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No dia 7 de março de 1990 parou de bater o coração do líder comunista Luiz Carlos Prestes. Com 92 anos de Idade, Luiz Carlos Prestes desenvolvia uma vida política magnificamente intensa. O Brasil inteiro acompanhou com imensa expectativa os dias finais de agravamento do mal que lhe acometera. A permanência de seu corpo, durante dois dias,na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por onde desfilaram mais de 20 mil pessoas; a grande marcha de mais de 12 quilômetros, com mais de 6 mil pessoas, a pé, saudado com indescritível respeito pelas multidões que repetiam com entusiasmo o grito de confiança "Prestes na rua, o Socialismo continua" ou "De norte a sul, de leste a oeste, o povo todo grita Luis Carlos Prestes" ou se cantando a Internacional Comunista. No Cemitério São João Batista, a cerimonia de seu sepultamento foi inesquecível: salvas de tiro, palavras de ordem revolucionárias e discursos imprimiram àquele acontecimento histórico um sentimento de unidade da causa do povo; Leonel Brizola e Lula, que vieram também a pé, com o povo, discursaram. O espirito revolucionário do grande líder comunista deixava, ali, a semente da unidade política e ideológica, a única capaz de conduzir a luta para a emancipação do povo do jugo da espoliação econômica e da opressão política. O exemplo de abnegação revolucionaria, sem limites, dado por Luiz Carlos Prestes e o maior patrimônio que ele deixou como herança para o povo brasileiro. O agudo senso político, o desmascaramento constante da política das classes dominantes e do reformismo e a clareza de percepção do momento histórico e o legado inestimável deixado pelo Camarada Prestes. Aquele acontecimento demonstrou, sem sombras de duvida, que o nome de Luiz Carlos Prestes é a bandeira-guia para a luta revolucionária que levará nosso pais ao socialismo.
Luiz Carlos Prestes nasceu em 3 de janeiro de 1898, no Estado do Rio Grande do Sul e educou-se no Rio de Janeiro, onde se tornou oficial do exército, Dai, até a década de 1920, a historia mundial será marcada por uma intensa sucessão de acontecimentos que tem como causa a rápida expansão do imperialismo e a Revolução Soviética de 7 de novembro de 1917. O mundo inteiro estava, portanto, impregnado por uma densa atmosfera revolucionária. O jovem oficial do exercito brasileiro foi tomado deste espirito de inquietação contra a injustiça e o arbítrio, contra a opressão e a miséria. Tudo isso deu origem a Coluna Prestes e terminou por torná-la a causa de sua tomada de consciência política sobre a realidade brasileira. Assim, Luiz Carlos Prestes não foi somente o protagonista de um dos maiores fenômenos da historia humana mas, também, um produto seu. Os ideais revolucionários de Luiz Carlos Prestes tem suas origens aí e como tal se formam dentro de usa imensa nebulosa na qual se encontra o enorme atraso cultural de nosso povo e o desconhecimento das ideias revolucionárias de Karl Marx, Friedrich Engels e Wladimir Lenin. O único canal existente no Brasil para esse gênio político expressar a ação revolucionaria de nosso povo era o Partido Comunista do Brasil, cuja trajetória, de 1922 a década de 60, foi marcada por atos de heroísmo e de abnegação que dignificam a nossa historia política. No entanto, essa mesma organização carregava dentro de si três males de fundo, que contribuíram, decisivamente, para atravancar o processo revolucionário brasileiro: o burocratismo, o sectarismo e uma linha política atrasada, que partia da premissa de que o Brasil era um pais feudal, quando o país já era, desde as duas ultimas duas décadas da metade do século XIX, um país capitalista, absolutamente enquadrado dentro é o sistema imperialista. Desta forma, o Partido Comunista do Brasil constituiu-se num poderoso dique de contenção e de enfraquecimento do intenso potencial de carga revolucionaria de que Prestes era portador.
