Saindo vitoriosos da guerra contra as forças externas imperialistas e internas da contrarrevolução, a República Soviética voltou-se, com firmeza estratégica, à tarefa fundamental de reconstrução econômica em condições de paz. Após quatro anos de guerra imperialista e três anos de guerra civil, o país encontrava-se profundamente arruinado: a infraestrutura destruída, a produção agrícola em colapso e a indústria paralisada.
Com o fim da Guerra Civil, setores do campesinato começaram a expressar insatisfação com o sistema de apropriação integral dos excedentes agrícolas — herança do Comunismo de Guerra — exigindo, com crescente insistência, o retorno de bens manufaturados às aldeias. Ao mesmo tempo, parte do proletariado urbano, esgotada pela fome e pelo desgaste físico, manifestava sinais de inquietação. A burguesia derrotada e seus aliados externos procuraram explorar essa grave conjuntura econômica para tentar desestabilizar o poder soviético e reanimar as forças reacionárias.
Diante desse cenário, impunha-se ao Partido Bolchevique a formulação de uma nova orientação política para enfrentar as exigências da etapa de reconstrução nacional. Estava claro para o Comitê Central que, encerrada a fase da guerra e iniciada a transição para o desenvolvimento econômico pacífico, o regime de Comunismo de Guerra havia cumprido seu papel histórico. A apropriação compulsória dos excedentes agrícolas não correspondia mais às necessidades da conjuntura. Urgia permitir que os camponeses conservassem uma parcela maior de sua produção e dispusessem dela livremente, dentro de um marco socialista. Essa mudança permitiria revigorar a produção agrícola, reanimar o comércio interno, restabelecer a atividade industrial, melhorar o abastecimento urbano e, sobretudo, consolidar uma base econômica sólida para a aliança operário-camponesa.
Contudo, grupos hostis à linha leninista no interior do Partido tentaram obstaculizar a adoção dessas medidas. No final de 1920, provocaram uma grave controvérsia — a chamada “discussão sindical” —, que, sob o pretexto de debater o papel dos sindicatos, encobria uma questão de proporções muito mais amplas: tratava-se, na essência, da orientação política a ser adotada frente ao campesinato, das relações entre o Partido e as amplas massas trabalhadoras sem partido, e da estratégia de transição socialista em nova etapa histórica.
Os trotskistas propuseram aprofundar a rigidez do Comunismo de Guerra, defenderam uma política de coerção brutal e autoritarismo burocrático, que alienaria as massas trabalhadoras e colocaria em risco a própria existência do regime soviético. Essa plataforma antimarxista foi apoiada por outras correntes fracionistas antipartidárias, como a “Oposição Operária”, os “Centralistas Democráticos” e os “Comunistas de Esquerda”.
Ombro a ombro com Lênin, Stálin desempenhou papel dirigente na derrota dessas tendências antileninistas. Conduziu a organização da luta ideológica contra os grupos oposicionistas durante a discussão sindical, centralizou informações sobre o desenrolar da luta nas diversas organizações locais e assegurou a coesão da vanguarda partidária em torno da linha revolucionária. Foi Stálin quem coordenou a publicação de informes periódicos no Pravda, expondo os avanços da linha do Partido e as derrotas políticas dos fracionistas. A vitória da linha leninista foi, assim, consolidada dentro do Partido, restabelecendo sua unidade orgânica e sua clareza programática.
Um elemento decisivo nesse processo foi a publicação, em 19 de janeiro de 1921, do artigo de Stálin intitulado “As Nossas Divergências”, no qual eram expostas e denunciadas, com precisão teórica, as diferenças essenciais entre a linha do Comitê Central e as plataformas oposicionistas. Lênin e Stálin, unidos na defesa da unidade leninista do Partido, desmontaram sistematicamente as posições fracionistas e preservaram a orientação estratégica do socialismo em condições concretas.
Foi, portanto, com base nessa unidade ideológica forjada na luta interna que o Partido chegou ao 10º Congresso, realizado entre março e abril de 1921, com a tarefa de deliberar sobre os rumos da revolução. O Congresso examinou a polêmica sindical, reafirmou por esmagadora maioria a linha de Lênin, e adotou duas decisões históricas: a substituição do sistema de requisição por um imposto em espécie, e a implementação da Nova Política Econômica (NEP) — proposta e inspirada por Lênin.
A NEP representava, nas palavras do próprio Lênin, uma manobra tática indispensável, que assegurava a aliança duradoura entre o proletariado urbano e o campesinato, sem a qual a construção do socialismo seria impossível. Ao permitir o desenvolvimento limitado de formas mercantis sob controle estatal, a NEP criava condições objetivas para a reconstrução econômica, ao mesmo tempo em que reforçava o poder proletário.
O mesmo objetivo estratégico orientou as resoluções do Congresso quanto à questão nacional. Coube a Stálin apresentar o informe central, intitulado “As Tarefas Imediatas do Partido na Questão Nacional”, que expôs de forma clara e sistemática as medidas necessárias à consolidação do Estado multinacional soviético.
