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 ... Mas para mim isto é surpreendente: a depressão  crônica presente, que até agora parece não ter fim,  terá sua palavra na América como na Inglaterra. A América vai arrebatar num dilúvio o  monopólio  industrial da Inglaterra — o que resta dele — mas a América mesmo não pode  herdar esse  monopólio. E a não ser que um  só país tenha o monopólio dos mercados do  mundo, pelo menos nos  principais ramos do comércio, as condições relativamente favoráveis — que existiam  aqui na Inglaterra  de 1848 a 1870 não  se poderiam reproduzir  em parte alguma e, mesmo  na América, a  condição  d / da classe operária deve  ir baixando gradualmente  cada vez mais. Porque se há três  países (digamos a Inglaterra, a América  e a Alemanha) em competição em condições comparativamente iguais para a posse  do mercado mundial, não há de provável senão  uma superprodução crônica,  cada um dos  trés sendo capaz  de prover  toa a quantidade  precisa.  Tal é o motivo pelo qual eu observo  o desenvolvimento da crise atual com mais  interesse do que  nunca e por que eu creio que ela assinalará uma época na história política e mental das  classes operárias  da América e da Inglaterra — os dois exatamente  de que o apoio mútuo é tão necessário quanto desejável.
Vosso  muito dedicado. F.  Engels
Carta  de Engels a Mrs. Wichewetzky  — 25 de fevereiro de 1896 — in “Correspondence  de  Fr.  Engels. K Marx et divers, publ~iée  par F. A. Sorge”  — Pág. 27 — Costes, editéur, 1950.
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Os ingleses reconhecem que  os americanos obtiveram o prêmio na exposição industrial e bateram-nos em toda  a linha: 1.º guta-percha. Matéria nova e produções  novas. 2.°  Armas. Revólver 3.º Máquinas, ceifadeiras, semeadeiras,  máquinas de  costura, 4.° Daguerreótipos,  empregados pela primeira  vez. 5.° Navegação,  com seu iate. — .Enfim, para mostrar  que podem também  fornecer artigos  de luxo,  os americanos expuseram um  lingote colossal de minério de ouro da Califórnia e  uma  baixela de ouro da Virgínia.  Saudações  Teu K.  M.
Carta  de Marx a Engels — 13-10-1851  — in Correspondence  de Marx-Fr. Engels  – Publicada  por Bebel e Bernstein  — T. II — 1850-Í853 — Pág.  237 — A. Costes,  editeur,  1947.
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...com o desenvolvimento do capitalismo a luta pelas matérias primas se torna cada vez mais aguda, em parte porque as reservas de matérias primas são geralmente limitadas, e em parte pelo atraso da agricultura. Na luta entre os monopólios mundiais, o grupo que tiver asseguradas as fontes de matérias primas será o mais firme. Daí a luta pelas colônias como fontes de matérias primas, luta que não só se produz pelas fontes já existentes, como também pelas possíveis.
Luis  Segal — Princípios de Economia Política — Cap.  XI –  Pág. 331 — EPU –  2.ª ed. 1942.
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 A particularidade fundamental  do capitalismo  moderno consiste no domínio das associações monopolistas dos grandes empresários. Ditos  monopólios adquirem a máxima solidez,  quando reúnem nas suas mãos todas as  fontes  de matérias-primas,  e já  vimos  com que furor os grupos  internacionais  de capitalistas dirigem seus esforços para arrebatar ao adversário toda a possibilidade de concorrência, apossar-se, por exemplo, das terras que contém minério de ferro, jazidas de petróleo, etc. A posse de colônias é a única que garante de maneira completa o êxito do monopólio contra todas as contingências da luta com o adversário, sem excluir a de que o adversário deseje defender-se por meio de uma lei sobre o monopólio de Estado. Quanto mais adiantado se acha o desenvolvimento do capitalismo, quanto mais fortemente se sente a insuficiência de matérias primas, quanto mais árdua é a concorrência e a caça às fontes de matérias primas em todo o mundo, tanto mais encarniçada é a luta pela aquisição de colônias.
Lénin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1024 — ELE, 1948 — El imperialismo, fase Superior del capitalismo - Cap. 	VI.
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Saindo das fronteiras do seu país, o monopólio choca-se com o monopólio dos outros países que com ele saíram à conquista de mercados.
Cria-se, assim, o antagonismo dos agrupamentos capitalistas nacionais. A concorrência, que, antes, punha em luta os capitalistas de um mesmo país, torna-se mundial e põe agora em luta os capitalistas gigantes.
Cada gigante capitalista, intervindo no campo de ação de um concorrente, atinge por isto mesmo o monopólio deste último. Os agrupamentos capitalistas, unidos no seu Estado nacional, esforçam-se em primeiro lugar por defender contra os ataques estrangeiros seu próprio mercado. E isto consegue-se pela política aduaneira, o que mostra perfeitamente bem como os Estados modernos estão inteiramente às ordens dos donos do capital.
Cada Estado sobrecarrega de impostos as mercadorias importadas, de maneira que elas sejam vendidas mais caras (e nunca menos caro) que as mercadorias do país, podendo o capitalista “nacional”, desde então, ao escoar seus produtos, recuperar as despesas de produção e receber, além do lucro comum, determinado superlucro de monopólio.
  Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXV — § 125 — Pág. 579 — Calvino, 1944.
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3. A guerra aduaneira é uma luta econômica encarniçada entre dois ou diversos países, que consiste em aumentar o direito de entrada sobre as mercadorias oriundas de outro país. Esses conflitos podem levar ao fechamento das fronteiras. A guerra aduaneira é a temível prenunciadora da guerra entre os países capitalistas.
|p A guerra aduaneira entre a Áustria o a Sérvia começou na primeira metade de 1906. O pretexto formal para ela foi o acordo concluído entre a Sérvia e a Bulgária, que afetava os interesses da Áustria; esta protestou e fechou a fronteira, o que atingiu fortemente os interesses da burguesia comerciante e dos proprietários de terras da Sérvia que vendia gado na Áustria.
Na segunda metade de 1906, a luta recomeçou. A Áustria exigia a abertura do mercado sérvio para sua indústria de guerra.
  E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 176 — Editions Sociales, 1950.
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A partilha territorial do mundo efetuou-se na base da relação das forças entre os países imperialistas no fim do século XIX. Os países imperialistas mais novos, como a Alemanha, os Estados Unidos e o Japão, sentiram-se “lesados”. Entretanto, os diversos países capitalistas se desenvolvem de modo desigual. Na época do imperialismo esta desigualdade se agrava até ao extremo, devido, antes de tudo, ao mundo inteiro estar repartido, e da luta ter por objeto uma nova partilha. Os países imperialistas novos que possuem uma poderosa indústria monopolizada, que exportam capitais e que têm necessidades de colônias, devem, sob pena de desaparecerem como países imperialistas, fazer toda a espécie de esforços para superar os países imperialistas mais antigos que lograram apoderar-se de territórios importantes. A desigualdade do desenvolvimento acentua-se também graças ao colossal desenvolvimento da técnica da época imperialista.
