“Antes do fim da conquista, o povo irlandês não conhecia a propriedade absoluta da terra. A terra pertencia a todo o clã; o chefe era nada mais do que o administrador da associação. A ideia feudal que veio com a conquista foi associada com a dominação estrangeira, e não foi até hoje reconhecida pelo sentimento moral do povo.”
Nessas poucas palavras do Sr. John Stuart Mill o estudante imparcial pode encontrar a chave para desfazer o emaranhado da política irlandesa. Os políticos de ultimamente, tanto do lado inglês quanto do irlandês, fizeram o seu máximo para familiarizar a opinião pública com a crença que a questão irlandesa vem somente das aspirações do povo irlandês de ter mais controle sobre a administração interna dos assuntos do seu país do que é possível para ele exercer enquanto o governo é localizado em Westminster, e que, portanto, alguma forma de autogoverno local, como, por exemplo, a Lei do Autogoverno do Sr. Gladstone, é tudo o que é necessário para resolver a questão, e acalmar para sempre o espírito perturbado do descontentamento irlandês. De acordo com essa iluminada (?) exposição da história irlandesa, nós devemos acreditar que duas nações tem guerreado constantemente por setecentos anos, que um país (Irlanda) foi durante todo esse tempo compelido a testemunhar o massacre impiedoso das suas crianças pela fome, pela peste e pela espada; que cada sucessiva geração testemunhou a renovação do conflito e a renovação do martírio, tanto que mentes sensíveis recuam de um exame da história da Irlanda como das imagens de uma carnificina, e tudo, certamente, porque irlandeses e ingleses não podiam concordar sobre a forma de administração política mais adequada para a Irlanda.
Se esta nova interpretação da história irlandesa fosse verdade, o estrangeiro inteligente poderia ser perdoado por avaliar em padrões muito baixos a inteligência das duas nações, que durante setecentos anos não desenvolveram uma solução satisfatória de uma questão tão simples. Precisamente no mesmo baixo padrão poderia seguramente ser avaliada a acuidade política dos líderes dos partidos ingleses e irlandeses, que estão hoje placidamente paradeando o aborto desacreditado do Autogoverno como um remédio soberano para a miséria da Irlanda.
A questão irlandesa tem, na verdade, uma raiz muito mais profunda do que a mera diferença de opinião nas formas de governo. Sua origem real e significado interno estão na circunstância que as duas nações opositoras tinham ideias fundamentalmente diferentes sobre a questão vital da propriedade da terra. Pesquisas científicas recentes feitas por tão eminentes sociólogos como Letourneau, Lewis Morgan, Sir Henry Maine, e outros, demonstraram amplamente que a propriedade comum da terra formou a base da sociedade primitiva em quase todo país. Mas, entretanto, na maioria dos países agora chamados civilizados, tal Comunismo primitivo tinha praticamente desaparecido antes da aurora da história e tinha rapidamente adquirido um status superior aquele conferido pela sanção social de tribos iletradas e ignorantes. Na Irlanda o sistema formou parte das bem definidas organizações sociais de uma nação de acadêmicos e estudantes, reconhecidos como Chefe e Tanista, Juiz e Bardo, como o princípio inspirador da sua vida coletiva, e a base do seu sistema nacional de jurisprudência. Fato tão chocante será, claro, interpretado de muitas maneiras, de acordo com o temperamento e simpatias políticas e raciais do leitor. O partidário da ordem presente da sociedade encarará como prova da incapacidade irlandesa de assimilar ideias progressistas, e, sem dúvida, afirmará confiantemente, que esta incapacidade é a real raiz da miséria Irlandesa, já que ela tem muitos filhos inadequados para a luta competitivo pela existência, e então condenados aos papéis de cortadores de lenha e carregadores de água.
Estágios de Desenvolvimento
O ardente estudante de sociologia, que acredita que o progresso da raça humana através dos vários estágios econômicos do comunismo, escravismo, feudalismo e escravidão assalariada, tem sido nada mais que uma preparação para a sociedade ordenada superior do futuro; que os países mais industrialmente avançados estão, ainda que na maioria das vezes inconscientemente, somente desenvolvendo as condições sociais que desde o colapso do comunismo tribal universal, foram feitas historicamente necessárias para a inauguração de uma nova e mais justa ordem econômica, em que antagonismos sociais, políticos e nacionais serão desconhecidos, talvez veja a manutenção irlandesa da propriedade do clã em uma data tão recente como o século XVII como evidência de desenvolvimento econômico retardado, e então uma verdadeira barreira para o progresso. Mas o simpático estudante da história, que acredita na possibilidade de um povo por intuição política antecipar as lições reveladas posteriormente para ele na triste escola da experiência, não estará indisposto a se juntar ao ardente patriota irlandês nas suas extravagantes expressões de admiração pela sagacidade dos seus ancestrais celtas, que previram na organização democrática do clã irlandês a mais perfeita organização da sociedade livre do futuro.
A Questão Vital
Qualquer que seja a verdadeira interpretação da história irlandesa, pelo menos uma coisa se destaca clara e inegavelmente: que o conflito entre os sistemas rivais de propriedade da terra era o pivô em torno do qual se centravam todas as lutas e rebeliões dos quais a história tem sido tão prolífica. Os irlandeses encaravam com hostilidade inveterada seus governantes ingleses, a todo tempo deram pouca importância às promessas de incorporação dentro dos limites da constituição, e se levantavam com entusiasmo sob seus respectivos chefes, porque eles viam esta como a questão mais importante, porque aos seus olhos o domínio inglês e os parlamentos de Dublin eram ambos identificados como os introdutores e apoiadores do sistema de feudalismo e de propriedade privada da terra, como oposto ao sistema céltico de clã ou de propriedade comum, que eles viam, e, penso eu, corretamente, como o garantia simultânea da sua liberdade política e social.
