socialista. O camarada Enver Hoxha descreveu essa nova realidade das mulheres nos seguintes termos: "Assim como as águas rápidas que descem das montanhas e fertilizam as planícies, as mulheres albanesas inundaram todos os canais da vida do nosso país, trazendo um novo vigor, uma nova vitalidade para o trabalho. Sua capacidade mental, manual e produtiva é tão grandiosa que desafia qualquer descrição".

Se nos basearmos em fatos e números, a participação da mulher na produção e na vida política e social é representada da seguinte maneira: as mulheres trabalhadoras da cidade e do campo compõem 42% do total de trabalhadoras de nossa República. Se em 1948 o número de mulheres trabalhadoras empregadas em empresas industriais, cooperativas estatais e cooperativas era de cerca de 8.000, em 1967 esse número aumentou para 112.000, ou seja, 14 vezes mais. O número de mulheres camponesas envolvidas no trabalho agrícola também aumentou na mesma proporção, chegando hoje a 183.000.

Esses números refletem o ritmo revolucionário adotado na resolução do problema da participação da mulher na produção; mostram uma mudança radical, uma verdadeira transformação na consciência das mulheres, que agora consideram o trabalho como algo natural e uma condição indispensável para suas vidas, liberdade e desenvolvimento.

A participação das mulheres na administração de assuntos estatais, economia, cultura e arte também aumentou; 10.909 conselheiras, ou 36% do total de conselheiras, foram eleitas para os órgãos locais do Poder Popular. Mais de 600 mulheres atuam como diretoras em empresas, fábricas, instituições sociais e culturais, 22 são chefes de cooperativas agrícolas, 215 são chefes assistentes, e 2.210 são líderes de brigada. Centenas e milhares atuam como professoras e pedagogas, engenheiras e médicas, economistas e agrônomas.

O trabalho e as ações das mulheres e meninas de nosso país são um claro testemunho de sua inteligência e de suas faculdades criativas. O exemplo de nossas mulheres refuta as teorias infundadas e reacionárias sobre a "incapacidade natural da mulher", "sua inferioridade natural" e outras calúnias desse tipo; isso confirma a tese marxista-leninista de que as habilidades físicas e intelectuais das mulheres estão diretamente ligadas à sua participação na produção e nas atividades sociais.

Essas grandes conquistas não ignoram os problemas e desafios ainda não resolvidos em relação à participação das mulheres no trabalho produtivo e nas atividades sociais e políticas. É por meio dessas conquistas que novos problemas são trazidos à tona.

Apesar de ser em número cada vez menor, ainda existem mulheres e meninas na cidade e no campo que permanecem em casa sem buscar emprego. Ainda há mulheres e moças que buscam apenas determinados tipos de emprego, ignorando que nossa sociedade passou por uma mudança radical em sua atitude em relação ao trabalho. O trabalho é honrado e respeitado, sendo o critério pelo qual se avalia o valor de alguém; portanto, qualquer trabalho realizado em prol do socialismo é valorizado. Além disso, muitas profissões e ramos de atividade são considerados adequados apenas para homens, o que é um ponto de vista equivocado que precisa ser completamente erradicado. Exceto em raras profissões em que suas condições fisiológicas não permitem, as mulheres podem ser empregadas em todas as outras profissões da mesma forma que os homens.

Outro problema, ainda mais importante, é promover a ascensão da mulher a cargos de direção e depositar mais confiança em suas habilidades. Apesar do progresso recente, esse problema continua sem solução, sendo ainda agudo e urgente. O número de mulheres ocupando cargos de direção ainda não corresponde ao número de mulheres, suas habilidades e sua determinação e entusiasmo revolucionários.