Mas nas condições em que o mundo inteiro já está repartido, quando já não há terras desocupadas, à agravação da desigualdade significa a inevitabilidade das guerras imperialistas mundiais para uma nova partilha das terras já ocupadas. Podem adquirir-se novas colônias não por meio da conquista de países atrasados e ainda não conquistados (pois já não existem) mas arrancando-as por meio da guerra a outros países imperialistas.
A época do imperialismo é, pois, uma época de guerras imperialistas mundiais.
  Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (5) Pág. 333 — EPU - 2.ª ed., 1947.
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Os Estados Unidos, o principal consumidor de borracha, lutam ferozmente contra o monopólio Inglês. Em 1929, mais de 70% das exportações mundiais de borracha — 622.000 toneladas longas num total de 861.000 toneladas longas — provinham de plantações sob o controle britânico. Os Estados Unidos compraram terras para a cultura da borracha no Brasil (1927), na Libéria (1929), em Sumatra e na península malaia. Desenvolveram assim a indústria da borracha regenerada. As maiores sociedades americanas constituíram um sindicato de compra para se opor à política britânica dos preços, em particular durante o tempo em que vigorou o plano Stevenson (1922-1928), que restringia a exportação da borracha das possessões britânicas para manter os preços. A oposição desse sindicato contribuiu grandemente para a falência desse plano. Simultaneamente, houve nos Estados Unidos um aumento considerável do consumo de borracha regenerada.
A França organizou também bases de borracha  nas suas colônias, sobretudo na Indochina, onde a produção passou de 7.400 toneladas longas em 1925 a 40.830 toneladas longas em 1936. O capital investido nas plantações indochinesas de borracha em 1928-1929 atingia a 400 milhões de francos. Para manter as novas plantações em atividade durante a crise, o governo francês começou, em 1930, a dar subvenção. Estas, em 1935, elevaram-se a 100 milhões de francos. Introduziu-se também o sistema dos prêmios de exportação. Medidas análogas foram empregadas para as plantações de borracha das colônias francesas da Africa.
 
  E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Págs. 219-220 — Editions Sociales, 1950
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Atualmente, a quase totalidade do mercado mundial de petróleo está dividida entre três grupos principais: Standard Oil, Royal Dutch Shell e Anglo-Persian-Burma Oil.
Os dois últimos grupos estão muito estreitamente ligados. Desde muito tempo a Standard Oil tinha suas fontes de matéria prima nos Estados Unidos. Todavia, depois da guerra, a Standard Oil comprou pouco a pouco campos de petróleo no México, na América Central e na América do Sul. O grupo da Standard Oil tenta também infiltrar-se nos países “pertencendo” à Shell e à Anglo-Persian, comprando ações do grupo anglo-holandês. Uma concorrência particularmente feroz tem lugar nos mercados do Extremo Oriente, onde a Standard Oil, depois da fusão da Standard Oil Cy, adquiriu uma posição muito sólida; mas a Royal Dutch Shell combate energicamente a fim de firmar sua situação nas regiões onde opera a Standard Oil Cy.
O grupo da Standard Oil domina a indústria do petróleo dos Estados Unidos, onde controla cerca de 60% de todas as regiões petrolíferas descobertas, 25 a 30% da extração do petróleo bruto, 45 a 50% da refinação, 60% dos transportes e da frota total dos petroleiros e 70% de todo o comércio exterior. A Standard Oil penetrou na Venezuela e reduziu a proporção da produção da Shell a 50% da extração total. Ela controla também 50% da produção do petróleo do México, a quase totalidade da produção da Colômbia, do Canadá, do Peru, uma parte considerável da produção da Argentina e da Bolívia e 12% da produção romena. Segundo os algarismos de 1926 (na falta de estatísticas mais recentes) este truste americano do petróleo controla 26% da produção mundial. Seu principal concorrente, o truste anglo-holandês Royal Dutch Shell, dirigido por Sir Henry Deterding. controla 12% da produção mundial de petróleo (16% se se incluir a Anglo-Persian Cy e a Burma Oil Cy, ligadas à Royal Dutch Shell). Ela ocupa uma posição predominante na produção de petróleo das Índias neerlandesas, da Índia, do Egito, da Romênia, e controla também uma parte considerável da produção do México, da Venezuela, da Argentina, do Iraque, e uma parte (5 a 6%) da produção americana.
Trava-se também uma luta cerrada a propósito dos campos petrolíferos da Pérsia. A concessão do petróleo anglo-persa (na qual o governo britânico está interessado) tinha sido anulada pelo governo persa sem nenhuma dúvida sob a influência de agentes a soldo da Standard Oil. Foi renovada depois de difíceis negociações.
Fere-se  outra batalha pelos poços de petróleo de Mossoul, no Iraque. Depois de uma luta prolongada, o controle da Irak Petroleum Cy, detido até ao fim de 1936 por capitalistas italianos, franceses,  alemães e outros, com uma participação mínima do grupo Shell passou às mãos deste último, que comprara as ações da A.G.I.P. truste italiano semi-governamental.(1)
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 189 — Editions Sociales, 1950.