O Governo Inglês também foi astuto o suficiente para perceber que a subjugação política ou nacional da Irlanda era totalmente sem valor para os conquistadores enquanto a nação politicamente subjugada permanecesse em posse da liberdade econômica. Consequentemente, vemos que a primeira estipulação feita para a tribo irlandesa após a sua submissão sempre ditou que as terras da tribo deveria ser vistas como a propriedade privada do chefe; que ele então aceitaria elas como uma doação da coroa, a qual ele deveria no futuro manter; que ele deveria abandonar seu título irlandês, que proclamava-o chefe livremente eleito de uma comunidade livre, e deveria em vez disso aceitar o título inglês, como duque ou conde, e em todas as coisas conformar-se com as ideias inglesas de civilização e ordem social. Todas essas estipulações eram em todo caso repugnantes para as ideias irlandesas. O chefe, como Mill corretamente observou, era somente o membro administrador da associação tribal, apesar de no estresse da guerra constante eles normalmente limitavam sua escolha aos membros de uma ou duas famílias; mesmo assim o direito de eleição nunca foi abdicado pelos homens da tribo. Quando as seduções do ouro inglês sobrepunham o patriotismo de um chefe irlandês, e lograva em induzir a aceitação do sistema de propriedade alienígena e o título alienígena (como no caso de Art O'Neil e Nial Garbh O'Donnel, o O'Reilly da Rainha e o Maguire da Rainha), eles imediatamente elegiam outro chefe em seu lugar; e daquele momento em diante o infeliz renegado se tornava um criminoso para seu próprio povo, e poderia somente aparecer no seu território nativo sob a escolta de lanças inglesas.
O Sistema de Septos
O sistema irlandês estava então em sintonia com aquelas concepções de direitos e deveres sociais que nós vemos as classes dominantes hoje denunciando tão ferozmente como "Socialistas". Era aparentemente inspirado pelo princípio democrático que a propriedade deveria servir ao povo, e não pelo princípio tão universalmente utilizado no presente: que o povo não tem outra função do que ser escravizado por aqueles que pela força ou pela fraude conseguiram dotar eles mesmos de propriedade. Eles não, de fato, viam todas as formas de propriedade produtiva como justamente pertencentes à comunidade; mas quando lembramos que somente a terra era importante naquele tempo, e que todas as outras formas de propriedade eram insignificantes em comparação, vemos que eles eram tão Socialistas quanto o desenvolvimento industrial do seu tempo pedia. A civilização inglesa contra a qual eles lutaram era por outro lado, profundamente individualista; e, como ela triunfou, colhemos hoje os frutos nas disputas industriais, nas depressões agrícolas, nos asilos, e todas as outras gloriosas instituições da Igreja e do Estado que somos permitidos o luxo de desfrutar em comum com nossos compatriotas nesta "parte integral do Império Britânico". Os resultados da mudança na vida nacional da Irlanda foram bem ilustrados nas palavras desdenhosas nas quais Aubrey De Vere apostrofisa a "nova raça" de exploradores que então surgiu:
Os chefes da Gael eram o povo encarnado;
Os chefes a flor, a raiz o povo.
Seus conquistadores, os normandos, de sangue nobre e venerado,
Se tornaram irlandeses por fim do pé ao topo;
E vocês, vocês são mercenários e burocratas, não aristocratas —
Seus escravos os detestam, seus mestres são desprezados;
O rio segue em frente, mas as bolhas brilhosas
Passam rápido, para as cachoeiras sempre renovadas.
A Luta Nacional
A dissolução da Confederação Kilkenny em 1649, e a subsequente dispersão dos clãs irlandeses, foram a causa imediata daquela confusão de pensamento e aparente falta de objetivo que até os nossos dias caracterizam toda a política irlandesa moderna. Deprivada de qualquer forma de organização política ou social que possa servir como uma base efetiva para a sua realização prática, a demanda da propriedade comum da terra naturalmente caiu em suspensão até que a conquista de alguma forma de liberdade política permitiria os irlandeses despossuídos substituir a associação tribal perdida pela concepção mais profunda e larga de uma nação irlandesa como o repositório natural e a guardiã do patrimônio do povo. Mas quando o processo de fusão da subjugação comum fundiu mais uma vez os elementos heterogêneos da sociedade irlandesa em uma nacionalidade compacta foi descoberto que durante o período de intervenção uma nova classe tinha surgindo na terra — uma classe que, enquanto professadamente ultra-nacionalista nos seus objetivos políticos, mesmo assim compôs com o inimigo ao aceitar o sistema social alienígena, com suas manifestações acompanhantes, a despossessão legal e a dependência econômica da vasta massa do povo irlandês, como parte da ordem natural da sociedade.
