Os Principais Marcos Históricos da Vida e da Atividade de Stálin

Emelyan Yaroslavsky


A Luta pela Industrialização Socialista (1926-1929)


Karl Marx e Friedrich Engels legaram ao movimento operário internacional apenas um esboço geral, ainda que estrategicamente decisivo, das transformações estruturais que a sociedade capitalista deveria sofrer após a conquista do poder político pela classe proletária. No “Manifesto do Partido Comunista”, ambos delinearam um conjunto de medidas fundamentais que o proletariado, erigido em classe dominante, deveria implementar no caso de sua vitória revolucionária. Tal programa comunista, contudo, permaneceu inaplicado até que o proletariado russo, sob a direção do Partido Bolchevique, conquistasse o poder do Estado em 1917. A breve, embora heroica, experiência da Comuna de Paris, ainda que tenha iniciado a adoção de certas medidas, não logrou tempo ou condições objetivas suficientes para que o proletariado francês realizasse integralmente aquele programa revolucionário.

Foi apenas com os primeiros anos do regime soviético que se criou a possibilidade histórica concreta de implementação de um conjunto de medidas fundamentais, destinadas a corroer de forma irreversível os alicerces da dominação da burguesia, destacando-se entre elas a nacionalização da terra, transferida aos camponeses para uso direto; bem como a estatização das indústrias, das minas, dos transportes e do sistema bancário.

Todavia, no contexto adverso da Guerra Civil e da intervenção estrangeira, as condições materiais e políticas exigiram o adiamento do plano mais sistemático de construção das bases econômicas do socialismo. Apenas diretrizes gerais haviam sido delineadas — por um lado, no programa do Partido Bolchevique aprovado no seu 8º Congresso; por outro, em um conjunto de escritos ditados por Lênin entre janeiro e março de 1923, já gravemente enfermo e às vésperas de sua morte. Esses artigos, a saber:

Essas obras compõem, em seu conjunto, a formulação essencial de um programa no qual Lênin desenvolve sua concepção do plano cooperativo, traçando um projeto de reconstrução socialista da economia nacional, baseado simultaneamente na industrialização do país e na coletivização progressiva da agricultura.

Lênin ressaltou que, uma vez consolidada a ditadura do proletariado, com os principais meios de produção nas mãos do Estado soviético e o campesinato dirigido politicamente pelo proletariado, a via das cooperativas — isto é, da reorganização da pequena produção camponesa em moldes coletivos — conteria, em si mesma, todos os elementos necessários para a edificação completa da sociedade socialista.

No entanto, o que ainda faltava à União Soviética era precisamente “civilização” — ou seja, um nível cultural e técnico suficiente para permitir o florescimento das novas relações de produção. Dizia Lênin:

Dizeis que, para construir o socialismo, é necessária civilização. Muito bem — não negamos tal necessidade. Mas, nesse caso, por que razão não poderíamos começar por criar em nosso país as premissas básicas da civilização, tais como a expulsão dos latifundiários e dos capitalistas russos, e somente depois disso, então, iniciar conscientemente o movimento rumo ao socialismo? Em que livros leu, exatamente, que alterações desse tipo na sequência histórica “normal” seriam inadmissíveis ou mesmo impossíveis?

Recordo que Napoleão escreveu certa vez: “On s’engage et puis on voit” — o que, traduzido livremente, significa: “Primeiro combatemos, e depois veremos”. Pois bem: foi exatamente isso que fizemos em outubro de 1917 — iniciamos o combate decisivo, e, em seguida, fomos descobrindo os desdobramentos concretos do processo (desdobramentos que, do ponto de vista da história universal, não passam de detalhes), como, por exemplo, a Paz de Brest-Litovski ou a Nova Política Econômica (NEP). E hoje, com base na experiência acumulada, não resta dúvida de que, no essencial, vencemos.

Sem qualquer possibilidade real de recorrer à ajuda externa, advertia Lênin, o país deveria encontrar, por seus próprios meios e recursos internos, as vias necessárias para promover sua industrialização e eletrificação — o que exigiria um esforço sistemático de economia rigorosa e contenção estratégica.

Desde que a direção consciente e organizada da classe operária sobre o campesinato seja mantida, teremos a possibilidade de, mesmo sob um regime de estrita economia estatal, aplicar cada centavo poupado ao fortalecimento da indústria de grande escala e mecanizada, ao desenvolvimento da eletrificação, à exploração racional da turfa por via hidráulica, à conclusão da construção da usina hidrelétrica do Volkhov, e a outros empreendimentos estratégicos.

É precisamente nisso — e unicamente nisso — que reside a nossa esperança histórica. Somente então estaremos em condições de, utilizando uma imagem ilustrativa, “trocar de cavalo”: abandonar o cavalo exaurido do camponês pobre, o cavalo da economia atrasada de um país agrário arruinado, e montarmos no cavalo que a classe operária necessita e não pode deixar de buscar: o cavalo da grande indústria mecanizada, da eletrificação, da central hidrelétrica do Volkhov, e do desenvolvimento das forças produtivas do socialismo.

Lênin nutria uma convicção profunda e inabalável de que o Partido deveria seguir, com firmeza e disciplina, o único caminho historicamente correto — o da construção socialista — e assegurar que essa via conduzisse, com êxito, à transformação concreta da Rússia da Nova Política Econômica (NEP) em uma autêntica Rússia socialista.