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| RELAÇÕES DE FORÇA ENTRE A GRÃ-BRETANHA E OS ESTADOS UNIDOS | |||||||||
| 1880 | 1913 | 1929 | 1932 | ||||||
| GRANDE-BRETAGNE | ÉTATS-UNIS | GRANDE-BRETAGNE | ÉTATS-UNIS | GRANDE-BRETAGNE | ÉTATS-UNIS | GRANDE-BRETAGNE | ÉTATS-UNIS | ||
| Force motrice dans l'industrie | En millions de ch cap | - | 3,41 | 10,75 | 22,42 | 14,8 | 42,93 | - | - | 
| Production (mines et industires) | En milliards de dollars (parité anc.) | 3,99 (1888)  | 
    5,20* | 10,59 | 26,24 | 13,90 (1980)  | 
    76,32 | - | - | 
| Production d'acier | En millions de tonnes | 1,3 | 1,2 | 7,7 | 31,3 | 9,8 | 57,3 | 11,9 | 47,7 | 
| Commerce extérieur | En milliards de dollars (parité anc.) | 2,78 | 1,56 | 5,76 | 4,21 | 8,94 | 9,47 | 3,62 | 48,4 | 
| Exportation de produts manufacturés | Id | - | 0,09 | 2 | 0,78 | 2,79 | 2,53 | - | 078 | 
| Émission de valeurs étrangères | Id | - | - | 781 | 44 (1914)  | 
    424 | 671 | 75 | 13 | 
| Total des investissements à l'étranger | En milliards de francs ou cours | 22 (1888)  | 
    - | 75-100  (1914)  | 
    9,9  (1912)  | 
    94 (1930)  | 
    81  (1930)  | 
    - | - | 
| Flotte marchande (tannage tot) | En millions de (annes environ | 6,52 | 3,53** | 18,70 | 5,38 | 28,17 | 14,38 | 29,39 | 12,56 | 
| Marine de guerre | Id | - | - | 2,22 | 0,84 | 1,32 | 1,28 | 1,20 | 1,97 | 
| Cuirassés | Unites | - | - | 67 | 34 | 20 | 18 | 13 | 15 | 
| Croisuers | Id | - | - | 123 | 32 | 54 | 30*** | 53 | 25**** | 
| Dépenses ofilcielles pour l'armée | En millions de dollars ou cours | 137 | 6,3 | 375,3 | 335,3 | 552 | 838,2 | 1381 (1937-1938)  | 
    1221 | 
| Population des colonies | En millons d'habitants | 267,9 | - | 393,5 (1914)  | 
    9,7 (1914)  | 
    440,6 | 13,9 | 466,5 (1932)  | 
    14,6 (1932)  | 
  
| * Mines 100 yenne pour 1881-1885, Industrie, 1879 ** Tonnage ner: pour les autres années: toneage brut *** V compris 22 croiseurs déclassés en 1929, ausun en 1936 - **** Voir Sources | |||||||||
| Fontes: Annuaire statistique, Statistique générale de la France, 1932, págs. 559-560; Board of Trade Journal, 10 de fevereiro de 1933; Statistical Abstract of the U S.,1933; Woytinski, Die Welt in Zahen, 1928, v. 4; National Federation of Iron and Steel Manufacturers, 1932; Statistical Yearbook of the League of Nations, 1933-1934-1935, 1933; Woytinski, Die Wel in Zahlen, 1928, v. 4; National Etats-Unis no The World Almanac, 1934; The Economist, The Statist, Commercial and Financial Çhronicle,.Jane’s Fighting Ships, 1930 (cifras retificadas na base das últimas cifras publicadas na imprensa) Monthly Bulletin of Statistics, S.D.N., N.° 3, 1937. | |||||||||
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 355 — Editions Sociales, 1950.
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Tendo o desenvolvimento gigantesco do capitalismo conduzido à partilha do mundo entre os agrupamentos capitalistas, a guerra só pode ter por efeito uma nova partilha da mesma presa. A situação de certos piratas melhora enquanto a de outros piora; a economia mundial não melhora absolutamente, A luta entre os capitalistas não pode, aliás, terminar depois da guerra, já que os vencidos, os prejudicados, tentam recobrar o que perderam e os vencedores esforçam-se por aumentar ainda o seu poderio. A tendência das capitalistas para conquistar os países atrasados, onde as matérias primas são baratas e onde a taxa de lucro é mais elevada, traz em si uma contradição interna: quanto mais o país atrasado está submetido à influência de um país adiantado, tanto mais se desenvolvem nele as relações mercantis e a indústria. Consequentemente, a composição orgânica do capital modifica-se, a taxa de lucro baixa, os preços das matérias primas aumentam. Os capitalistas parecem serrar o ramo em que se instalaram, pois, privam-se da válvula de segurança que os salvou nas crises de superprodução no seu próprio país; perdem a possibilidade de colher o superlucro colonial.
As rivalidades dos imperialistas em torno das colônias ainda não industrializadas, cujo número, aliás, diminuí sem cessar, assumem um caráter feroz.
  Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXVI — § 	133 — Pág. 620 — Calvino, 1944.
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Depois do armistício, em 1918, os capitalistas dos aliados e nações associadas reataram as suas velhas relações comerciais com o inimigo derrotado. Bloqueado nos seus planos de expansão territorial, o capitalismo alemão empregou sua tremenda energia em adiantar seu desenvolvimento técnico. Os acordos de patentes e cartéis com as corporações inglesas e americanas foram fortalecidos e ampliados. E quando começou a II Guerra Mundial, a rede de colaboração e concorrência entre os interesses americanos, ingleses e alemães era ainda mais completa do que havia sido vinte e cinco anos antes.
  Ana Rochester - La naturaleza del capitalismo — Cap. VIII. — Pág. 127 — Editorial Páginas, 1947.
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Embora os capitalistas ingleses e norte-americanos tenham tido acerbos conflitos de interesses nos países sul-americanos, e conflitos velados pele necessidade de negociações comuns na China, têm estado ao mesmo tempo intimamente ligados uns aos outros através do grande volume de capital inglês invertido na indústria norte-americana.
E mais recentemente, muito capital americano tem sido invertido na indústria inglesa. A maior parte do capital estrangeiro que apoiou os norte-americanos na sua expansão ferroviária e fabril durante as últimas décadas do século XIX, era propriedade inglesa. E não foi por acidente que o primeiro Morgan banqueiro, um norte-americano de Hartford, Connecticut, começou sua carreira financeira em Londres, nos anos do decênio de 1850. Não foi senão dez anos mais tarde (durante nossa guerra civil) que seu filho J. Pierpont Morgan abriu um escritório em New York.
  Ana Rochester — La naturaleza del capitalismo — Cap. VIII — Pág. 125 — Editorial Páginas 1947.
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...de fins de 1938 a fins de 1949, a reserva de ouro dos Estados Unidos aumentou de 14,5 bilhões de dólares. Na França, pelo contrário, desde o fim de 1938, a reserva de ouro diminuiu de 2.760 milhões de dólares para 523 milhões de dólares; na Inglaterra, de 3.450 milhões de dólares para 1.590 milhões; na Suécia, de 321 milhões de dólares para 70 milhões; na Holanda, de 998 milhões para 195 milhões.
Como se sabe, a América não é exportadora de ouro, mas é, ao contrário, importadora do mesmo, isto é, compra ouro aos outros países que o possuem, mas que necessitam dólares para pagar o que importam. E como a capacidade aquisitiva do dólar reduziu-se a quase metade relativamente a antes da guerra, o curso artificial, do dólar permite comprar, com dólares papel, ouro estrangeiro ao preço de antes da guerra, duas vezes mais barato do que o seu valor real. Por conseguinte, os Estados Unidos da América ganharam de graça na compra de ouro, sobretudo depois da guerra, 10 bilhões de dólares; por isso os americanos podem fazer um gesto de cavalheirismo permitindo o fornecimento de mercadorias sob a forma de “auxílio” pelo plano Marshall.
O governo norte-americano  aumenta as despesas militares e outros gastos improdutivos. Por meio de impostos de toda a sorte, suga do povo norte-americano  imensas quantias de dinheiro para pagar os subsídios especiais de exportação.
  A. Mikoian — O Extraordinário  Florescimento da Economia  Soviética e a Crise Inexorável  do Sistema Capitalista , in “Problemas’’ — Pág. 37 — N.º 28 — Julho de 1950 — Brasil.