O aprofundamento da expansão imperialista no Brasil, levando a hegemonia do capital financeiro e do poder dos monopólios a seu mais elevado grau, fez surgir o capitalismo de Estado, aguçando o antagonismo entre o proletariado e a burguesia. Essa situação empurra a direção do PCB para posições cada vez mais à direita, guiados não mais pelo marxismo-leninismo, mas por ideias liberais, quer seja na esfera da vida econômica do pais ou na esfera de sua vida política, onde o "parlamentarismo burguês" e a "democracia burguesa" passam a ser seus verdadeiros dogmas de fé. No estágio atual do capitalismo, onde a livre iniciativa e a livre concorrência são velharias que o capitalismo financeiro já guardou no bau da historia — de uma historia que não volta mais — defender o liberalismo e colocar nas mãos do imperialismo o direito absoluto de exploração dos povos e do proletariado, a níveis de verdadeira vilania, como está acontecendo. A capitulação do PCB levou à liquidação como partido revolucionário. A saída do revolucionário e líder comunista Luiz Carlos Prestes de suas hostes foi decorrência de um processo histórico-natural.
Com a sua "Carta aos Comunistas", divulgada em 1980, Luiz Carlos Prestes faz a sua crítica e a sua autocrítica afirmando que o Brasil e um país plenamente capitalista e que a etapa atual da revolução brasileira é socialista e que não se pode, em nome de uma democracia abstrata, colocar o proletariado a reboque da burguesia, a serviço de seus interesses.
Quando Luiz Carlos Prestes constata a liquidação do Partido, orienta a sua luta no sentido da criação de um partido revolucionário. Diz, no entanto, que no Brasil inexiste uma cultura marxista a nível das militâncias, sendo, portanto, necessário estudar com afinco o marxismo-leninismo, conhecer a fundo a realidade brasileira e engajar-se integralmente nos movimentos de massa, particularmente no movimento sindical e destaca São Paulo como o centro de gravidade para realização dessa tarefa. Mesmo assim, sustenta que os verdadeiros revolucionários somente poderão surgir do seio da luta operaria e em condições de aguda luta de classes do proletariado contra a burguesia.
No encaminhamento desse processo de luta, Luiz Carlos Prestes definiu a luta pela quebra do monopólio da terra, a socialização dos meios de produção retidos hoje nas mãos dos monopólios, como tarefas atuais da revolução brasileira.
Contudo, o líder revolucionário comunista achava que a tarefa imediata e a conquista da mais ampla democracia para as massas proletárias, condição básica e indispensável para sua organização como classe e para o embate político contra o domínio de classe da burguesia, hoje inteiramente aliada ao imperialismo. Achava o Camarada Prestes, no entanto, que essa luta pelo poder passa, antes de qualquer coisa, pelo apeamento dos generais do poder. Esta é uma condição imprescindível para a ampliação das liberdades democráticas para as massas, ponto de partida para a luta pela tomada do poder da burguesia pelo proletariado. Taticamente, a conquista de um governo popular e democrático ainda é o caminho politicamente necessário. Prestes acreditava que a eleição de Leonel Brizola abriria caminho nessa direção. O seu apoio a Brizola era, portanto, um apoio meramente tático, por considerá-lo o único político que conseguia receber um apoio popular pelo seu passado político e pelas suas realizações como Governador de dois grandes Estados.
Luiz Carlos Prestes é, indiscutivelmente, a mais importante personalidade política produzida pela nossa historia, Deixou como exemplo para o proletariado brasileiro, para os seus camaradaras de luta e os seus inúmeros amigos, um exemplo de vida, de honradez, de dignidade, de coerência e pertinácia política e a mais profunda dedicação à causa revolucionaria. A morte do grande líder comunista, no entanto, não é o fim de um passado de lutas em busca do socialismo é, apenas, a constatação de que o povo brasileiro sabe produzir verdadeiros revolucionários e que a historia, ao fim e ao cabo, emergirá do amplíssimo movimento de massas que conduzira o Brasil ao Socialismo.
Os companheiros de Luiz Carlos Prestes, agora mais do que nunca, estão conscientes da necessidade de efetivar seus ideais.
Luiz Carlos Prestes viverá sempre na nossa memória.
| Inclusão | 06/05/2014 |