É necessário, portanto, recordar sob quais condições extraordinariamente adversas o Partido Comunista teve de empreender a execução dessas diretrizes legadas por Lênin, ao mesmo tempo em que iniciava o colossal processo de industrialização socialista do país. Sob a direção de Stálin, o Partido havia logrado superar as dificuldades do período de restauração pós-revolucionária, dificuldades essas que se manifestavam principalmente no plano interno, como resultado direto da miséria generalizada e da devastação provocada pela guerra imperialista e pela Guerra Civil, bem como pelos ataques persistentes e traiçoeiros das correntes trotskistas e de outros inimigos declarados do bolchevismo.

Contudo, as dificuldades de caráter internacional não eram de menor envergadura. O cerco capitalista, materializado nas investidas hostis das potências imperialistas, procurava explorar cada fragilidade do poder soviético para tentar destruí-lo, razão pela qual tais ofensivas precisavam ser enfrentadas com a mais resoluta firmeza.

Em maio de 1927, os círculos mais reacionários da burguesia britânica provocaram deliberadamente a ruptura das relações diplomáticas e comerciais entre a Grã-Bretanha e a URSS. No mês seguinte, em junho de 1927, agentes da guarda branca russa, atuando em Varsóvia, assassinaram o camarada Voikov, embaixador soviético na Polônia, em um ato claramente calculado para provocar a União Soviética a reagir de forma precipitada, o que serviria como pretexto para deflagrar uma guerra e legitimar uma intervenção armada por parte das potências imperialistas ocidentais. Esses atos de provocação estavam, aliás, articulados com a atuação cúmplice da oposição trotskista, cujos principais dirigentes — Trotsky, Rakovsky, Zinoviev, Kamenev e outros — já se encontravam engajados abertamente em atividades conspiratórias contra o Partido e o Estado socialista.

A essas dificuldades somava-se o imenso desafio de encontrar os meios necessários para financiar, com recursos próprios e sem ajuda externa, o ambicioso plano de industrialização socialista. Tornava-se imperativo levantar, em curto prazo, complexos industriais de grande porte, erguer uma indústria moderna e poderosa voltada à produção de máquinas e armamentos, e estabelecer fábricas dedicadas à produção de tratores e equipamentos agrícolas mecanizados — sem os quais a libertação da Terra dos Sovietes do cerco capitalista restaria inviabilizada. A coletivização da agricultura, por conseguinte, impunha-se como necessidade estratégica incontornável, uma vez que sem sua realização plena, a eliminação dos kulaks como classe exploradora permaneceria uma tarefa inacabada.

No final de 1925, reapareceu em cena a facção oportunista representada pela camarilha Kamenev-Zinoviev, retomando suas tentativas de sabotagem do curso socialista traçado pelo Partido. Já anteriormente, por ocasião do 14º Congresso, esses elementos haviam empreendido uma ofensiva contra a linha leninista. Para enfrentar e derrotar tal ofensiva, o Partido decidiu enviar alguns de seus mais devotados quadros bolcheviques a Leningrado, sob a direção de Sergei Kirov — revolucionário em quem Stálin depositava profunda confiança, tanto por sua lealdade ao Partido, quanto por sua capacidade organizativa e seu talento como tribuno fervoroso da revolução socialista.

Em fevereiro de 1926, durante a realização do 6ª Plenária Ampliada do Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC), Stálin proferiu críticas vigorosas tanto à oposição de direita quanto aos esquerdistas, que, sob formas distintas, expressavam desvios comuns frente à justa linha do Partido. Nesse período, destacam-se suas inúmeras intervenções teóricas e políticas contra os trotskistas e demais inimigos internos, incluindo seu discurso pronunciado na Plenária conjunta do Comitê Central e da Comissão Central de Controle, em 15 de julho de 1926, suas teses sobre o bloco oposicionista apresentadas à 15º Conferência do PCUS(B), bem como seu relatório político e a resposta ao debate ocorrido na mesma conferência, realizada em novembro daquele ano, centrado na questão do “Uma vez mais sobre o desvio social-democrata em nosso Partido”.

Ao longo dessas intervenções e em outras ocasiões correlatas, Stálin construiu uma crítica teórica profundamente fundamentada contra a oposição internacional aa Comintern e ao bolchevismo, desmascarando o caráter reacionário e essencialmente contrarrevolucionário do trotskismo, e antecipando, com notável clarividência histórica, a trajetória degenerativa inevitável dessa corrente, que a levaria à completa capitulação diante do imperialismo.

Mesmo que, ao contrário de hoje, o Partido ainda não dispusesse de provas documentais conclusivas sobre os vínculos da oposição trotskista com serviços de inteligência estrangeiros, Stálin, com base no método marxista-leninista e em criteriosa análise teórica, demonstrou com clareza o conteúdo político reacionário e as práticas convergentes entre os diversos grupos antibolcheviques, expondo e denunciando o trotskismo como a expressão mais acabada da traição à causa do socialismo e à ditadura do proletariado.