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 Os  países europeus necessitam de maquinarias para o restabelecimento de sua economia, mas os monopólios dos  Estados Unidos, não interessados no restabelecimento industrial dos países da Europa,  abstêm-se  de fornecer-lhes maquinaria para muitos ramos de indústria. É sumamente característico o fato de que, num ano e meio, todos os países da Europa  ocidental tenham recebido pelo plano Marshall instalações para a indústria  mineira (de  que tanto necessitam) somente  num valor de 31 milhões de dólares e instalações metalúrgicas  num valor de 35 milhões de dólares, enquanto que o fornecimento  de tabaco excedeu de 110 milhões de dólares. Antes da guerra, a Europa nunca importara carvão americano. Em 1949,  os Estados Unidos da América exportaram com destino aos países da  Europa ocidental 38 milhões de toneladas de carvão. Os Estados Unidos da América aproveitaram-se  do estado de ruína reinante na Europa para  enriquecer de modo inaudito seus monopólios carboníferos  e suas companhias de navegação. O consumidor europeu pagou o carvão americano à razão de 18 a 20 dólares a tonelada, ao passo que antes da guerra, o carvão  procedente dos países europeus custava de 4 a 5 dólares.
A. Mikoian  — O Extraordinário  Florescimento da Economia Soviética e a Crise Inexorável do Sistema Capitalista — in “Problemas” — Pág. 58 — N.° 28 , Julho de 1950 Brasil.
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O “Observer”, em 26 de janeiro de 1947, num artigo, exprimindo os anseios de muitos capitalistas britânicos, preconizava o bloco antiamericano, nos seguintes termos:
“No estado atual do desenvolvimento industrial, os Estados da Europa Ocidental de tamanho médio têm desvantagens para a manutenção de sua economia do duplo ponto de vista: econômico e de defesa nacional. Outra seria a situação se o norte da Inglaterra (a parte industrial do país), a Lorena e o Ruhr fizessem parte de um só sistema econômico coordenado e se os 200 milhões de habitantes da Europa ocidental constituíssem um mercado único para o escoamento dos produtos da indústria dos países integrados nesse sistema”.
Para a constituição do “bloco ocidental’', como expressão europeia do bloco anglo-americano, o plano Marshall, antissoviético, concorre poderosamente, porém o “bloco ocidental” antissoviético, unidade política, tem dentro de si a própria razão de ser do seu fracasso, sua aguda contradição antagônica, que é o seu lado antiamericano, por parte dos interesses britânicos (cujo imperialismo luta para sobreviver) e o antibritânico, por parte dos seus financiadores, o imperialismo ianque (que quer evitar a crise na sua economia, que se aproxima, à custa do imperialismo britânico e sujeição dos povos europeus).
Com o fracasso do “bloco ocidental”, fracassará a política antissoviética do “bloco anglo-americano”, que ruirá, então, e só poderá manter-se por mais tempo embora inocuamente quanto à U.R.S.S., se os povos ingleses e americanos admitirem a fascistização dos seus países, o que não acreditamos aconteça, embora seja essa a tendência atual.
  Calvino Filho — Os estertores do Imperialismo Britânico — “Jornal 	do Debates” —- 25-7-1947 — Brasil.
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Nestes cinco últimos anos, os monopólios americanos conseguiram desapossar seus parceiros ingleses e franceses dos mais importantes domínios da vida econômica da Etiópia.
Em 1945, a Etiópia procedeu por recomendação do “conselheiro” americano Blowers, a uma reforma monetária que colocou as finanças nacionais sob o controle absoluto dos americanos. No mesmo ano, mediante a concessão de um empréstimo de três milhões, os Estados Unidos adquiriram o direito de procurar e explorar o petróleo na província de Ogaden. Em 1946, sob pretexto de “assistência técnica”, as companhias americanas apoderaram-se da aviação civil da Etiópia. Em Addis-Abeba, em Gondar, em Dire Dawa, em Jimma e em muitos outros pontos, foram construídos vastos aeródromos capazes de receberem bombardeiros americanos.
Ultimamente, o Banco americano para a reconstrução e desenvolvimento, que não se chama “internacional” senão para fins de camuflagem, concedeu um novo empréstimo de 7 milhões de dólares à Etiópia. É claro que não se tratava de forma alguma de satisfazer as necessidades econômicas urgentes desse país. Segundo as condições do empréstimo, os dólares americanos não poderão ser empregados senão na construção de estradas estratégicas necessárias aos imperialistas ianques e não à população da Etiópia. Mais ainda: a Etiópia vê-se obrigada a manter a sua custa todo um bando de especialistas” estrangeiros americanos, ou outros, ocupados em pôr esse país na dependência.
No que concerne às regiões ainda não atingidas pelas garras de Wall Street, a Inglaterra e a França continuam a ser a lei aí.
A Etiópia é um país independente. Tem representação na ONU. Mas os imperialistas americanos procuram fazer desse pequeno Estado africano uma colônia sua.
  La vie Internacionale — in “Tempos Novos” — N.° 48 — 29-11-1950 — Págs. 18-19 — Moscou, em francês.
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A 16 de novembro, na inauguração da sessão ordinária do parlamento, o primeiro-ministro do Egito, Nahas Pacha, leu o discurso do trono do rei Farouk. Mais uma vez, mas desta vez com uma força insólita, reclamava nele a retirada das tropas inglesas do território egípcio. Caso que essa exigência não fosse atendida, dizia-se nesse discurso, o governo egípcio não hesitaria em denunciar unilateralmente o tratado anglo-egípcio de 1936.
Os meios mais vastos do povo egípcio reclamam energicamente, e há muito tempo, a retirada das tropas inglesas. A declaração do governo foi apoiada por grandes manifestações anti-inglêsas em todo o país. Foi ao mesmo tempo apoiada pelo Departamento de Estados dos Estados Unidos, que não pode ser suspeito de simpatia para com os interesses nacionais do povo egípcio. Onde está a lebre? A resposta deve ser procurada nas negociações que tiveram lugar em outubro último entre o ministro egípcio Salah el-Din Bey, dum lado, e Acheson, Marshall e Bevin do outro.
Como a imprensa estrangeira anunciou, o ministro egípcio não pôde considerar suas negociações com Bevin como “felizes”. Acheson e Marshall, ao contrário, asseguraram-lhe que os Estados Unidos “aprovavam” a insistência do Egito sobre a cessação da ocupação inglesa e desejavam que essa questão fosse resolvida a favor do Egito.
A atitude “aprovativa” dos imperialistas americanos para com as legítimas reivindicações dos egípcios não enganará a ninguém. Todo o mundo sabe que depois da segunda guerra mundial, os monopólios americanos do petróleo enraizaram-se solidamente nalgumas zonas do Oriente Próximo, e que eles cobiçam ávidamente o Egito onde seus concorrentes ingleses ainda reinam. Animando o governo de Mahas para que “tome uma atitude resoluta” para com o gabinete Attlle-Bevin, a diplomacia do dólar conta certamente assegurar-se um papel de árbitro para impor aos ingleses uma transação amável com os Estados Unidos, consistindo em deixar entrar o lobo americano no redil egípcio. A existência desses planos é corroborada pelas informações da imprensa egípcia Ela anuncia que desde já, o Pentágono fez construir um grande aeródromo na zona do canal de Suez e estuda a possibilidade de instalar suas tropas nele.