A Burguesia Nascente
A classe média irlandesa, que então pela virtude da sua posição social e educação se colocaram na vanguarda como líderes patriotas irlandeses, devem ao seu status único na vida política a duas causas inteiramente distintas e aparentemente antagonistas. Sua riqueza que eles derivaram da maneira da qual eles conseguiram conquistar um lugar na vida comercial do "inimigo saxão", assimilando suas ideias e adotando seus métodos, até que comumente mostram ser a mais brutal das duas raças em levar até os limites os seus poderes de exploração. Sua influência política deriva da sua prontidão a todo tempo de tagarelar sobre a causa da nacionalidade irlandesa, que na sua fraseologia significa simplesmente transferir o assento do governo de Londres para Dublin, e a consequente transferência para os bolsos dos seus parentes de uma porção das taxas legislativas e ganhos judiciais então, no presente, gastos entre londrinos. Com tais homens no leme não é surpresa que os partidos patrióticos da Irlanda sempre terminaram suas aventuras em desastres. Começando por aceitar um sistema social abominável para as melhores tradições do povo celta, eles então abandonaram como impossível a realização da independência nacional. No primeiro ato eles deram seu selo de aprovação a um sistema baseado no roubo dos seus compatriotas, e no segundo eles ligaram os destinos do seu país com o destino de um Império, do qual somente na humilhação dos seus governantes corsários está a única chance do povo irlandês de redenção nacional e social.
Como compensação desta grande traição, os políticos de classe média oferecem — Autogoverno. Analisar exatamente o que o Autogoverno daria à Irlanda é uma tarefa difícil, já que cada um interpreta a "coisa" de sua própria forma e de acordo com sua própria inclinação peculiar. Talvez o jeito mais seguro, e de qualquer forma o menos aberto a objeções, será ver como Autogoverno a Lei introduzida pelo Sr. Gladstone. Como este projeto representa o apogeu que a proeza estadista de Mr. Parnell, com uma sólida falange de oitenta e seis membros atrás dele, poderia arrancar do medo ou gratidão do Liberalismo inglês, é certamente seguro o suficiente assumir que nenhum outro órgão meramente político da Irlanda poderá melhorar essa concessão em aliança com quaisquer das duas facções que defendem os interesses da classe proprietária inglesa. O Autogoverno propõe estabelecer na Irlanda um legislativo doméstico que seria cuidadosamente destituído de todos aqueles poderes e atributos que por consentimento mútuo de povos civilizados são vistos como propriamente pertencendo à esfera e funções de governo; isso seria não ter nenhum poder em controlar a diplomacia, a correspondência, o comércio, os telégrafos, a cunhagem, impostos e taxas, pesos e medidas, direitos de propriedade e patentes, sucessão da Coroa, ou exército, marinha, milícia ou voluntários.
Autogoverno — Seu Significado
O único resultado concebível de tal estado de coisas teria sido criar na Irlanda um órgão de carreiristas e oficiais do Governo, quem, seguros de desfrutar de um bom salário, sempre agiriam como uma barreira entre o povo e seus opressores. Como um método onde o legislatura inglesa seria aliviada de alguns dos seus deveres em casa, e então estaria mais livre para prosseguir com sua política de saque e agressão no exterior, isto deve ter deliciado os corações dos políticos Jingo. Eles eram cabeças-ocas demais para ver que sua oportunidade é uma misericórdia pela qual democratas irlandeses de visão larga nunca estarão suficientemente agradecidos.
A segunda Lei de Autogoverno era levemente mais democrática do que a primeira, então o Governo não fez nenhum esforço para passá-la na Câmara Alta. O Partido Liberal Inglês — o partido político mais traíra na Europa — sempre teve dois dispositivos favoritos para destruir propostas de reforma irritantes. O primeiro: difamação inescrupulosa e oposição; o segundo: aceitação teórica do princípio da reforma, mas postergação indefinida da sua realização prática, continuada por um pretexto ou outro, até que os corações dos reformadores estejam quebrados e suas organizações destruídas. O primeiro foi derrotado pela genialidade de Parnell; quão bem o segundo método obteve sucesso que testemunhe o presente caos político da Irlanda.
Percebendo que, por seus próprios méritos, o Autogoverno é simplesmente uma provocação das aspirações nacionais irlandesas, nossa classe média instigou na opinião pública a crença de que o advento do Autogoverno significaria a criação imediata de manufaturas e a abertura de minas, etc., por toda parte da Irlanda. Isto parece para eles o ideal mais alto possível — uma sociedade irlandesa composta de empregadores fazendo fortunas e trabalhadores gastando suas vidas por um salário semanal. Mas, para dizer o menos, os homens que falam desta maneira devem ser ou deploravelmente ignorantes das condições da indústria moderna, ou então, por alguma razão particular própria, estão propositalmente enganando aqueles que acreditam neles. Para criar uma indústria com sucesso hoje em qualquer país é preciso pelo menos duas coisas, nenhuma das quais a Irlanda possui, e uma das quais ela não pode nunca possuir. A primeira é a posse dos meios para comprar maquinário e matéria-prima para equipar suas fábricas, e o segundo é clientes para comprar os produtos quando eles são manufaturados. Agora, vemos que a Inglaterra, que deu a largada na manufatura antes de qualquer outra nação, que vem estendendo seu comércio e aperfeiçoando seu maquinário por pelo menos cento e cinquenta anos, que criou uma nação de artesãos altamente qualificados, adeptos em todas as formas de conquistas industriais — a Inglaterra, o país mais rico no mundo, trouxe suas indústrias a tal nível de perfeição mecânica que seus clientes não podem manter ela funcionando. Ela pode suprir bens de todo tipo muito mais rápido do que o mundo é capaz de comprar e consumir, e como consequência direta deste vasto poder de produção ela é compelida de poucos em poucos anos a parar parcial ou totalmente seu maquinário e fechar suas fábricas, a despedir seus súditos artesãos, e compelir eles a perambular em ócio forçado e passando fome até o momento que os bens que eles produziram são comprados e consumidos por outras pessoas — os clientes.