Stálin afirmou com firmeza que, embora a opressão nacional tivesse sido formalmente abolida pela Revolução, a herança do passado czarista — o atraso econômico, político e cultural das nacionalidades oprimidas — ainda persistia e exigia uma política de apoio ativo por parte do Estado soviético. Era tarefa do Partido garantir o desenvolvimento igualitário de todos os povos da URSS, superar o atraso herdado e eliminar os resquícios do chauvinismo Grão-Russo, que Stálin corretamente identificava como o principal perigo. Ao mesmo tempo, combatia com vigor o nacionalismo local, que ameaçava a unidade dos povos e o internacionalismo proletário.
No 11º Congresso do Partido, realizado entre março e abril de 1922, os bolcheviques procederam à análise dos resultados obtidos durante o primeiro ano de vigência da Nova Política Econômica (NEP). Os dados acumulados foram suficientemente expressivos para que Lênin pudesse declarar perante o Congresso:
Recuamos por um ano inteiro. Agora devemos dizer, em nome do Partido: “Basta!” O propósito que motivou essa retirada foi alcançado. Esse período está terminando — ou já chegou. Agora, nosso objetivo é reagrupar nossas forças.
As tarefas históricas delineadas por Lênin nesse Congresso exigiam implementação resoluta e disciplinada. Por iniciativa direta de Lênin, o Plenário do Comitê Central, reunido em 3 de abril de 1922, elegeu Stálin como Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista (Bolchevique), função que ele assumiria com dedicação total e na qual permaneceria por décadas, desempenhando papel central na consolidação do Estado socialista.
Nesse período, a saúde de Lênin, já abalada desde o atentado que sofrera em 1918 e intensamente fragilizada pelas exigências sobre-humanas do trabalho revolucionário, começou a deteriorar-se severamente. A partir do final de 1921, foi obrigado a se afastar com frequência crescente das tarefas cotidianas da direção. Com isso, o peso principal da condução dos assuntos do Partido e do Estado passou para os ombros de Stálin.
Simultaneamente, Stálin assumia tarefas de vulto estratégico no processo de formação das repúblicas soviéticas nacionais e na sua posterior unificação numa estrutura federativa única. Esse trabalho culminaria na criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em 30 de dezembro de 1922, por proposta conjunta de Lênin e Stálin, o 1º Congresso dos Sovietes da União aprovou a decisão histórica de fundir voluntariamente as repúblicas soviéticas, estabelecendo juridicamente a União Soviética como um novo tipo de Estado multinacional proletário. Em seu informe ao Congresso, Stálin sublinhou o significado profundo dessa decisão:
Este dia marca uma virada na história do Poder Soviético. Ele estabelece uma linha divisória entre o período anterior — já encerrado — em que as repúblicas soviéticas, ainda que colaborassem, seguiam caminhos distintos e voltavam-se principalmente à própria preservação, e o novo período, já iniciado, em que se põe fim à existência isolada de cada república. Agora, as repúblicas se fundem num único Estado federativo, capaz de enfrentar com sucesso a ruptura econômica e de deixar de se preocupar apenas com sua sobrevivência para passar a se desenvolver como uma potência internacional, dotada da força necessária para influenciar e transformar a situação internacional em favor da classe trabalhadora.
A criação da URSS representou uma vitória decisiva da política nacional leninista-stalinista, baseada em dois pilares fundamentais: a confiança ativa das nacionalidades anteriormente oprimidas na direção revolucionária do proletariado russo, e a firme amizade e solidariedade entre os povos da Terra Soviética, unidos pela luta comum contra o czarismo, o imperialismo e o sistema capitalista.
A URSS não foi o produto de coerções ou anexações, mas sim a expressão consciente da vontade revolucionária das nações libertadas no outubro Vermelho, que, sob a orientação do Partido Bolchevique, tomavam em suas mãos o destino histórico comum, construindo uma aliança socialista multinacional forjada na igualdade, no internacionalismo e no poder proletário.
Em abril de 1923, o Partido Comunista (Bolchevique) realizou seu 12º Congresso. Este Congresso revestiu-se de especial significação histórica, pois foi o primeiro desde a vitória da Revolução Socialista de Outubro em que Lênin, ausente por motivo de doença grave, não pôde participar pessoalmente. Ainda assim, todas as recomendações contidas em seus últimos escritos, artigos e cartas foram integralmente incorporadas às resoluções adotadas, refletindo a continuidade ideológica e programática da direção leninista.
O Congresso dirigiu uma refutação firme e vigorosa às tentativas oportunistas de apresentar a Nova Política Econômica (NEP) como um abandono dos princípios socialistas. Rejeitou categoricamente as interpretações capitulacionistas de certos setores do Partido, particularmente as teses dos trotskistas e bukharinistas, que, de modo traiçoeiro, buscavam subordinar a política do Partido à lógica do capital e da pequena produção.