As intervenções de Stálin acerca da questão chinesa assumiram papel de relevância no processo de formação bolchevique dos quadros da Internacional Comunista, ao oferecerem uma análise clara, coerente e materialista do desenvolvimento concreto da revolução no Oriente. Dentre essas contribuições destacam-se: “Sobre as perspectivas da revolução na China”; sua intervenção na Comissão Chinesa do CEIC, datada de 30 de novembro de 1926; as teses “Tarefas da Revolução Chinesa”, dirigidas aos propagandistas; sua “Palestra com os Estudantes da Universidade Sun Yat-Sen”, em 13 de maio de 1927; bem como o discurso proferido em 24 de maio de 1927, durante a 8ª Plenária do CEIC, no qual abordou as tarefas estratégicas da Internacional Comunista frente à revolução chinesa. A essas intervenções somam-se seus trabalhos posteriores dedicados à formulação programática do movimento comunista internacional, especialmente aqueles que resultaram no programa aprovado no 6º Congresso da Comintern — um documento de notável importância histórica, cuja elaboração contou decisivamente com a intervenção teórica e política de Stálin.

Em junho, analisou com profundidade os desdobramentos da greve geral na Inglaterra e os acontecimentos em curso na Polônia; já em junho de 1926, dirigiu-se aos operários das oficinas ferroviárias da Transcaucásia, em Tíflis;. No mesmo ano, em novembro, apresentou à 15ª Conferência do PCUS(B) o relatório intitulado “O desvio social-democrata em nosso Partido”; e, em dezembro, interveio na 7ª Plenária Ampliada do CEIC com o discurso “Uma vez mais sobre o desvio social-democrata em nosso Partido”, no qual desenvolveu, com clareza cristalina e força argumentativa, tanto a doutrina de Lênin quanto sua própria linha a respeito da possibilidade histórica e teórica da vitória do socialismo em um só país — a União Soviética — mesmo sob as condições objetivas do cerco imperialista mundial.

Uma vez restaurada a economia nacional após os anos devastadores da guerra, o Partido passou a concentrar suas forças na fase superior da Revolução, isto é, na construção socialista em larga escala — tarefa para a qual se tornava imperioso que as massas populares compreendessem, de maneira consciente e politicamente orientada, os objetivos e o conteúdo dessa nova etapa histórica.

Não é possível avançarmos seriamente na construção do socialismo sem sabermos, com clareza, para onde nos dirigimos, sem a consciência nítida do objetivo histórico que orienta o nosso movimento. Não se pode edificar um novo sistema social às cegas, sem perspectivas estratégicas bem definidas, sem a convicção de que, tendo iniciado a edificação de uma economia socialista, possuímos não apenas os meios, mas a firme vontade de levá-la a termo, até sua conclusão vitoriosa. Sem essa clareza de rumo, sem metas precisas e finalísticas, o Partido perde sua capacidade de orientar, dirigir e centralizar o trabalho de construção econômica.

Não podemos permitir que a política do Partido se molde ao preceito reformista de Bernstein: “O movimento é tudo, o objetivo não é nada”. Pelo contrário, enquanto revolucionários forjados na luta de classes, devemos subordinar cada passo de nosso avanço prático, cada ação cotidiana, ao objetivo estratégico e histórico do proletariado: a edificação integral do socialismo. Negligenciar essa subordinação significa, inevitavelmente, escorregar para o pântano lodoso do oportunismo político e teórico.

Mais ainda: se não definirmos com rigor as perspectivas do nosso trabalho construtivo, se faltar a certeza inabalável de que o socialismo é realizável até o fim, as massas trabalhadoras não poderão participar de maneira consciente e ativa desse processo. Tampouco poderão exercer, de forma dirigente, sua hegemonia sobre o campesinato. Pois, onde não há a certeza da vitória, não pode haver a vontade de lutar. E quem se lançaria na tarefa gigantesca da construção socialista se estivesse convencido de antemão de que o edifício não será concluído? A ausência de perspectivas socialistas claras enfraquece, de maneira inevitável, a vontade revolucionária do proletariado de construir o socialismo.

E, se essa vontade vacila, abre-se espaço para o fortalecimento dos elementos capitalistas ainda remanescentes em nossa economia. Pois construir o socialismo nada mais é do que suplantar, submeter e eliminar progressivamente esses elementos capitalistas sobreviventes. O pessimismo e o derrotismo dentro das fileiras operárias não apenas comprometem a construção, mas oferecem combustível ideológico e político para os capitalistas, que passam a acalentar novas esperanças de restauração.

Assim, todo aquele que ignora — ou, pior, nega — a importância decisiva das perspectivas socialistas no trabalho construtivo, atua, conscientemente ou não, como aliado objetivo da restauração capitalista, alimentando, ainda que de forma encoberta, o espírito de rendição.

Finalmente, é necessário compreender que qualquer enfraquecimento da vontade proletária de derrotar os elementos capitalistas internos tem repercussões internacionais imediatas. Tal fraqueza objetiva implica um atraso na eclosão da revolução mundial. O proletariado internacional acompanha com atenção vigilante a experiência soviética de construção do socialismo; observa nossas vitórias e nossos avanços com a esperança firme de que saberemos levar essa obra até o fim. O número crescente de delegações operárias oriundas do Ocidente que vêm visitar nossas fábricas, nossas fazendas coletivas, nossas escolas técnicas e nossas usinas, atesta que nossa luta no front da construção socialista possui uma importância internacional incontornável, pois projeta no movimento operário mundial a esperança de que o socialismo é viável, que ele pode triunfar.