Nossa sociedade socialista é a mais livre e democrática já conhecida na história. A emancipação da mulher e o desenvolvimento de sua personalidade ideológica e profissional são expressões dessa liberdade e democracia. Não está distante o dia em que o número de mulheres em cargos de direção na vida econômica, política e social será maior do que hoje. Nossa tarefa é antecipar e preparar o caminho para o futuro, seguindo o curso indicado por nosso partido e os ensinamentos e recomendações do camarada Enver Hoxha. Isso requer, em primeiro lugar, dar atenção especial às meninas em todo o sistema de medidas adotadas pelo nosso partido e pelo Estado para a educação e formação da juventude. É claro que as mulheres e as meninas assumirão cargos de direção e responsabilidade não porque são mulheres e meninas, mas porque têm o direito a eles devido à sua preparação ideológica e educacional. Em segundo lugar, é necessário ampliar as medidas para facilitar o trabalho da mulher como mãe e dona de casa, para que ela possa ter mais tempo livre para sua autoeducação e desenvolvimento. Por fim, é fundamental continuar a campanha ideológica contra conceitos errôneos herdados do passado.

3) Uma etapa significativa no movimento revolucionário pela completa emancipação das mulheres, marcando um novo avanço qualitativo, inicia-se com a Carta Aberta, juntamente com as ideias e os ensinamentos do camarada Enver Hoxha no 5º Congresso do Partido e seu discurso programático de 6 de fevereiro de 1967. O cerne desse período é o aprofundamento da revolução ideológica, a luta para erradicar qualquer vestígio, costume ou prática que viole os direitos da mulher, sua dignidade e a impeça de ocupar a posição que lhe é devida na vida, na família e na sociedade. Naturalmente, isso não significa que, anteriormente, durante o processo de abolição da propriedade privada e da participação da mulher na produção, sua educação e luta ideológica não tenham sido promovidas. Da mesma forma, isso não significa que agora o aprimoramento das relações de produção ou a participação da mulher na esfera produtiva não sejam importantes. O fato é que todo problema possui diversos aspectos, mas em diferentes estágios, um ou outro aspecto ganha destaque, assume maior relevância.

Assim, durante a Guerra de Libertação Nacional, o problema central, ao qual todos os outros estavam subordinados, era o da libertação de nosso país e, associado a ele, o da tomada do poder político. Quando esse problema foi resolvido em favor do povo, o problema de estabelecer relações socialistas na produção passou a ocupar o centro do debate. Hoje, com a abolição da propriedade privada e o estabelecimento das relações socialistas de produção na cidade e no campo, os desafios de aprofundar ainda mais a revolução ideológica e cultural assumem uma importância primordial.

As transformações socialistas geram mudanças nas relações materiais entre as pessoas, em seu mundo interior, em seus sentimentos e conceitos. Essa influência e pressão não seguem um curso uniforme, não provocam mudanças simultâneas e no mesmo ritmo, tanto no mundo material quanto no ideal da sociedade. Geralmente, as relações materiais mudam primeiro e mais rapidamente, enquanto as ideias e os pontos de vista, os julgamentos e os preconceitos mudam posteriormente e de forma mais lenta. Estes últimos oferecem grande resistência, enraizando-se nos cantos escuros da consciência e sendo difíceis de erradicar.

“Por essa razão, a transformação do mundo interior das pessoas não é um processo simples, mas sim o resultado de um confronto, de uma batalha amarga que, essencialmente, é uma luta de classes que está morrendo de velhice, — conforme ensina o camarada Enver Hoxha, — sempre estará em conflito e em confronto com a nova que nasce, renasce e se fortalece”.

Se isso é verdade em geral, é ainda mais verdadeiro para as ideias, os conceitos e os preconceitos relativos à mulher, sua vida na família e na sociedade. Aqui, o velho, que morre, se agarra com mais força e a batalha é mais árdua. No entanto, a vitória da ideologia socialista e o estabelecimento de novos costumes e normas são mais urgentes e necessários do que em qualquer outro campo. Sem essas vitórias, não podemos falar da completa emancipação da mulher, nem considerar que ela possa usufruir de todos os direitos conferidos pela legislação e garantidos pelas transformações socialistas.