  La  vie Internationale — in  “Tempos  Novos”— N.°  13 — 29-11-1050  — Pág. 19 — Moscou, em francês.
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 O imperialismo  americano aproveita a corrida armamentista  e a crise de matérias primas da Inglaterra, tendo como objetivo  o ulterior  enfraquecimento  das posições econômicas do seu “parceiro menor”,  como também o aumento da sua dependência. De um lado, o  governo dos Estados Unidos continua a comprar as mais importantes  espécies de matéria  prima, inflando os preços e privando, ao mesmo tempo, a indústria  britânica dessa matéria prima; de outro lado, os Estados Unidos  conservam e reduzem os suprimentos de matérias primas tão  necessárias para a Inglaterra como o algodão e o enxofre,  com objetivo de forçar os ingleses a baixar os preços do estanho, lã e borracha. O ministro do comércio Wilson, falando no dia 2 de março, na Câmara  dos Comuns, ressaltou a dependência da Inglaterra dos suprimentos  fornecidos pelos Estados Unidos de numerosas mercadorias, e, em  primeiro lugar, do enxofre e do algodão. Declarou ainda mais, que, se os fornecimentos do enxofre não  aumentarem, então os estoques de matéria prima para a indústria  química se reduzirão consideravelmente e a produção da seda  artificial diminuirá de 40%.  Wilson queixou-se, também, de que os americanos  reduziram sensivelmente  os suprimentos  do algodão cru para a Inglaterra, em consequência do que ela  receberá somente  um pouco mais de um terço da quantidade importada no ano passado. Os monopólios americanos reforçam a pressão sobre  o Governo britânico, exigindo que a matéria prima dos países do  império britânico,  em particular a borracha, estanho e lã, seja fornecida aos  Estados Unidos pelos mais baixos preços.
 
V. Mordvinov — A economia da Inglaterra nas condições da militarização do país — “Comércio Exterior” — N.° 4 — Abril 	de 1951 — Pág. 97 — Moscou, em russo.
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Os países do plano Marshall e do Pacto do Atlântico não são mais livres de realizar o intercâmbio econômico com os países do leste europeu. Foram estabelecidas listas mais ou menos secretas de proibição de exportações de diversos materiais, a pedido e conforme os conselhos dos Estados Unidos.
A consequência inevitável será a estagnação da indústria e a falta de trabalho. Essa falta de trabalho concorre ainda para apressar a passagem à dependência estrangeira. Assim, o país estará então maduro para uma colonização.
  Le Congres Mondial des Partisans de la Paix — 20-25 de abril de 1949 — Discours de Frédéric Joliot-Curie — Pág. 3 — Supl. “Tempos Novos” — N.° 19 — 5-5-1949 — Moscou, em francês.
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É quando se examina o preço que a Inglaterra pagou e deve continuar a pagar, no domínio militar, pela “ajuda” Marshall, que se começa a compreender o exato caráter dessa “ajuda”. Pois que, no que concerne à Inglaterra, o plano Marshall não era principalmente previsto como um meio de arruinar a indústria inglesa em benefício das indústrias americanas, se bem que deveria ter importantes repercussões parciais dessa ordem. O plano tinha principalmente por finalidade fazer da Inglaterra o primeiro associado da América, mas um sócio impotente e submisso em seu esforço de dominar o mundo. A Inglaterra devia ser uma fonte de mão de obra; um arsenal de armamentos, em importância abaixo apenas dos Estados Unidos: uma base e fornecedor de outras bases nas colônias; um importante subalterno tendo por tarefa ajudar a manter em sujeição os Estados capitalistas menos poderosos da Europa Ocidental. Tendo isso em vista é que as ações do plano Marshall eram cuidadosamente calculadas para salvaguardar as principais indústrias de guerra inglesas. Pode-se agora examinar os resultados concretos desta política:
1 — Durante o período do plano Marshall, a Inglaterra se viu constrangida a fazer passar suas despesas militares anuais de 400 milhões a 1.200 milhões de libras, estando previsto que ela despenderá cerca de 1.600 milhões de libras em 1953. Se se tem em conta a cifra da população, esse orçamento equivale ao astronômico orçamento militar atual dos próprios Estados Unidos.
2 — A Inglaterra, país que jamais conheceu a conscrição em tempo de paz, foi obrigada a adotá-la e possui assim um exército muito mais importante que em nenhuma época de sua história.
3 — A Inglaterra, potência imperialista que sempre se envaideceu de dominar os mares, se viu forçada a colocar uma parte de suas forças navais sob o comando do general Eisenhower (e em maior escala as suas forças terrestres).
Demais, pela primeira vez na história, a mais importante frota no Mediterrâneo não é a britânica, mas a americana.
4 — a Inglaterra foi obrigada a constituir sobre seu próprio solo, em Chipre, na África e e outras partes do Império, bases que estão à disposição das forças aéreas e navais americanas.
5 — 	Esses encargos militares 	perpetuam a dependência econômica e política da Inglaterra em face dos Estados Unidos e 	tornam assim mais fácil a penetração econômica americana sobre 	os mercados protegidos da Inglaterra e em territórios até 	então estritamente reservados aos investimentos britânicos.
  Derek Kartun — Ter-se-á a Inglaterra libertado do plano Marshall? — in  “Démocratie Nouvelle” — 5.° ano — N.° 3 — Março de 1951 — Paris.
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O Programa de soerguimento europeu não tem por fim ajudar a Europa, mas assegurar o domínio econômico dos Estados Unidos da América no mundo. As quotas nas atribuições a título do programa de soerguimento europeu não se fazem então em função da economia europeia, mas são antes de tudo subordinadas às exigências dos trustes dos Estados Unidos. O representante da França disse que no decurso do ano a entrar seu país receberia entregas mais importantes de material de equipamento proveniente dos Estados Unidos da América. Tudo vai de acordo, de qualquer sorte, com o pedido proveniente da United States Machine Tool Builders Association que se queixa da insignificância de sua participação nas exportações previstas pelo Programa de soerguimento europeu.
É de notoriedade pública que quando este programa começou a ser posto em execução os fabricantes americanos de ferramentas mecânicas tinham ainda enormes pedidos atrasados a satisfazer e que eles se incomodavam pouco de fazer negócios com a Europa. Eis aí uma das razões da fraca proporção de utensílios mecânicos de que se fazia questão para o Programa de restauração europeia. Mas essa indústria progrediu, reduziu o volume dos atrasados, e daí os negócios dos fabricantes de equipamentos mecânicos subirem em ritmo muito sensível. Foi o que levou a American Machine Tool Builders Association a intervir perante a administração da cooperação econômica para pedir que fizesse pressão sobre os países da Europa a fim de que fizessem encomendas de equipamentos mecânicos por conta do Programa de soerguimento europeu. Não é porque a situação seja boa ou má na França, e sim por causa das necessidades da economia dos Estados Unidos.