Aqueles que pretendem apagar as perspectivas socialistas da construção econômica soviética, ao fazê-lo, buscam extirpar essa esperança das consciências do proletariado internacional. E quem se põe a enfraquecer a esperança da vitória socialista nos corações dos trabalhadores do mundo, comete um atentado direto contra os fundamentos mais elementares do internacionalismo proletário.

A 15ª Conferência concluiu, com base nesse diagnóstico, que medidas imediatas deveriam ser tomadas para consolidar, no sistema econômico do país, a posição dirigente e predominante da indústria socialista de grande escala. Stálin consagrou a essa tarefa histórica toda a sua atenção política, sua energia revolucionária, sua tenacidade indomável e sua firmeza de princípios. A magnitude de seu envolvimento pessoal, inclusive no acompanhamento direto de cada nova unidade produtiva, torna-se difícil até mesmo de conceber. Stálin supervisionava atentamente o desenvolvimento de cada empreendimento industrial, valorizando cada conquista como um jardineiro zeloso que protege os primeiros rebentos da nova ordem socialista. Estimulava o surgimento de novos quadros, observava com minúcia cada nova manifestação da vida produtiva e cultural do proletariado, tanto nas fábricas quanto no campo, e iluminava — com a tocha do pensamento marxista-leninista — o caminho da vitória socialista.

Sua atuação se caracterizava por uma incansável busca de meios para acelerar o avanço da revolução, por um combate resoluto contra quaisquer tentativas de desviar o Partido de sua rota e por uma postura intransigente diante de todos os elementos hostis ao processo de edificação do comunismo. E mesmo em meio à intensidade de sua responsabilidade dirigente e à vastidão das tarefas que se acumulavam, Stálin encontrava tempo para escrever, para orientar a linha teórica do Partido e para receber delegações estrangeiras. Assim, em abril de 1927, vieram à luz suas teses “Problemas da Revolução Chinesa”; em 28 de julho do mesmo ano, publicou o artigo “Comentários sobre temas atuais”; em setembro, concedeu uma “Entrevista à primeira delegação operária dos Estados Unidos”; e, em novembro, dialogou com delegações de trabalhadores estrangeiros, publicando ainda, nesse contexto, o artigo “O Caráter Internacional da Revolução de Outubro”, incluído posteriormente na coletânea “Leninismo”.

É necessário recordar que os materiais tornados públicos pela imprensa representam apenas uma pequena fração do trabalho cotidiano de Stálin — um trabalho que incluía a emissão constante de instruções aos organismos do Partido e aos responsáveis pelos distintos setores da economia, da cultura e da administração pública soviética, bem como a resposta direta, criteriosa e incansável a uma multiplicidade de correspondências e pedidos oriundos de todo o vasto território soviético.

Em sua prática dirigente, Stálin condensou e sistematizou a imensa experiência acumulada tanto no processo concreto de edificação do socialismo na União Soviética quanto no Movimento Comunista Internacional (MCI) em seu conjunto, enriquecendo de forma contínua e criadora a teoria marxista-leninista com aportes fundamentais. No centro dessa contribuição encontra-se a doutrina do internacionalismo proletário — verdadeira pedra de toque de todo o seu trabalho teórico e prático —, mediante a qual compreendia e ensinava que a consolidação da força da União Soviética, enquanto bastião avançado do proletariado mundial, constituía uma tarefa histórica de primeira ordem para a classe operária de todos os países, pois esta era, por excelência, a pátria do trabalho e o lar em formação do comunismo.

No contexto da reconstrução socialista da agricultura, Stálin atribuiu especial importância à tarefa de incorporar, de forma consciente e organizada, a massa da população rural ao movimento de edificação socialista. O trabalho sistemático desenvolvido pelo Partido sob sua direção, nesse período, lançou as bases para o surgimento de um vasto e poderoso movimento de massas orientado à coletivização das zonas rurais, cujo desdobramento posterior alteraria profundamente as relações sociais e produtivas no campo soviético.

A análise das resoluções do Partido, das decisões tomadas nas sessões plenárias do Comitê Central e da CEIC, bem como dos debates da 15ª Conferência e do 15º Congresso do Partido, evidencia com clareza que uma parte expressiva das forças e energias do Partido foi dirigida à luta encarniçada contra os inimigos do bolchevismo — em particular, contra a assim chamada “Oposição Unificada”, a qual, em seu curso degenerativo, afundava-se progressivamente no pântano da contrarrevolução, da traição aberta e da conspiração contra a linha revolucionária do Partido. Esta foi uma luta política e ideológica conduzida com firmeza e lucidez por Stálin, e é precisamente por isso que ele se converteu no principal alvo dos ataques desfechados pelos traidores da causa proletária — os quais, não satisfeitos em conspirar contra o Partido, tramaram também atentados contra sua vida e contra a de outros dirigentes bolcheviques.

A partir do outono de 1927, os ataques da fração trotskista intensificaram-se de maneira particularmente virulenta. Eles passaram a sabotar abertamente as resoluções do Partido, advogaram a formação de um novo partido com o objetivo explícito de restaurar o capitalismo na Rússia Soviética, e empreenderam, em paralelo, uma campanha sistemática de calúnias, provocações e alianças com os serviços de inteligência de Estados imperialistas. Essa atuação contrarrevolucionária visava criar, a partir de dentro, as condições políticas e ideológicas para uma intervenção armada contra a ditadura do proletariado.