Em diversos discursos e discussões, o camarada Enver argumentou de maneira multifacetada a necessidade de aprofundar a revolução ideológica como condição indispensável para a completa emancipação das mulheres também. Aplicando estritamente os princípios da filosofia materialista e dialética, baseando-se no conhecimento do passado e da situação atual da mulher albanesa, o camarada Enver explicou e explorou o cerne do problema da emancipação completa das mulheres, analisando-o em todos os detalhes e nuances, e apresentou um plano marxista-leninista completo e cientificamente embasado para a luta pela solução final desse problema.

Se tentássemos destacar essa ampla gama de problemas abordados pelo camarada Enver Hoxha em relação à emancipação das mulheres, que representam as verdadeiras tarefas pelas quais nosso partido e todo o povo têm lutado, nos depararíamos com:

Os problemas que dizem respeito à aplicação das leis que protegem os direitos das mulheres e, em conexão com isso, a luta contra práticas desprezíveis como o casamento infantil, o tráfico de meninas e assim por diante, atos que violam os direitos mais básicos da mulher e humilham sua dignidade humana. As palavras do camarada Enver Hoxha: "Todo o partido e o país devem se levantar para erradicar os costumes retrógrados, para quebrar o pescoço de qualquer um que viole a lei sagrada do partido em defesa dos direitos das mulheres e das meninas", ecoando pelas montanhas e planícies, tornaram-se o lema orientador de homens e mulheres de diversas regiões, comprometidos em acabar com todas essas violações flagrantes dos direitos e da dignidade da mulher. É evidente que o conservadorismo ainda pode encontrar espaço aqui também. Portanto, a vigilância, a educação e a clareza ideológica ainda são essenciais.

Outro grande grupo de problemas diz respeito à família, à busca pela igualdade entre marido e mulher, entre filhos e filhas da família. O camarada Enver Hoxha atribui a mesma importância à abolição da desigualdade na participação da mulher na produção social e a considera uma das condições básicas para a emancipação da mulher.

Legalmente, a mulher é igual ao marido tanto na família quanto na sociedade. Não apenas na teoria, mas também na prática, a mulher contribui para o trabalho social e colabora da mesma forma que o marido para o sustento e o bem-estar da família. No entanto, ao retornar para casa após o expediente, ela se depara com a antiquada mentalidade familiar que lhe nega a igualdade em relação ao marido. Enfrenta as mentalidades patriarcais de "chefes de família" representadas pelo pai, sogro e até mesmo pelo próprio marido.

Uma das evidências mais claras dessa desigualdade na família é a divisão do trabalho doméstico, ou melhor, sua não-divisão, ou seja, a transferência de toda a carga do trabalho doméstico para a esposa. Após um dia de trabalho árduo, no qual ela se esforçou tanto quanto o marido, a esposa precisa cuidar da casa, limpá-la e cozinhar para a família. Ao sobrecarregá-la com as tarefas domésticas, por mais cansativas e entediantes que sejam, o marido efetivamente estabelece uma desigualdade em sua família e transforma a esposa em uma proletária.

Por que isso acontece? Existe uma ideia equivocada e generalizada de que o trabalho doméstico é responsabilidade exclusiva das esposas e não dos maridos. Os reacionários alimentam essa ideia, afirmando que as mulheres só servem para o trabalho doméstico, que seu lugar é na cozinha. Essa ideia surgiu em um contexto no qual as mulheres não tinham direitos, eram excluídas da atividade produtiva e só lhes restava o trabalho dentro de casa. No entanto, essa situação não existe mais em nosso país. Hoje, uma nova realidade foi estabelecida, na qual as mulheres participam do trabalho externo da mesma forma que os homens. Diante dessa nova realidade, é necessário adotar uma nova abordagem do problema, revisar todas as antigas divisões do trabalho doméstico e considerá-lo como uma questão compartilhada entre marido e mulher.