Mercados Limitados
Pense nisso, e lembre também que Alemanha, França, Itália, Bélgica, Áustria, Rússia, cada estado no continente da Europa e América, Índia, China e Japão, todos estão entrando nessa luta; que cada um deles está lutando duramente, não só para prover o que antes tinham dependido da Inglaterra para prover, mas também para tirar a Inglaterra dos mercados do mundo. Lembre que para todos esses países é uma grande dificuldade encontrar clientes, que a mais velha firma no mercado — a ver, o Império Britânico — vê que seus clientes não podem manter suas máquinas e fábricas rodando. Lembre de tudo isso, e então me diga como a pobre Irlanda, exausta e sugada do seu sangue por todos os poros, com uma população quase totalmente agrícola e desacostumada a empreendimentos mecânicos, deve criar novas fábricas, e onde ela deve encontrar os clientes para mantê-las funcionando. Ela não pode criar novos mercados. Este mundo é limitado afinal, e as nações da Europa estão forçando seu caminho nos seus cantos remotos tão rápido que, em poucos anos, o mundo inteiro estará exausto como mercado para seus artigos.
Fábricas "Sweatshop"
Vá para as cidades fabris, para os centros de construção de navios, para as minas de carvão, para os Sindicatos, ou para a Bolsa de Valores da Inglaterra, o continente da Europa ou América, e em todo lugar você ouvirá a mesma coisa: "A oferta de artigos de algodão e linho, de ferro, de carvão e de navios de todo tipo, está excedendo a demanda; nós devemos trabalhar menos horas, nós devemos reduzir os salários dos trabalhadores, nós devemos fechar nossas fábricas — não há clientes o suficiente para manter nossas máquinas funcionando." Frente a tais fatos o patriota irlandês consciente descartará esse discurso e reconhecerá livremente que é impossível para a Irlanda fazer o que aqueles outros países não podem fazer, com suas vantagens maiores, ou seja, ganhar prosperidade ao criar um sistema manufatureiro em um mercado mundial já inchado com todo tipo concebível de mercadoria. Também é bom lembrar que mesmo sob as circunstâncias mais favoráveis, mesmo se por algum milagre, nós pudéssemos cobrir os campos verdes da Irlanda com grandes, horrorosas fábricas, com chaminés cuspindo fumaça venenosa e cobrindo a ilha com uma desolação cinzenta — mesmo então nós descobriríamos rapidamente que sob as condições nascidas do sistema capitalista nossa única esperança de nos manter de pé como uma nação manufatureira dependeria da nossa habilidade para trabalhar mais e melhor por um salário menor do que as outras nações da Europa, para que nossa classe média possa ter a oportunidade de vender seus produtos a um preço menor do que seus competidores. Isto é equivalente a dizer que nossa chance de fazer a Irlanda um país manufatureiro depende de nós nos tornarmos os mais baixos enganadores na Europa. Mesmo então os esforços estariam condenados a falhar, já que o advento do homem amarelo na arena competitiva, o desenvolvimento súbito do sistema capitalista na China e no Japão, tornou para sempre impossível o nascimento de outra nação industrial na Europa
Mas, nos dizem alguns de nossos líderes, "se nós não pudermos competir com outros países no mercado mundial, nós podemos pelo menos produzir para nós mesmos". Sob nenhuma circunstância nós podemos fazer isso sem nos trazer desastres tão grandes quanto aqueles que desejamos escapar. Com vantagens maiores e mais experiência no campo do que possuímos, os capitalistas de outros países podem facilmente bater nossos produtos, mesmo no mercado local, e e para dar nossas manufaturas uma chance adotássemos proteções (impossível sob o Autogoverno), o resultado seria o aumento imediato dos preços de todo tipo de artigos enquanto ninguém se beneficiaria com excessão de alguns capitalistas pelo bem dos quais nossos trabalhadores irlandeses estariam trabalhando mais e melhor e pagando preços maiores do que antes.
Novamente, é dito que nós não precisamos criar indústrias ou tentar fazê-lo, mas podemos pelo menos criar o camponês proprietário, e fazer cada homem o dono da sua fazenda, deixe cada homem viver, se não da sua própria vinha e figueira, pelo menos das suas batatas. Em primeiro lugar, considero tal ato ser, mesmo se praticável, de uma justiça muito questionável. Fazer a terra de um país a propriedade de uma classe é para minha cabeça igualmente injusto, seja esta classe contada em centenas ou em milhares. A terra de um país pertence por direito ao povo daquele país, e não a uma classe particular, nem mesmo para uma única geração do povo. A propriedade privada da terra pela classe de senhores de terra é uma injustiça para toda a comunidade, mas a criação da propriedade camponesa só tenderia a estereotipar e consagrar aquela injustiça, já que ela deixaria fora da conta toda a classe trabalhadora assim como os milhões despossuídos de antigos posseiros quem o senhor de terra tinha expulsado para as cidades irlandesas ou para o mar.