Diante desse cenário, o 15º Congresso do Partido, após escutar o informe político de Stálin, declarou formalmente que a oposição trotskista havia rompido com o leninismo e degenerado em um agrupamento de tipo menchevique, adotando uma plataforma política que representava, de fato, a capitulação incondicional à burguesia nacional e internacional, convertendo-se, por consequência, em instrumento funcional de uma terceira força hostil à revolução socialista e à ditadura do proletariado. Em conformidade com essa análise, o Congresso decidiu pela expulsão desses elementos das fileiras do Partido e, simultaneamente, adotou o curso político da intensificação da industrialização socialista e da coletivização agrícola, por meio de uma ofensiva determinada contra os kulaks e pela liquidação definitiva de todos os resquícios capitalistas ainda presentes no campo.

A partir dessas resoluções, elaborou-se o Primeiro Plano Quinquenal, o qual deve ser compreendido como a expressão programática do novo curso histórico adotado pelo Partido — um plano de ofensiva socialista em larga escala, gestado sob a direção política de Stálin e calcado no princípio do desenvolvimento autossuficiente da economia soviética.

Contudo, logo após a derrota e expulsão da fração trotskista, emergiu no cenário político interno uma nova ameaça: os direitistas, liderados por Rykov, Bukhárin, Tomsky e outros, os quais, até então, dissimulavam suas divergências com a linha do Partido e, por oportunismo, fingiam combater os trotskistas. Essa fração direitista passou, então, a crescer em influência e tornou-se, naquele contexto, o principal perigo político interno. A crítica do Partido concentrou, portanto, seu fogo mais cerrado sobre essa corrente oportunista, cuja política objetiva era conter a industrialização socialista, deter a coletivização e, ao final, restaurar as relações capitalistas de produção.

Mais uma vez, coube a Stálin assumir a dianteira dessa luta. Em 28 maio de 1928, ele tomou a iniciativa da crítica direta contra a Direita, numa conferência proferida aos estudantes do Instituto de Professores Vermelhos, da Academia Comunista e da Universidade de Sverdlov. Nessa ocasião, alertava de maneira categórica que retardar ou sabotar o desenvolvimento da indústria pesada seria um gesto suicida, pois, como dizia:

Deveríamos nós, porventura, em nome de uma suposta “prudência” econômica — frequentemente invocada como justificativa para a hesitação oportunista —, postergar o desenvolvimento prioritário da indústria pesada, a fim de conceder primazia à indústria leve, voltada essencialmente para o abastecimento do mercado camponês? A resposta a essa proposta é categórica: sob nenhuma hipótese! Tal orientação não apenas seria errônea do ponto de vista tático, mas suicida do ponto de vista estratégico. Ao inverter a hierarquia do processo de industrialização, estaríamos comprometendo os alicerces mesmos de toda a nossa estrutura industrial, inclusive da própria indústria leve, que não poderia, a longo prazo, sustentar-se sem a base técnico-material fornecida pela indústria pesada. Seguir por esse caminho equivaleria, em última instância, a abdicar da palavra de ordem fundamental da industrialização socialista e a converter a economia soviética em um apêndice subordinado da economia capitalista mundial.

Em 19 de outubro de 1928, Stálin interveio de maneira decisiva na Assembleia do Comitê de Moscou e da Comissão de Controle do PCUS(B), a fim de abordar com clareza o perigo crescente representado pela direita no interior do Partido. Advertiu que os elementos direitistas haviam iniciado uma aproximação oportunista com os kulaks, buscando, por meio dessa aliança reacionária, frear o avanço da linha revolucionária do Partido. Diante disso, convocou os quadros e militantes à luta política e ideológica resoluta contra esse novo desvio oportunista, afirmando de forma categórica:

Qual desses perigos seria o mais grave? Diria, com precisão, que ambos são perigosos — e que, portanto, ambos devem ser enfrentados com igual vigilância e firmeza. No entanto, a diferença entre os dois, do ponto de vista da eficácia da luta partidária contra eles, reside no fato de que o desvio esquerdista — particularmente em sua expressão trotskista — já se apresenta com maior clareza política aos olhos do Partido, ao passo que o desvio direitista, embora não menos nocivo, surge ainda encoberto para certos setores de nossas fileiras.

É natural que, após anos de combate intenso e sistemático ao trotskismo e às suas manifestações, o Partido tenha acumulado experiência política suficiente para reconhecer, desmascarar e rechaçar os elementos esquerdistas. Hoje, já não é tarefa fácil enganar o Partido com frases radicais vazias, com pseudo-revolucionarismo de fachada.

Por outro lado, o desvio de direita, embora tenha sempre existido em potencial sob as condições da transição socialista, manifesta-se agora com contornos mais definidos, impulsionado pelo fortalecimento das tendências derrotistas da pequena-burguesia e pela recente crise de abastecimento de trigo. É por isso que, sem atenuar de forma alguma a luta contra o trotskismo, devemos intensificar decididamente o combate contra o oportunismo de direita, tomando todas as medidas políticas e organizativas necessárias para que este perigo se torne tão visível, tão politicamente nítido para o Partido quanto já o é o trotskismo.

A gravidade do desvio direitista está ligada ao fato de que ele se inscreve no terreno concreto das dificuldades enfrentadas no curso do nosso desenvolvimento socialista. É precisamente por isso que sua existência aprofunda essas dificuldades e dificulta sua superação. O oportunismo de direita se torna, assim, um fator ativo de desorganização, ao comprometer a luta do Partido para ultrapassar as contradições do processo de transição. Justamente porque o desvio de direita enfraquece a disposição revolucionária de enfrentar e vencer as dificuldades, sua liquidação se converte numa tarefa política de primeira grandeza.