Haverá então, este ano, aumento de entregas de equipamentos mecânicos, conforme o Programa do soerguimento europeu. No próximo ano haverá, talvez, acréscimo de entregas de vagonetes. E de pois, no ano seguinte, entregas de fumo.
  M. Katz-Suchy — Do discurso proferido em 24-2-1949 na ONU — Supplement aux changements principaux dans le domaine économique en 1948 — Pág. 128 — 1949.
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Na Itália, o processo de soerguimento industrial foi suspenso desde outubro de 1947, depois da capitulação do governo italiano diante dos vivos ataques dos monopolistas americanos. Em seguida à colocação da indústria italiana sob o controle dos monopolistas americanos, em vários ramos se começou a pôr as empresas sob vigilância.
Na Itália, segundo informações do relatório do Secretariado, a produção de 1948 não atingiu mais do que 78% do nível de antes da guerra.
A maioria das empresas não trabalha mais do que com 45 a 50% de sua capacidade de produção. A metalurgia palmilhou em 1948, o nível atingida em 1947 (seja 80% do de antes da guerra). A indústria extrativa atingiu seu ponto culminante no mês de janeiro de 1947, seja 85% do nível de antes da guerra; em 1948, a indústria oscila entre 70 e 80% de antes da guerra. É para as construções navais, a construção mecânica, a indústria têxtil e de madeiras que a situação é mais penosa. Se, no meado de 1947, o índice da produção da indústria têxtil atingiu 92% do de antes da guerra, caiu em meados de 1948, a 60%. De quinze dos estaleiros de construções navais da Itália somente quatro trabalham, no máximo com 35% de sua capacidade. Em virtude da falta de encomendas, bom número de estaleiros navais foram fechados e os que trabalham estão ameaçados de fechar. Entretanto, o Governo italiano comprou aos Estados Unidos 105 navios do tipo Liberty conforme acordo em cláusula do plano Marshall. A metade das cargas é transportada a bordo de navios americanos.
Os monopólios americanos se aproveitam dessa situação crítica da indústria italiana que aumenta o desemprego no país em enormes proporções, para apossarem-se, a preços vis, das empresas italianas. O capital americano pôs a mão sobre as refinarias de petróleo, sobre um número importante de usinas de construção mecânica, de automóveis, etc.
Eis  aqui quais são as consequências nefastos do plano Marshall para a  economia italiana, que cai, de mais a mais, sob o controle dos  monopólios americanos.
  M.  Tsarapkine  — Do discurso proferido  em 24.-2-1949 na ONU — Supplement  aux  changements principaux  dans le domaíne économique  en 1948 — Pág. 106 — 1949
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Os países da Europa estão cada vez mais conscientes do perigo de sujeição de que o plano Marshall é o instrumento. O Sr. Jean Monnet, autor do plano bem conhecido “de modernização e de reequipamento da França”, reconhece no seu relatório de 1948 que “a situação criada pelo plano Marshall é artificial e não pode existir sem perigo.” Os órgãos da imprensa dos países da Europa ocidental reconhecem também que os países “marshallizados” perderam sua independência econômica.
Assim é que o semanário Truth escrevia no mês de dezembro de 1948:
“Quem paga, comanda. Os países da Europa não podem dançar a seu gosto o passo de abdicação nacional que a América os constrange a dançar, ao sinal da implacável batuta do chefe da orquestra de Washington. A música estala e ei-los forçados a tomar as poses apropriadas. Sem mesmo procurar descobrir o que os senhores da América esperam ganhar com a supressão da soberania nacional europeia, pode-se compreender que esse é o seu intento, e que não se julgarão satisfeitos enquanto não realizarem essa supressão.”
No mês de fevereiro deste ano, o jornal holandês De Nederlander publicou um artigo exprimindo seu descontentamento da política dos Estados Unidos a respeito dos países da Europa ocidental. G redator desse jornal escreveu:
“A política de duplicidade dos Estados Unidos oculta um grande perigo para nosso país. O perigo é sobretudo que do ponto de vista financeiro nós nos tornaremos inteiramente dependentes da América.”
O jornalista prossegue dizendo que o plano Marshall colocou os Países Baixos em uma situação extremamente penosa, pois todas as vezes que seus planos se afastam dos Países Baixos, os Estados Unidos ameaçam de rigorosas sanções econômicas.
“Tudo  parece presagiar que nosso país independente se arrisca a tornar-se um país de  escravos,  e nosso Estado soberano um Estado satélite.”
M.  Tsarapkine — Do discurso proferido a 24-2-1949 na ONU — Supplement aux  changements principaux dans le domaine  économique en 1948 — Pág.  105 — 1949.
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 Em bom número de países capitalistas subsiste ainda uma penúria aguda  de produtos alimentícios, se bem que a colheita de cereais  tenha  aumentado em 1948. A colheita de trigo se acha sempre em muitos países da Europa  ocidental em nível inferior ao de antes da guerra. A produção de outros gêneros alimentícios se acha, por sua  vez, em nível pouco elevado, O programa americano de “ajuda” não visa à reconstrução das  forças produtivas da agricultura dos países beneficiados por  essa “ajuda”, mas tem por fim conservar o mercado europeu  aberto aos produtos alimentícios americanos. Basta indicar que  sobre o total das entregas, a título do plano Marshall, que se elevam a 1.666 milhões  de dólares, até a data de 29 de setembro de 1948, as entregas  de máquinas agrícolas e de material  não atingiram mais do que 6 milhões de dólares, ou seja 0,3%. O fabricante americano de automóveis Frazer declarou depois de ter visitado a Europa, no mês de novembro de 1940,  que o plano Marshall “ajuda a alimentar os europeus, mas não os ajuda a começarem a nutrir-se por si mesmos.”
M.  Tsarapkine — Do discurso proferido em 24-2-1949 na ONU — Supplement aux changements principaux dans le  domaine économique en 1948 — Pág. 107 — 1949.
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Analisando o imperialismo como a última etapa do capitalismo, o camarada Stálin mostrou toda á dialética do processo de formação do sistema capitalista de economia mundial.
Escreveu:
“A dependência recíproca dos povos e a união econômica dos territórios se estabelecem, no decurso do desenvolvimento do capitalismo, não pela colaboração dos povos, como unidades iguais em direito, mas pela subordinação de uns povos a outros povos, pela opressão e exploração dos povos menos evoluídos pelos mais evoluídos. As conquistas e as pilhagens coloniais, a opressão e a desigualdade nacionais, o despotismo e as violências imperialistas, a escravização colonial e a ausência de direitos para as nacionalidades, enfim a luta das nações ‘civilizadas’ entre si pelo domínio a ser exercido sobre os povos ‘não civilizados’, tais são as formas em cujo âmbito se realizava o processo de aproximação econômica dos povos.”(2)
  A. Leontiev — Teoria Leninista do Imperialismo Desenvolvida pelo Camarada Stálin — in “Problemas” — Págs. 81-82 — N.° 27 Junho de 1950 — Brasil.