Nacionalização da Terra
É, obviamente, impossível reestabelecer o povo irlandês nas terras das quais ele foi expulso, mas este fato só acentua a demanda pela nacionalização da terra nas mãos do Estado irlandês. Deixando este fato de lado, contudo, nossos advogados do camponês proprietário realmente consideraram as tendências econômicas da época, e o desenvolvimento das artes mecânicas no mundo agrícola? O mundo é progressista, e o camponês proprietário, que cem anos atrás poderia ser uma benção, agora seria incapaz de salvar da ruína a agricultura da Irlanda. O tempo dos pequenos fazendeiros, assim como dos pequenos capitalistas, já passou, e onde quer que eles ainda se encontram eles veem ser impossível competir com as máquinas melhoradas e as fazendas colossais da América e da Austrália. Enquanto cada fazenda irlandesa é levada a sustentar seus trabalhadores agrícolas por todos os 365 dias do ano, o fazendeiro capitalista dos Estados Unidos contrata suas "mãos" às centenas para operações de colheita, e as despede imediatamente após a sua conclusão, então reduzindo a um quarto os salários anuais dos seus trabalhadores.
Ciência na Agricultura
Como devem nossos pequenos fazendeiros competir com o estado das coisas como está, ou como revela o relatório da Associação Americana de Ciências Sociais, até 1878? Ele mostra como a ciência e a invenção, após devotar tanto tempo à indústria, agora se viram para a agricultura, e como resultado tem feito quase uma revolução naquele ramo da atividade humana. Arados que, puxados a cavalo, aram mais de cinco acres por dia, ou a extensão de várias fazendas irlandesas, e arados a vapor que fazem muito mais; máquinas para semear, com as quais um garoto e um cavalo podem fazer três vezes o trabalho de um homem, e muito melhor; máquinas de colheita, com as quais um homem com um ou dois pares de cavalos pode fazer o trabalho de pelo menos sessenta homens com foices; máquinas de colheita que não somente colhem, mas também amarram, agora são tão comuns na Inglaterra e na América que não chamam a atenção, e sabemos com autoridade de máquinas que cortam, esmagam, separam e ensacam, sem a intervenção de qualquer outra mão humana sem ser aquela do engenheiro que atende à maquina. Cortando o milho um homem ou um garoto, com um cavalo e uma máquina, pode fazer o trabalho de vinte homens cortando um acre por hora.
Tudo isso, que seja lembrado, só é possível para o fazendeiro que possui milhares de acres. O primeiro custo de qualquer uma dessas máquinas seria o suficiente para arruinar o pequeno fazendeiro médio da Irlanda, e o resultado seria que enquanto ele está trabalhando penosamente na sua fazenda o competidor americano pode pegar sua colheita, enviá-la por trem por milhares de quilômetros, carregá-la em navios, mandá-la através do Atlântico, e eventualmente vendê-la praticamente em nossas portas tão barato quanto, e mais barato que, nossa produção doméstica. A competição da carne de boi e ovelha congelada da Nova Zelândia já causou males incalculáveis no comércio de gado irlandês, e nos últimos meses recebemos informações privadas de um contrato assinado com a Companhia de Vapor Peninsular e Oriental para transportar manteiga dos enormes ranchos de gado da Austrália para qualquer porto da Grã-Bretanha e Irlanda a um preço que promete arruinar as fazendas de leite desses países. Enquanto, portanto, para evitar mesmo a aparência de injustiça, nós devemos respeitar rigidamente aqueles "direito de propriedade" na terra que nossos fazendeiros camponeses adquiriram por compra, nós devemos reconhecer que o camponês proprietário em si não oferece nenhuma esperança de uma vida livre e tranquila — mesmo para o camponês proprietário.
Efeitos da Conquista
Antes de poder prever o futuro nós devemos compreender o presente e trazer um justo senso de proporção para nossa revisão da história do passado. Quais são, então, as condições que governam a vida na Irlanda hoje, e do que essas condições resultam? De acordo com as mais eminentes autoridades que já lidaram com o assunto o solo da Irlanda é capaz de sustentar uma população várias vezes maior do que ela já teve sobre sua superfície, ainda assim a Irlanda está em um estado de fome crônica. Cada navio que deixa nossos portos está lotado com a colheita para consumo humano, enquanto o povo que as fortes mãos colheram esse produto lamentam em miséria e necessidade, ou voam para longe desta terra fértil como se fosse a areia árida de um deserto. A classe dos senhores de terra, enfatuada com aquela loucura que sempre precede a destruição, empurra seus aluguéis até o limite sempre que eles podem subornar ou coagir um legislativo e executivo demasiado complacente a apoiar eles nos seus desditos. O fazendeiro capitalista, colocado contra a parede pelo estresse da competição, busca em vão manter sua posição na vida lutando incessantemente com o senhor do solo por um lado, e oprimindo brutalmente o trabalho pelo outro, o pequeno fazendeiro, desprovido totalmente de esperança para o futuro, cai desesperadamente em um estado social de miséria no qual nenhuma terra selvagem pode fornecer um paralelo; o trabalhador agrícola, com seus companheiros na cidade, leva sua força, sua inteligência, suas capacidades físicas e intelectuais ao mercado, e oferece elas a semelhantes mais ricos, para ser explorado em troca de um salário de fome. Por todos os lados a anarquia e a opressão reinam supremas, até que um pode questionar vagamente se mesmo os mais ortodoxos entre nós estão tentados a ecoar o dito do espanhol Don Juan Aguila após a batalha de Kinsale: "Certamente Cristo nunca morreu por este povo!"
