"Os grandes só nos parecem grandes porque estamos de joelhos: LEVANTEMOS-NOS!"
Caros Trabalhadores,
Os súditos leais de Vitória, Rainha da Grã-Bretanha e da Irlanda, Imperadora da Índia, etc., celebram este ano o reinado mais longo já registrado. O ar já está recheado de rumores dos preparativos para uma grande fabricação de falsas 'festas populares" nesta gloriosa (?) comemoração.
Oradores do Autogoverno e Prefeitos Nacionalistas, políticos Whig e jornalistas parnelistas(1), emprestaram até agora seu prestígio e influência para tentar aumentar o interesse público nos detalhes asquerosos desta Festa do Servilismo. Está na hora então que algum partido organizado na Irlanda — outro além daqueles que, ao falar de Patriotismo, querem dizer Compromisso e, quando falam de Liberdade, significam Dividendos Elevados — fale brava e honestamente os sentimentos despertos no peito de cada amante da liberdade por esta farsa fantasmagórica sendo encenada diante de nossos olhos. Então, o Partido Republicano Socialista Irlandês — que, desde sua concepção, nunca hesitou em proclamar sua hostilidade inabalável à Coroa Britânica, e à ordem política e social da qual, nestas ilhas, a Coroa é nada mais que o símbolo — toma esta oportunidade para atacar todos os elegantes palhaços que rastejam no altar da realeza com o desprezo e o ódio da Democracia Revolucionária Irlandesa. Nós, pelo menos, não somos homens leais; confessamos ter mais respeito e sentir mais honra pela criança mais miserável do trabalhador mais pobre na Irlanda hoje do que por qualquer um, mesmo os mais virtuosos, descendentes da longa linhagem de assassinos, adúlteros e loucos que sentaram no trono da Inglaterra.
Durante este glorioso reinado a Irlanda viu 1.225.000 das suas crianças morrerem de fome, definhando enquanto o produto do seu solo e do seu trabalho eram engolidos por uma aristocracia de abutres, impondo suas rendas com as baionetas de um exército contratado de assassinos, pagos pela melhor das rainhas da Inglaterra; a expulsão de 3.668.000, uma multidão maior do que toda a população da Suíça; e a emigração relutante de 4.186.000 dos nossos irmãos, uma horda maior do que toda a população da Grécia. No momento presente 78 por cento dos nossos assalariados recebem menos do que £1 por semana, nossas ruas estão lotadas de multidões famintas de desempregados, gado pasta em nossas fazendas desocupadas e em volta das ruínas de nossos sítios surrados, nossos portos estão repletos de imigrantes partindo, e nossos asilos estão cheios de paupérrimos. Tais são os elementos com os quais devemos construir um Festival Nacional de comemoração!
Classe trabalhadora da Irlanda: Nós apelamos a vocês que não permitam que suas opiniões seja erroneamente representadas nesta ocasião. Junte sua voz com a nossa protestando contra a crença básica que nós devemos a este Império qualquer outra coisa além do ódio por todas as suas instituições saqueadoras. Que esse ano seja de fato memorável, marcando a data que os trabalhadores irlandeses por fim se livraram desta dependência escrava da liderança dos 'homens bons', que paralizou o braço de cada soldado da liberdade no passado.
Os latifundiários irlandeses, agora, como sempre, tropas do inimigo, instintivamente apoiam qualquer instituição que, como a monarquia, degrada a virilidade do povo e enfraquece a fibra moral dos oprimidos; a classe média, absorvida na busca do ouro, penhorou suas almas pelas glórias prostitutas do comercialismo e permanece aberta ou secretamente hostil a qualquer movimento que ameaçaria a santidade dos seus dividendos. Somente a classe trabalhadora não tem nada para salvar de uma reconstrução revolucionária da sociedade; ela, e somente ela, é capaz da iniciativa revolucionária que, com todo o desenvolvimento político e econômico do tempo para ajudá-la, pode nos levar adiante na terra prometida da Liberdade perfeita, a recompensa pelo trabalho milenar do povo.
Para vocês, trabalhadores da Irlanda, nós nos dirigimos. AGITEM nas oficinas, nos campos, nas fábricas, até que vocês levem seus irmãos a odiar a escravidão da qual nós todos somos as vítimas. EDUQUEM, que o povo não pode mais ser iludido por esperanças ilusórias de prosperidade sob qualquer sistema de sociedade do qual monarcas ou nobres, capitalistas ou latifundiários tomem parte. ORGANIZEM, que como uma força sólida, compacta e inteligente, consciente da sua missão histórica como uma classe, vocês poderão tomar as rédeas do poder político assim que possível e, pela aplicação inteligente da cédula da classe trabalhadora, limpar o campo de ação para as forças revolucionárias do futuro. Que as 'classes afetadas e alimentadas' se ajoelhem como quiserem, seja sincero com a sua virilidade, e com a causa da liberdade, cuja esperança está em vocês, e, levando adiante incansavelmente no objetivo de um destino maior para o qual a República Socialista lhes convida, que as palavras que os poetas colocam na boca de Mazeppa consolem vocês entre as orgias dos tiranos de hoje:
Mas o tempo por fim faz tudo justo,
E se só olharmos as horas,
Nunca houve poder humano
Que pudesse evadir, sem desculpas,
O ódio paciente e a longa vigília,
Daqueles que guardam uma injustiça.