Nesse sentido, o camarada Enver nos ensina que é preciso virar uma nova página e realizar uma mudança radical, principalmente na mentalidade do marido, refletindo na prática, ou seja, na divisão do trabalho entre marido e mulher em casa e na sociedade. Isso inclui incentivar a criação de creches, jardins de infância nas cidades, cooperativas agrícolas e outras instituições, de modo a aliviar as mulheres das tarefas domésticas. Essa questão é de grande importância em termos de princípios, moral (pois não é justo que apenas um dos cônjuges assuma todas as responsabilidades domésticas) e ideológica (pois as mulheres devem ser libertadas de certas obrigações para que possam participar plenamente da atividade produtiva social e ter mais tempo livre para se dedicarem à sua educação ideológica, política e cultural).

O marxismo-leninismo associa a abolição do trabalho doméstico árduo e entediante à criação de um sistema de serviços sociais abrangente, e, em geral, ao avanço da indústria pesada, que disponibilizaria máquinas e dispositivos para facilitar essas tarefas às famílias. Nesse aspecto, nossos órgãos de saúde pública, empresas comerciais e industriais estão empenhadas em ampliar a oferta de creches, jardins de infância, refeitórios e lavanderias públicas, além de disponibilizar uma variedade de eletrodomésticos.

Contudo, enquanto nossa economia não puder criar condições para simplificar e tornar mais fácil o trabalho doméstico, nosso partido busca outras abordagens marxista-leninistas e revolucionárias. Uma dessas abordagens é a distribuição equitativa das responsabilidades domésticas entre marido e mulher, conforme indicado pelo camarada Enver Hoxha.

O camarada Enver Hoxha conecta a igualdade plena entre marido e mulher a outra questão crucial: a renda familiar e sua administração. No passado, a desigualdade entre marido e mulher tinha uma base material real: o dinheiro e a propriedade. O dinheiro conferia poder ao marido; sua ausência, o temor de não ter meios de subsistência, transformava a esposa em uma escrava humilhada.

Influenciados por essa mentalidade burguesa e pequeno-burguesa, muitos maridos, ainda hoje, buscam controlar todas as rendas, inclusive as de suas esposas, e insistem em ser consultados até mesmo quando suas esposas desejam comprar um simples casaco ou vestido. Para combater essa mentalidade e a desigualdade resultante da administração exclusiva das finanças pelos maridos, o camarada Enver recomenda que as rendas familiares sejam mantidas e gerenciadas pelas esposas. Essa medida, além de revolucionária, atende às novas demandas de nossa sociedade e beneficia tanto as mulheres (aumentando sua autoridade) quanto toda a família (melhor administração dos recursos). Como disse o camarada Enver, "com dinheiro em seu poder", a esposa não apenas o gerenciará de forma mais eficaz, mas também terá voz igual nas decisões familiares, ao lado do marido".

A igualdade plena entre marido e mulher no ambiente familiar resultará em uma abordagem equânime em relação aos filhos, criando e educando o filho e a filha com os mesmos esforços e tratamento. Este princípio básico da nossa sociedade socialista deve ser internalizado desde a infância, permeando a educação escolar e o ambiente de trabalho, para, enfim, se concretizar na estrutura familiar.

A longo prazo, um grande desafio relacionado ao aprofundamento da revolução ideológica, e diretamente ligado à emancipação das mulheres, é a luta contra a influência da religião, desmascarando as normas de vários cânones, especialmente do cânone de Lekë Dukagjini, que prevaleciam no passado e governavam a vida social em muitas regiões, principalmente nas Montanhas.

Os costumes retrógrados que desvalorizam a mulher, juntamente com as diversas mentalidades sobre a suposta "inferioridade" feminina e sua "incapacidade natural", foram ideologicamente justificados e enraizados nas mentes das pessoas como sagrados e intocáveis por várias religiões e seus clérigos. É evidente que a campanha contra todos os costumes retrógrados e preconceitos que humilham a mulher não pode ser conduzida com êxito sem expor, ao mesmo tempo, sua base ideológica, destacando o caráter reacionário das tramas, mitos e preceitos religiosos.