O Uso do Solo
Estas são as condições sob as quais a vida é levada na Irlanda hoje. De onde nascem essas condições? Há duas coisas necessárias para a manutenção da vida na Irlanda, como em qualquer outro país. Elas são terra e trabalho. Possuindo estes dois essenciais, a raça humana tem ao seu comando todos os fatores necessários para o bem-estar da espécie. Da terra o trabalho extrai toda a sua comida e riqueza mineral com a qual ele constrói e adorna suas habitações e prepara suas roupas. Então a posse do solo é por todo lugar o primeiro requisito da vida. Tomando isto como uma proposição demasiado auto-evidente para necessiar demonstração elaborada, chegamos de vez à conclusão de que visto que o solo é tão necessário para nossa existência o primeiro cuidado de toda comunidade bem-regulada deve ser preservar o uso daquele solo, e o direito para desfrutar livremente dos seus frutos, para cada membro da comunidade, presente ou futura, nascido ou não.
Produção para Uso
No momento em que a terra de um país sai do cuidado da comunidade como um monopólio público, e de ser a propriedade comum de todo povo se torna a propriedade privada dos indivíduos, marca o início da escravidão para aquele povo e da opressão para aquele país. Com a terra tomada como propriedade de indivíduos se criam imediatamente duas classes antagonistas na sociedade — uma possuindo a terra e demandando da outra a renda para permitir viver sobre ela, e a outra forçada pelo aumento constante dos seus próprios números a oferecer parcelas cada vez maiores do produto do seu trabalho como tributo para a primeira classe, que então se tornam mestres das vidas dos seus compatriotas. Com a terra sendo propriedade comum do povo uma colheita abundante seria ansiosamente bem-recebida como uma adição à riqueza da comunidade, garantindo os desejos de cada um dos seus membros. Com a terra sendo propriedade privada uma colheita abundante deve ser vendida para satisfazer as vontades do dono do solo, e enquanto ele enche seus bolsos com o resultado da venda o produto dos seus posseiros, as famílias que colheram-a podem estar definhando em necessidades.
Como um crime leva a outro, também um erro econômico invariavelmente traz em seu caminho uma série de erros, cada um mais prenhe de desastre do que o primeiro. Quando a produção de comida para usufruto público foi abandonada em favor da produção agrícola para venda privada e lucro particular, era quase inevitável que a produção de quase todas as outras necessidades da vida fossem sujeitas às mesmas condições. Então vemos que comida, roupas, casas e móveis não são produzidos para que as pessoas possam ser alimentadas, vestidas, abrigadas e feitas confortáveis, mas sim para que a classe que obteve a propriedade da terra, máquinas, oficinas e armazéns necessários para a produção deses essenciais possa viver confortavelmente às custas dos seus semelhantes. Se o senhor de terra e a classe empregadora pensam que eles podem obter renda e lucro ao permitir que o povo seja alimentado, vestido ou abrigado, então ao último isto é permitido fazer isso sob a direção do primeiro — quando, onde e como os seus mestres desejarem. Se, pelo contrário, eles pensarem que pagará melhor recusar esse direito (como eles fazem em cada despejo, greve ou locaute), então eles recusam aquela permissão, e seus compatriotas seguem com fome, suas crianças passando necessidades na frente dos seus olhos, e suas mulheres e mães lamentando na miséria e pobreza onde seus antepassados chamaram a "Ilha dos Abençoados".
Força de Trabalho
Pela operação de certas causas histórias os trabalhadores foram privados de tudo pelo qual lhes seria possível manter a vida e então são compelidos a buscar seu ganha-pão pela venda de sua capacidade para trabalhar, sua força de trabalho. O trabalhador então vê que a condição mais essencial que ele deve cumprir para que possua sua vida é vender parte daquela vida a serviço e pelo lucro de outro. Se ele a vende por hora, dia, semana, ou mês é irrelevante — ele deve vendê-la ou passar fome.
Agora, o trabalhador é somente um ser humano, com todos os poderes e capacidades de um ser humano consigo, assim como é um senhor de terras, um capitalista, ou qualquer outro ornamento da sociedade. Mas quando ele aborda o capitalista para completar aquela barganha, que é a venda da sua vida parcelada para que ele possa desfrutar dela como um todo, ele vê que ele deve cuidadosamente se despir de toda pretensão de ser considerado um ser humano, e se oferecer no mercado sujeito à mesma lei que governa a compra ou venda de qual mercadoria inanimada, inerte, como um par de botas, um chapéu de palha ou uma sobrecasaca. Isto é dizer, o preço que ele recebera por sua venda parcelada de si mesmo dependerá de quanto mais foram compelidos pela fome a fazer a mesma barganha horrível.
Sem Diferença
Em situação parecida está o fazendeiro buscando alugar uma fazendo no mercado livre. Cada competidor busca vencer o outro, até que o aluguel é usualmente fixado de forma desproporcional ao preço que será obtido no futuro com o produto da fazenda alugada. O agricultor vê que em anos de bonança universal, quando pelo mundo a terra dá seus frutos em profusão, o excesso de oferta sobre demanda efetiva opera para abaixar o preço da produção da sua fazenda, até que ela mal paga seu trabalho em consegui-la, e em tempos de escassez, quando um bom preço pode ser obtido, ele tem pouco a vender, seus clientes não tem com o que comprar, e o senhor de terras ou o prestamista são incansáveis como sempre em suas cobranças.
Como remédio para tal série de males o Autogoverno se mostra um flagrante absurdo. O partidários do Autogoverno ou ignoram toda a questão ou dedicam sua atenção a tentativas vãs de remendar o sistema com projetos de reformar que dia a dia tendem a ser cada vez mais desacreditados. O posseiro que busca no Tribunal da Terra uma avaliação jurídica da sua propriedade vê que frente a queda constante dos preços agrícolas (ajudada pelas taxas ferroviárias preferenciais em favor do produto estrangeiro) o aluguel "justo" de um ano se torna insuportável em outro, e o posseiro que se serve das cláusulas de compra da Lei de Terra vê que ele só escapou da tirania pessoal do senhor de terras para ter seu sangue sugado pelo poder impessoal do prestamista.