Cabe, aqui, uma palavra sobre a natureza dessas dificuldades. Não se trata de dificuldades de estagnação ou de decadência, como ocorre sob o regime burguês em crise. Trata-se de dificuldades de crescimento, de desenvolvimento, de avanço. Há dificuldades que emergem quando uma economia está em declínio — nesses casos, o esforço é dirigido a retardar a queda, a mitigar os efeitos do colapso. As nossas, no entanto, são dificuldades próprias de um sistema em ascensão.

Quando nos referimos às dificuldades atuais, falamos do aumento necessário da produção industrial, da ampliação da superfície cultivada, do crescimento das colheitas, da elevação dos padrões técnicos e culturais. Justamente por serem dificuldades de desenvolvimento, elas não constituem uma ameaça estrutural à revolução, mas representam, sim, obstáculos que exigem a máxima concentração de forças, firmeza de direção e energia política.

Contudo, nem todos estão dispostos a suportar essa tensão revolucionária prolongada. Entre nós, há quem, por fadiga, desânimo ou desejo de uma vida política mais “tranquila”, começa a vacilar, a oscilar, a buscar atalhos e linhas de menor resistência. Daí surgem as especulações sobre “desacelerar” o ritmo da industrialização, as propostas de conciliação com os elementos capitalistas, as dúvidas quanto à necessidade dos kolkhozes e dos sovkhozes, a nostalgia de uma estabilidade passiva, de um cotidiano sem choques e sem transformações.

Mas não há construção socialista possível sem a superação corajosa das dificuldades objetivas que se colocam diante de nós. E superar essas dificuldades implica, antes de tudo, liquidar o perigo de direita — combatê-lo não apenas em palavras ou por obrigação formal, mas na prática cotidiana do Partido.

Infelizmente, há no seio do Partido camaradas que se limitam a proclamar verbalmente sua oposição ao oportunismo direitista, como quem recita orações para cumprir um ritual, sem empreender uma única ação concreta para derrotá-lo na realidade. Esse comportamento, que poderíamos chamar de tendência conciliadora frente ao desvio de direita, constitui, em si mesma, uma manifestação de oportunismo. É impossível vencer o desvio direitista — que mina a luta do proletariado e sabota a transição ao socialismo — sem travar, em paralelo, uma luta igualmente inflexível contra essa corrente conciliadora, que encobre os oportunistas e lhes presta cobertura política sob o pretexto da unidade ou da disciplina formal.

Assim como na luta contra o trotskismo, a ação dos direitistas — expressão ideológica dos restauradores em potencial do capitalismo — reacendia os ânimos e as esperanças de todos os inimigos do Estado Soviético e do Partido Bolchevique. Nesse mesmo período, teve início o julgamento do infame grupo de sabotadores do distrito de Shakhty. Tratava-se de um conjunto de técnicos ligados à velha ordem czarista, que, embora houvessem permanecido na URSS após a Revolução de Outubro, atuavam clandestinamente sob instruções de capitais estrangeiros e círculos contrarrevolucionários russos exilados, tendo se transformado numa organização voltada à sabotagem industrial e à subversão econômica do poder soviético.

No informe apresentado à sessão plenária do Comitê Central e da Comissão de Controle, Stálin destacou que o “Processo de Shakhty” não podia ser encarado como um episódio isolado, mas sim como parte de uma ofensiva mais ampla do capital internacional, cujos agentes internos buscavam minar os alicerces da economia socialista. O julgamento representava, nesse sentido, uma tentativa concreta de ingerência estrangeira nos assuntos internos da União Soviética — não pela via militar direta, mas mediante a sabotagem e a infiltração econômica.

Tornou-se evidente, a partir daquele momento, que muitos dos especialistas técnicos formados sob o regime autocrático e não-exilados após a Revolução nutriam ressentimento profundo e hostilidade ativa contra o novo regime, o que se manifestava, de forma inequívoca, nas práticas reveladas pelo julgamento. Stálin compreendeu, com a precisão tática que o caracterizava, que a única resposta possível a essa ameaça era a formação urgente de um novo contingente de técnicos e intelectuais oriundos das fileiras da classe operária — quadros cuja lealdade à Revolução de Outubro fosse inquestionável. A tarefa consistia em não apenas enfrentar as dificuldades objetivas, mas em extrair delas lições práticas, forjando uma nova vanguarda técnico-política para a construção do socialismo.

Em abril de 1929, durante seu discurso na Assembleia do Comitê Central sobre o desvio direitista no PCUS(B), Stálin elevou ao centro do debate a necessidade da crítica e, sobretudo, da autocrítica revolucionária como instrumento vivo do Partido na luta contra os erros internos e as tentações oportunistas. Proclamou:

Tudo teve início quando, a partir do Processo de Shakhty, recolocamos em pauta, com renovado vigor e sob nova luz, a questão estratégica da formação de quadros econômicos. Tornou-se evidente a necessidade urgente de formar especialistas vermelhos, oriundos diretamente das fileiras da classe operária, capazes de substituir — com competência técnica e firmeza ideológica — os antigos especialistas formados sob a velha ordem burguesa.