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 O Plano Marshall, por um lado, é apresentado como um plano de restabelecimento econômico dos países europeus e, por outro, como um plano para assegurar pleno emprego nos Estados Unidos. A realidade confirmou plenamente a análise do Plano Marshall feita pelos representantes da União Soviética, dos países de Democracia Popular e dos Partidos Comunistas do mundo inteiro. Trata-se de um plano de escravização impiedosa, econômica e política, dos países da Europa ocidental ao imperialismo americano, um plano de sufocamento das indústrias europeias para o aumento dos superlucros dos monopólios americanos, um plano de militarização forçada da economia da Europa ocidental.
  A. Leontiev — Teoria Leninista do Imperialismo Desenvolvida pela Camarada Stálin — in “Problemas” — Pág. 94 — N.° 27 — Junho de 1950 — Brasil.
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Aproveitando-se da posição dependente dos países “marshallizados”, os Estados Unidos da América estão se apoderando cada vez mais das colônias dos países da Europa ocidental. Como se conclui do recente relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos sobre o comércio des se país com os territórios de além-mar dos países que são membros do Plano Marshall, em 1948 as exportações norte-americanas para as colônias africana. da França aumentara de 7,8 vezes em relação a 1938, pará o Congo Belga de 25 vezes, para a Malak Britânica de 8,3 vezes, para a Indonésia 2.3 vezes.
  G. M. Malenkov — A União Soviética em Guarda pela Paz — In “Problemas” — Pág. 96 — N.° 30 — 10 de outubro de 1950 — Brasil.
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... Exige-se que a Inglaterra reduza os preços das matérias primas precisamente em relação com a guerra da Coreia.
A imprensa dos monopólios ingleses queixa-se deste egoísmo sórdido.
Os americanos não devem exigir como o fazem na realidade que lhe dêem a possibilidade de comprar barato e de vender caro, escreve o “Yorkshire Post”... Os americanos não podem exigir que nós nos imponhamos restrições em todas as coisas, e que ao mesmo tempo lhes compremos mercadorias que não têm uma importância vital para nós.
  La Vie Internacionale — in “Tempos Novos” — N.° 47 — 22-11-1950 — Pág. 25 — Moscou, em francês.
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O povo americano ouve muitas vezes afirmar que os acontecimentos impuseram ao nosso país um papel diretor no mundo, papel que nos impõe responsabilidades tais como jamais conhecêramos...
Não  hesitarei em dizer que nenhum grupo da nação está mais decidido a  exercer esse papel de modo tão vigoroso e decidido como os homens de  negócios. (Discurso  do General Marshall pronunciado em Pittsburgo, a 15 de janeiro de  1948, diante de um auditório de financistas e industriais).
  in  Joanny  Berlioz — Sauver la  Caisse! — Démocracie  Nouvelle — Ano 4.°  — N.° 11 — Novembro de  1950 — Pág. 365 — Paris.
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...Mr. Pearson, ministro canadense, disse: “O Pacto do Atlântico não é uma simples linha Maginot, mas constitui o ponto de partida, do qual lançaremos um novo ataque às forças do mal”.
O General Lucius Clay, por sua vez, deu um passo mais decisivo na explicação: “O Pacto do Atlântico assegurará a paz, mesmo que seja pelas armas”.
Finalmente, Mr. Truman foi mais longe, na definição da paz pela força: “Se para manter a paz no mundo, o emprego da bomba atômica se fizer necessário, não hesitaremos em fazer uso dela”.
 E  deve-se considerar que para oprimir os povos, para condená-los  ao silêncio,  para torná-los surdos  e cegos, nestes tempos em que o grande dia da verdade é o que mais  se receia, os homens de negócio americanos tem necessidade do  nazismo para levar avante a sua empreitada de conquista.
  LeCongres  Mondial des Partisans  de la Paix — Berlim — 21/26 — Fevereiro de 1951 — Rapport  de Yves Farge — Supl. “Temps  Nouveaux” — n.° 10  — 7-3-951 — pág. 36 — Moscou — em francês.
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Na “Ilha dos Pinguins”, Anatole France faz o professor Obnubile, em companhia de um intérprete, assistir a uma sessão do Congresso.
O presidente enumera as guerras desencadeadas pelo seu país para a abertura de novos j mercados.
“— Será que ouvi bem? — perguntou o professor.
“— Sem dúvida, respondeu o intérprete. Desde que uma de nossas indústrias não acha escoadouro para seus produtos, é preciso que uma guerra lhe abra novos mercados. Foi por isso que tivemos este ano uma guerra do carvão, uma guerra do cobre, uma guerra do algodão. Na Terceira Zelândia matamos dois terços dos habitantes a fim de obrigar o resto a nos comprar guarda-chuvas e suspensórios. ” in “Démocratie Nouvelle” — Ano 5.° — N.° 5 — Maio de 1951 — Pág. 50 — Paris.
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De acordo com o relatório do Presidente Truman, os lucros dos monopólios dos Estados Unidos subiram no primeiro semestre de 1951 de modo a pre- ver-se que chegará a 50 bilhões de dólares em todo o ano (contra 27,8 bilhões de dólares em 1949 e 40 bilhões de dólares em 1950).
Estes algarismos provam convincentemente no interesse de quem se realiza a corrida armamentista e a militarização da economia.
 Segundo  os dados do jornal financeiro “Wall Street  Journal”, os lucros das 11 corporações produtoras  de aviões aumentaram de 60,8%; das 12 corporações  produtoras de borracha sintética de 0,2% e das 14 corporações  metalúrgicas de 67,7%, etc.
  No  Conselho Econômico e Social da ONU — Declaração  do representante Soviético G.P. Arkadiev — Izvestia — 9 de agosto de 1951 — Pág. 3 — Moscou.
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Os fautores de guerra imperialistas multiplicam as calúnias contra o grande país do socialismo que têm a audácia de apresentar como tendo desígnios agressivos.
Essa política dos imperialistas foi brilhantemente denunciada por Stálin, na entrevista que concedeu recentemente a um jornalista do Pravda.
“O Premier Attlee, declarou Stálin, tem necessidade de mentir sobre a U.R.S.S. Tem necessidade de apresentar a política de paz da U.R.R.S. como uma política agressiva, e a política agressiva do governo inglês como uma política de paz para induzir em erro o povo Inglês, para dar curso junto a ele a essa mentira referente à U.R.S.S. e para arrastá-lo, assim, com essas mentiras, a uma nova guerra mundial organizada pelos meios dirigentes dos Estados Unidos. ”
Compreende-se que esta declaração do chefe do governo soviético tenha provocado a cólera dos caçadores de aventuras que vêem assim suas manobras expostas em público. Seu plano criminoso é, com efeito, preparar a extensão ao universo inteiro da guerra que já desencadearam na Coreia, mas queriam poder dissimular sua política de agressão multiplicando as calúnias, as canalhices antissoviéticas.