Uma República Socialista
Confrontado com tais fatos, o honesto trabalhador irlandês se transtorna e junta sua voz àquela do Nacionalista inflexível buscando na defesa de uma República Socialista Irlandesa a pista para o quebra-cabeça labiríntico das condições econômicas modernas. O problema é grave e difícil, por conta ignorância geral das suas condições de controle e por conta da multiplicidade de interesse ocultos que devem ser atacados e derrotados a cada passo a frente na sua solução. A solução aqui colocada não é então garantida ser absolutamente perfeita em todos os seus detalhes, mas somente para fornecer um esboço de um projeto de reforma por meio do qual o terreno seja preparado para aquela mudança revolucionária na estrutura da sociedade que só pode estabelecer uma aproximação para um sistema social idealmente justo.
A agricultura da Irlanda não pode mais competir com os fazendeiros cientificamente equipados da América, então a única esperança que resta agora é abandonar a competição como um todo como regra de vida, organizar a agricultura como um serviço público sob o controle de conselhos do governo eleitos pela população agrícola (não mais composta de fazendeiros e trabalhadores, mas de cidadãos livres com responsabilidade igual e honra igual), e responsável frente a eles e frente a nação como um todo, e com todo o auxílio mecânico e científico para agricultura que os recursos da nação possam colocar a disposição. Que o produto do solo irlandês primeiro alimente o povo irlandês, e depois que um estoque suficiente seja retido para garantir isso, que o excedente seja trocando com outros países em troca daqueles artigos manufatuados que a Irlanda precisa mas não produz ela mesma.
Então nós aboliremos de um só golpe o mal da competição estrangeira e tornar perfeitamente inútil qualquer tentativa de criar um inferno industrial na Irlanda sob o falacioso pretexto de "desenvolver nossos recursos".
Aplicar à manufatura o mesmo princípio social, deixar que a organização cooperativa dos trabalhadores substitua a guerra de classes sob o capitalismo e transformar o capitalismo em si de um caçador irresponsável de lucros em um servidor público cumprindo uma função pública sob controle público. Reconhecer o direito de todos a uma oportunidade igual para desenvolver ao máximo todas as suas forças e capacidades inerentes a eles ao garantir para todos os nossos homens e mulheres, fracos e fortes, simples e espertos, honestos e inescrupulosos, a vida humana mais completa, livre, e abundande que a sociedade inteligentemente organizada pode conferir aos seus membros.
Separação Completa
"Mas", você dirá, "isto significa uma República Socialista; isto é subversivo para todas as instituições sobre as quais o Império Britânico é baseado — isto não pode ser realizado sem independência nacional." Bem, eu confio que ninguém me acusará de um desejo de alimentar o fogo apagado do ódio nacional quando eu coloco como minha convicção deliberada e consciente que a democracia irlandesa deve lutar consistentemente pela separação do seu país da coleira que liga seus destinos aos da Coroa Britânica. Os interesses do Trabalho por todo o mundo são idênticos, é verdade, mas também é verdade que cada país deve operar sua própria salvação pelos caminhos mais congênitos do seu próprio povo.
As características nacionais e raciais dos povos inglês e irlandês são diferentes, sua história política e tradições são antagônicas, o desenvolvimento econômico de um não está de acordo com o outro, e, finalmente, apesar de eles estarem em contato próximo há setecentos anos, ainda o irlandês celta é hoje um problema tão insolúvel, mesmo para o inglês mais amigável, como no dia que os dois países foram unidos no maldito casamento. Nenhum revolucionário irlandês de valor recusaria auxiliar a Social Democracia da Inglaterra no esforço para derrubar o sistema social em que o Imprério Britânico é a coroa e o ápice, e de maneira parecida nenhum Social Democrata inglês falha em reconhecer claramente que a crise que seguiria a queda das classes dominantes na Irlanda iria tocar o sino para a revolta dos despossuídos na Inglaterra.(1)
Quem é o Povo?
Mas a quem pertence a tarefa de conquistar a derrubada das classes dominantes na Irlanda? Ao povo irlandês. Mas quem é o povo irlandês? É o caça-dividendos capitalista com a fraseologia do patriotismo em seus lábios e com os espólios arrancados do suor de trabalhadores irlandeses no seus bolsos; é o advogado traiçoeiro — a mais imoral das classes; é dono das pensões que denuncia o aumento dos aluguéis no campo e o pratica nas cidades; é qualquer uma destas seções que hoje dominam a política irlandesa? Ou é em seu lugar a classe trabalhadora irlandesa — a única base segura sobre a qual uma nação livre pode ser erguida — a classe trabalhadora irlandesa que suportou o choque de cada luta política, e não ganhou nada com elas, e é hoje a única classe na Irlanda que não tem nenhum interesse em servir para perpetuar a forma política ou social da opressão — a conexão britânica ou o sistema capitalista? A classe trabalhadora irlandesa deve emancipar a si mesmo, e ao emancipar-se ela deve, por força, libertar seu país. O ato de emancipação social requer a conversão da terra e dos instrumentos de produção de propriedade privada em propriedade pública ou comum de toda a nação. Isto necessita um sistema social da mais absoluta democracia, e para estabelecer este necessário sistema social a classe trabalhadora deve lutar contra qualquer forma de governo que possa interferir no controle total do povo da Irlanda de todos os recursos do seu país.