O que revelou, afinal, o Processo de Shakhty? Revelou, antes de tudo, que a burguesia — longe de ter sido completamente esmagada — seguia ativa, organizada e decidida a resistir à construção do socialismo. Mostrou que continuava a recorrer à sabotagem como instrumento tático para obstruir o avanço de nossa edificação econômica. Mostrou também que nossas organizações econômicas, sindicais e até mesmo, em certa medida, partidárias, falharam em detectar e impedir essas ações subterrâneas dos inimigos de classe.

Essa constatação exigia de nós uma resposta à altura: a mobilização de todos os recursos políticos e organizativos disponíveis para reforçar, depurar e elevar a vigilância de classe de nossas instituições. Era necessário não apenas reorganizar tecnicamente o aparelho econômico, mas também infundir nele um novo espírito de militância, de atenção política, de intolerância contra qualquer forma de complacência ou passividade diante do inimigo interno.

Foi nesse contexto que a palavra de ordem da autocrítica emergiu com renovada centralidade. Por quê? Porque é impossível aprimorar de forma real e profunda nossas organizações econômicas, sindicais e partidárias — é impossível avançar na construção do socialismo e conter eficazmente as tentativas de sabotagem da burguesia — sem desenvolver a crítica e a autocrítica até seu grau máximo. É necessário, acima de tudo, submeter o funcionamento das nossas instituições ao controle direto, ativo e constante das massas trabalhadoras.

Os atos de sabotagem não foram isolados, tampouco restritos às minas de carvão. Eles ocorreram — e continuam ocorrendo — nas indústrias metalúrgicas, nas fábricas de armamentos, nos serviços do Comissariado do Povo para os Transportes, nas indústrias de extração de ouro e platina, e em diversas outras áreas estratégicas da economia nacional. Daí a imperiosa necessidade de elevar o princípio da autocrítica ao centro de nossa política organizativa.

A esse quadro se somam as dificuldades enfrentadas na coleta de grãos e a intensificação da resistência dos kulaks à política de preços do Estado soviético. Em resposta a esse desafio, intensificamos a ênfase na construção dos kolkhozes e dos sovkhozes, e desencadeamos uma ofensiva política e econômica contra os kulaks, visando organizar a coleta de grãos por meio da aplicação de pressão direta sobre os elementos capitalistas do campo — os kulaks e os camponeses abastados.

O que revelaram essas dificuldades no campo? Revelaram que o kulak não havia sido neutralizado; que, ao contrário, crescia e se fortalecia; que ele operava ativamente para minar a política do poder soviético. Revelaram também que muitas de nossas organizações — partidárias, soviéticas e cooperativas — ou não reconheciam o inimigo em seu devido lugar, ou, pior ainda, adaptavam-se covardemente a ele, em vez de combatê-lo com firmeza de classe.

É nesse contexto — de resistência burguesa ativa e de falhas internas de vigilância — que a palavra de ordem da autocrítica assume novamente um papel fundamental. A autocrítica torna-se o instrumento imprescindível para desencadear um processo geral de controle, correção e aperfeiçoamento sistemático das organizações partidárias, cooperativas e de abastecimento, garantindo que estejam alinhadas com os objetivos da luta de classes e da construção socialista.

Stálin deixou claro que essa palavra de ordem não se limitava à retórica interna, mas era expressão concreta e indispensável das tarefas revolucionárias em curso. A crítica e a autocrítica deviam servir como método de correção permanente para as ações do Partido e dos organismos soviéticos. Tais medidas tornavam-se ainda mais indispensáveis na execução das tarefas fundamentais definidas pelo Partido naquele momento histórico: o desenvolvimento pleno das cooperativas agrícolas e das fazendas estatais; a intensificação da luta contra os kulaks como classe; a organização racional e planificada da coleta estatal de grãos; o aperfeiçoamento das estruturas partidárias e administrativas; a eliminação da burocracia nos sindicatos e nos órgãos públicos soviéticos; e a depuração das fileiras partidárias dos elementos não-bolcheviques e ideologicamente degenerados.

Mostrou, assim, que a reconstrução econômica nacional com base no socialismo não era senão a expressão da ofensiva histórica do proletariado contra os elementos capitalistas ainda presentes na estrutura social do país. Como afirmou, tal movimento representava:

Se a luta contra a burocracia nas organizações soviéticas, sindicais e cooperativas se apresenta como uma tarefa central, então a questão da depuração das fileiras do próprio Partido surge como sua condição indispensável. Seria absurdo imaginar que se possa purificar, revigorar e fortalecer nossas organizações econômico-soviéticas e sindicais sem, antes disso, aguçar o próprio fio cortante do Partido — o órgão dirigente supremo da classe operária e da ditadura do proletariado.

Não há dúvida de que os elementos burocráticos, oportunistas e carreiristas não se limitam a infiltrar-se nas instituições públicas e sindicais, mas também penetram, com frequência, nas estruturas do próprio Partido. E sendo o Partido o cérebro dirigente, a vanguarda política de todas as organizações do proletariado, é evidente que sua depuração interna é a pré-condição para que o conjunto do aparelho revolucionário possa funcionar com firmeza, coesão e direção consciente.

Daí a elevação, ao primeiro plano, da palavra de ordem da depuração do Partido — uma campanha política de caráter preventivo e corretivo, orientada não apenas à eliminação de elementos hostis ou inertes, mas também à elevação do nível ideológico, organizativo e moral de todos os seus quadros.