 Os  fautores de guerra querem levar a termo  com êxito a execução de seus projetos apresentando-se  como  constrangidos a preparar uma soit-disant guerra defensiva em face da pretensa  agressividade da União Soviética. Mas ai ainda, a entrevista de Stálin põe a nu a hipocrisia dos  imperialistas.
  Jacques  Duelos — L’antisoviétisme, arme des fauteurs  de guerre — in  “Démocratie Nouvelle” — Ano 50 _ n.º 4 — Abril de 1951 — Pág. 171 — Paris.
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O que aparece com uma força cada dia maior, é que a política de guerra dos governantas imperialistas se traduz por uma miséria crescente para as massas populares. Não é, com efeito, possível, levara bom termo simultaneamente uma política de desenvolvimento ao extremo dos armamentos e uma política de intensificação das produções de paz.
“Nem um só Estado, disse Stálin, pode — a U.R.S.S. também não mais do que os outros — desenvolver em grande escala toda a sua indústria civil, empreender grandes construções no gênero das centrais elétricas do Volga, do Dnieper, Amu-Dariá, que exigem dezenas de bilhões de despesas orçamentárias; seguir uma política sistemática de baixa de preços dos produtos de consumo corrente, o que exige também dezenas de bilhões de despesas orçamentárias; investir centenas de bilhões na restauração da economia nacional, arruinada pelos invasores alemães, e, ao mesmo tempo, simultaneamente, aumentar suas forças armadas, desenvolver a produção militar. Não é difícil compreender que tal política desarrazoada levaria o Estado à bancarrota.”
Frisando  com toda precisão as consequências inelutáveis da política de  guerra sobre as condições de existência das massas populares, a entrevista de Stálin não podia deixar de ter uma  profunda repercussão na consciência das massas populares que  fazem uma experiência cruel e pesada de ensinamentos.
  Jacques  Duclos — L’antisoviétisme, arme des fauteurs de guerre — in “Démocratie  Nouvelle” — Ano 5° -- N.° 4 — Abril de 1951 — Pág. 171 — Paris.
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A política do ponto Quatro aparece assim sob sua verdadeira luz, a despeito dos esforços dos defensores do “capitalismo progressista” para apresentá-lo como uma empresa filantrópica. O secretário de Estado Dean Achesson desvendou, aliás, seu verdadeiro caráter quando diante da Comissão senatorial dos negócios estrangeiros, declarou, a 30 de março do ano passado: “Creio que é uma ideia corrente que vamos construir grandes usinas e fábricas para os povos subdesenvolvidos. Isso não é verdade.” É difícil ver-se mais claro...
 De  fato, a industrialização anunciada por Truman  no seu discurso inaugural do ponto Quatro, a 20 de janeiro de 1949, situa-se no quadro tradicional da economia do  “pacto colonial”, que consiste em desenvolver exclusivamente as  indústrias complementares  das da metrópole. Como frisa William Z. Foster, presidente do Partido comunista  dos Estados Unidos, na notável obra que acaba de publicar sobre “A  história política das Américas”(3)  “o programa do ponto Quatro é fundamentalmente  uma tentativa de estender e reforçar a empresa do capitalismo monopolista dos Estados Unidos sobre os países  coloniais e semicoloniais, é uma arma  política e econômica do mesmo gênero que o piano  Marshall, para apertar o controle dos imperialistas americanos sobre  o conjunto do mundo capitalista.”
  Pierre  Courtade — Réalités  de Panticolonialisme americain — in “Démocratie Nouvelle” — Ano 5.° — N.° 5 — Maio de 1951 — Pág. 50 — Paris.
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... no século XVIII, a guerra da independência dos Estados Unidos foi a grande clarinada que tez erguer-se a classe média da Europa; a guerra de secessão, no século XIX, foi o toque de rebate que pôs em pé a classe operária europeia (Marx) com a criação da I Internacional; com a primeira guerra mundial, neste século, ao som da Internacional, o proletariado iniciou a sua marcha vitoriosa, com a conquista do Poder na Rússia; e a guerra que o imperialismo prepara nos dias atuais, contra o Socialismo invencível, é o canto de cisne da corruta e degenerada burguesia mundial, que será abafado pelos clangores das massas trabalhadoras, ao saudarem, sobre os escombros do mundo capitalista, o reino da liberdade e fraternidade que se instalará no mundo, iniciando, assim, o ciclo de uma verdadeira civilização.
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 Levar uma vida de miséria e de fome hoje, para amanhã se fazer matar no decurso das aventuras guerreiras dos imperialistas na Europa ou na Ásia, eis a perspectiva contra a qual é dirigido o esforço grevista dos trabalhadores dos países capitalistas. Por todo o tempo que este perigo ameaçar milhões de seres humanos, pode-se prever que esta luta irá ampliando-se e intensificando-se cada vez mais.
    Les luttes ouvriéres dans les pays capitalistes — in “Tempos Novos” — N.° 4 — 4-4-1951 — Pág. 2 — Moscou, em francês.
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Em menos de quarenta anos — duas guerras mundiais, nascimento e ascensão prodigiosa de um sistema socialista, perturbação das relações entre Estados capitalistas, formidável erupção do vulcão asiático — que mudança na perspectiva de vida de centenas e centenas de milhões de habitantes do globo! A aurora da liberdade ergue-se sobre imensas extensões que se dizia irremediavelmente atrasadas, e os impiedosos opressores, vítimas de sua própria rapacidade, tremem pelos alicerces mesmo de sua sociedade desumana! Esta curta mas prometedora história vale bem que se pare nela, a fim de precipitá-la, para o bem dos homens de todas as cores, todos irmãos.
    Joanny Berlioz — Sisteme colonial: Pillage et oppression — in “Démocratie Nouvelle” — Ano 5.° -- N.° 5 — Maio de 1951 — Pág. 3 — Paris.
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Podem acusar-nos de russófilos e americanófobos, mas é uma acusação falsa. Somos amigos de todos os povos, mas, é evidente, somos de opinião que devemos olhar com especial simpatia aos Estados que desejam contribuir para o progresso do Brasil, para a elevação do padrão de vida do povo brasileiro, que vive miseravelmente, na sua esmagadora maioria.
Notas de rodapé:
(1) Ludwell Denny — The Struggle for oil, 1934; Petroleum, 1930-1934; Petrol Times, 15 de agosto de 1936; World Petroleum, 1936. (retornar ao texto)
(2) J. STÁLIN — O Marxismo eo Problema Nacional e Colonial, pág. 164, E. S. I., Paris, 1937. (retornar ao texto)
(3) WILLIAM Z. FOSTER Outline Political History of the Américas. (retornar ao texto)