Na classe trabalhadora da Irlanda, por tanto, recaí a tarefa de conquistar a representação política para sua classe como um passo preliminar em direção à conquista do poder político. Esta tarefa só pode ser seguramente encarada por homens e mulheres que reconhecem que a primeira ação de um exército revolucionário deve harmonizar em princípio com aquelas prováveis de serem as últimas, e assim, portanto, nenhum revolucionário pode tranquilamente pedir a cooperação de homens ou classes, cujos ideiais não são os deles, e quem, portanto, eles podem ser compelidos a lutar em algum estágio futuro crítico da jornada para a liberdade. Nesta categoria recai cada seção da classe proprietária, e cada indivíduo destas classes que acredita na retidão da sua posição de classe. A liberdade da classe trabalhadora deve ser o trabalho da classe trabalhadora. E que seja lembrado que a timidez nos escravos encoraja a audácia no tirano, mas a virilidade e coragem dos revolucionários sempre amedronta o próprio opressor a esconder sua náusea sob o manto da reforma. E então lembrando, lutar pela sua classe em cada ponto.(2)
Redução da Jornada de Trabalho
Nosso povo está voando para os mais longínquos cantos da terra; buscando retê-los no país ao reduzir as horas de trabalho sempre que for possível e apoiando cada demanda por restrição legislativa. As ferrovias irlandesas empregam milhares de homens, cujas horas de trabalho possuem uma média de doze por dia. Se elas fossem restringidas a quarenta e oito horas por semana, emprego seria garantido para milhares de irlandeses que no presente são exilados da sua terra nativa. Apelar para que cada delegado irlandês apoie uma Lei de Oito Horas para as ferrovias; se ele recusar você deve saber que ele considera os lucros mais sagrados do que patriotismo, e sacrificaria seu país no altar da ganância. Nossas prefeituras irlandesas e outros órgãos públicos controlados por voto popular empregam também muitos milhares de homens. Quais são suas horas de trabalho? Em média dez, e seus salários são levemente acima de um salário de fome. Insistir para que as corporações irlandesas estabelecam um dia de trabalho de oito horas em todos os seus trabalhos. Eles ao menos não necessitam temer competição estrangeira. Se você não tem votos na corporação você pode ao menos ajudar a expulsar da plataforma política cada auto-proclamado patriota que recusa efetuar este ato de justiça. Cada corporação irlandesa que recusar instituir um dia de trabalho de oito horas com um salário decente para seus empregados virtualmente entrou em conspiração com o Governo Britânico para expatriar o povo irlandês, em vez de pagar meio penny por libra nos impostos. Em todas as nossas cidades as crianças da classe trabalhadora estão morrendo antes do tempo por falta de alimentação nutritiva. Enquanto nossas prefeituras e trustes públicos providenciam água para o povo sem pedir pagamento direto e cobrando o custo sobre os impostos, que eles forneçam também café da manhã, jantar e lanches gratuitos para as crianças que lá estão, e pagar por isso da mesma forma. Não importa qual seja o caráter moral dos pais, salvemos ao menos as crianças inocentes da nossa raça da degeneração física e mental, e salvar nossos professores da tarefa impossível de forçar a educação em uma criança cujo cérebro está enfraquecido pela inanição do seu corpo. Como próximo passo na organização, que as corporações e órgãos públicos por todo o país criem depósitos para fornecer pão e todas as necessidades de vida para o povo, a preço de custo e sem a intervenção do intermediário. Para salvar nossos fazendeiros em dificuldades do sangramento brutal do nosso sistema bancário e prestamistas em geral, que nossos representantes no parlamento forçem a abolição legislativa das nossas atuais casas bancárias e a supressão de todas as formas de comércio de juros, e criar no lugar instituições bancárias estatais, com quadros de diretores eleitos popularmente, concedendo empréstimos a taxas de juro tão baixas quanto consistente com a razão econômica.
Quando, em adição as reformas atuais, nós demandamos a abolição do nosso odioso sistema de asilos, e a imposição de um imposto de renda pesado e fortemente ascendente em todos os vencimentos superiores a £400 por ano, para fornecer pensões confortáveis para os idosos, enfermos, viúvas e órfãos, nós levantaremos um novo espírito no povo; nós basearemos nosso movimento revolucionário em uma correta apreciação das necessidades do momento, assim como sobre os princípios vitais da justiça econômica e da nacionalidade inflexível; nós teremos, como o verdadeiro revolucionário deve sempre fazer, chamado para ação ao nosso lado a soma de todas as forças e fatores de descontentamento social e político. Pelo uso da cédula revolucionária nós faremos o próprio ar da Irlanda tão repleto de "traição"", quanto preenchido com o espírito da revolta, como é hoje com o ângulo do compromisso e o pecado mortal do servilismo; e então nós prepararemos um terreno substancial para ação mais efetiva no futuro, enquanto para aqueles que devemos remover na nossa marcha adiante, o apelo da nossa fé na Revolução Social transmitirá a certeza que se nós esmagarmos suas empresas lucrativas hoje, ainda quando o sol da nossa liberdade nasce, se eles tiverem servido como companheiros leais na hora da luta, eles e seus filhos e os filhos dos seus filhos estarão salvos da necessidade e da privação para sempre, pela garantia mais segura que o homem já recebeu, a garantia apoiada por toda a gratidão, os corações leais, as inteligências e a indústria do povo irlandês, sob a República Socialista Irlandesa.