Seriam essas palavras de ordem produto do acaso, fruto de uma conjuntura efêmera ou de uma agitação episódica? Certamente que não. Vocês mesmos podem constatar que não se trata de palavras de ordem fortuitas ou improvisadas. Elas formam uma totalidade orgânica, constituem elos interdependentes de uma única e mesma cadeia histórica, cujo nome político e econômico é: ofensiva do socialismo contra os elementos sobreviventes do capitalismo.

Pode-se afirmar, à luz de tudo quanto foi exposto, que foi justamente em virtude da clareza ideológica, da firmeza organizativa e da direção revolucionária exercida por Stálin — ao derrotar, de maneira resoluta, tanto o trotskismo quanto o oportunismo de direita — que o Partido pôde avançar pelo caminho traçado por Lênin. E é em função dessa orientação marxista-leninista, concretizada em prática de massas, que o Estado soviético realizou, em poucos anos, uma obra de construção socialista cuja escala e profundidade jamais haviam sido vistas na história. A “História do Partido Comunista (Bolchevique) da URSS” declara:

A história não tinha conhecido jamais uma nova edificação industrial de tão gigantesca envergadura, um entusiasmo tal pela nova edificação, tanto heroísmo no trabalho das massas de milhões de homens da classe operária. Era uma verdadeira onda de entusiasmo de trabalho da classe operária, desenvolvida na base da emulação socialista.

Foi precisamente essa vitória estratégica na industrialização socialista do país, aliada aos passos iniciais — porém já decisivos — da coletivização do campo, que criou as condições objetivas e subjetivas para o surgimento de um poderoso movimento de massas camponês orientado rumo à coletivização e à integração consciente no processo de edificação do socialismo. A industrialização, ao alterar qualitativamente a estrutura econômica da União Soviética, tornava-se o motor histórico que arrastava consigo a transformação radical da agricultura e a elevação do campesinato médio à condição de aliado ativo do proletariado industrial.

Quando se fazia necessário demonstrar, na prática, como organizar, dirigir e vencer a luta de massas nas frentes mais difíceis, Stálin não hesitava em intervir diretamente. Nos casos em que a batalha pela coletivização se encontrava malconduzida ou travada por entraves organizativos específicos, Stálin deslocava-se pessoalmente às regiões em questão, examinando as condições locais, mobilizando quadros e convocando os elementos mais conscientes para o combate ideológico e prático. Assim o fez no inverno de 1928, ao visitar a Sibéria — incluindo Barnaul e outras áreas do Território de Altai —, onde realizou encontros com operários e militantes ativos do Partido, discutindo com eles os planos da ofensiva socialista e reforçando a centralidade do Partido na condução revolucionária do campesinato.

No 12º aniversário da Revolução de Outubro, Stálin publicou o célebre artigo “Um ano de grandes transformações”, no qual sintetizou o caráter radical das mudanças em curso e apresentou um balanço estratégico da nova fase do socialismo soviético. A mudança, como afirmou, expressava-se na “ofensiva determinada do socialismo contra os elementos capitalistas da cidade e do campo”. Essa ofensiva, porém, não se limitava ao plano político-ideológico: ela se expressava, sobretudo, no aumento da produtividade do trabalho — fator essencial para assegurar, de modo definitivo, a superioridade do modo de produção socialista frente ao capitalismo.

No campo da construção industrial, Stálin ressaltava que “o problema da construção da indústria pesada não pode ser considerado resolvido enquanto não solucionarmos o problema dos quadros”. A formação de quadros técnicos e operários conscientes, oriundos da própria classe trabalhadora, aparecia, assim, como condição indispensável para o pleno êxito do processo de industrialização socialista.

Paralelamente, na esfera da agricultura, observava-se um avanço igualmente significativo: a camada média do campesinato começava a aderir, voluntariamente e em massa, às formas coletivas de produção. “Isso, — dizia Stálin, — é a base da mudança radical no desenvolvimento da agricultura, que representa a conquista mais importante do governo soviético no último ano”. Essa inflexão histórica, ao consolidar a aliança operário-camponesa, representava um salto qualitativo nas condições objetivas de edificação do socialismo no campo.

Ao sintetizar esses avanços revolucionários — tanto no plano econômico quanto político e cultural — Stálin formulou uma conclusão que haveria de galvanizar o Partido, a classe operária e o campesinato em direção a novas conquistas históricas. Com notável entusiasmo e visão estratégica, declarou:

Avançamos a todo vapor no caminho da industrialização — rumo ao socialismo — deixando para trás o secular atraso “russo”. Estamos nos transformando em um país do metal, um país de automóveis, um país de tratores. E quando tivermos colocado a URSS sobre rodas, e o mujique sobre um trator, que então os digníssimos capitalistas — que tanto se vangloriam de sua “civilização” — tentem nos alcançar! Veremos, então, quais países poderão ser “classificados” como atrasados e quais como avançados.

Essa formulação, além de revelar a confiança histórica do Partido na vitória do socialismo, expressava também o conteúdo mais profundo da virada que se operava na sociedade soviética: a passagem da Rússia agrária e semifeudal para uma nova formação econômica e social baseada na indústria moderna, na coletivização do campo, na planificação científica da produção e na hegemonia do proletariado.