Neste Congresso, Stálin apresentou dois informes centrais: um sobre o trabalho organizativo do Comitê Central, e outro intitulado “Aspectos da Questão Nacional na Edificação do Partido e do Estado”. No primeiro, ofereceu uma análise abrangente da atividade partidária, destacando o crescimento constante do Partido, o fortalecimento de seus elos com as massas (por meio dos sindicatos, do Komsomol, dos sovietes etc.) e o balanço positivo dos dois primeiros anos da NEP. Indicou também as linhas gerais do desenvolvimento futuro, em conformidade com os princípios do socialismo. Ao concluir, declarou com justeza:
Nosso Partido permaneceu sólido e unido; resistiu ao teste de uma virada significativa e está marchando com louvor.
A questão nacional foi um dos pontos centrais da agenda do Congresso. Em seu Informe sobre o tema, Stálin sublinhou a importância internacional da política nacional soviética, afirmando que as nações oprimidas do Oriente e do Ocidente viam na URSS um modelo de solução real e concreta para a questão nacional. Enfatizou que era necessário implementar medidas vigorosas e sistemáticas para abolir as desigualdades econômicas e culturais herdadas do passado czarista, e convocou o Partido à luta resoluta contra o chauvinismo Grão-Russo, reconhecido como o principal perigo, assim como contra o nacionalismo local, ambos reacendidos com o retorno parcial das relações mercantis sob a NEP. Stálin denunciou energicamente os nacionalistas desviacionistas da Geórgia, cujas posições fracionistas estavam sendo apoiadas pela facção trotskista.
Logo após o encerramento do Congresso, uma grave ameaça internacional se delineou: os círculos mais reacionários da burguesia britânica e francesa, fiéis à política de agressão militar contra o Estado Soviético, voltaram a articular uma nova cruzada intervencionista contra a URSS. Contudo, sob a firme e hábil direção de Stálin, o Partido enfrentou a crise com lucidez e firmeza, obtendo uma grande vitória na frente diplomática. Já em 1924, os principais Estados imperialistas europeus foram obrigados a reconhecer a existência da União Soviética, substituindo as ameaças e ultimatos por acordos diplomáticos. Comentando esse êxito político, Stálin afirmou mais tarde:
O fato de termos emergido de nossas dificuldades sem prejuízo para nossa causa mostra, sem dúvida, que os discípulos do camarada Lênin já haviam aprendido uma ou duas lições com seu mestre.
Em janeiro de 1924, realizou-se a 13ª Conferência do Partido, onde Stálin apresentou um informe político geral. A conferência repudiou com severidade as posições dos trotskistas, cujas tentativas de minar a unidade partidária foram denunciadas como perigosas para o processo de construção socialista. As resoluções dessa conferência foram endossadas tanto pelo 13º Congresso do Partido (maio de 1924) quanto pelo 5º Congresso da Comintern, realizado no verão do mesmo ano.
Em 21 de janeiro de 1924, o Partido e o proletariado mundial sofreram uma perda irreparável: faleceu, na vila de Gorky, nas cercanias de Moscou, o camarada Lênin, fundador do Partido Bolchevique, guia da Revolução de Outubro e dirigente incontestável do proletariado internacional.
A bandeira de Lênin — a bandeira da revolução socialista, da ditadura do proletariado, da construção do comunismo — foi assumida com lealdade inquebrantável por seu mais destacado discípulo: Stálin, o continuador legítimo de sua obra, o construtor infatigável do socialismo soviético, o dirigente que, nos momentos mais críticos da revolução, esteve sempre na linha de frente da luta de classes. Digno sucessor de Lênin, Stálin levou adiante, com firmeza e fidelidade ideológica, a tarefa histórica de edificar a nova sociedade socialista.
Em 26 de janeiro de 1924, por ocasião do 2º Congresso dos Sovietes da URSS, realizou-se uma sessão solene em memória de Lênin, o fundador do Partido Bolchevique e dirigente da revolução proletária mundial. Nesta ocasião histórica, Stálin, em nome do Partido, proferiu um voto solene perante o povo soviético e os trabalhadores de todo o mundo:
Nós, comunistas, somos pessoas de um molde especial. Somos feitos de um material especial. Somos os membros do exército do grande estrategista do proletariado, o exército do camarada Lênin. Não existe honra mais elevada do que pertencer a esse exército. Não existe título mais elevado do que o de membro do Partido, cujo fundador e guia é o camarada Lênin.
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a manter alto e proteger a pureza do grande título de membro do Partido. Nós juramos a você, camarada Lênin, que cumpriremos essa ordem com honra!
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a guardar a unidade do nosso Partido como a menina dos olhos. Nós juramos a você, camarada Lênin, que essa ordem também cumpriremos com honra!
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a defender e fortalecer a ditadura do proletariado. Nós juramos a você, camarada Lênin, que faremos tudo para cumprir também essa ordem com honra!
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a consolidar, com todas as nossas forças, a aliança dos operários e camponeses. Nós juramos a você, camarada Lênin, que também essa ordem cumpriremos com honra!
O camarada Lênin nos instou incansavelmente à necessidade de preservar a união voluntária das nações da nossa pátria e fomentar a cooperação fraterna entre elas no seio da União das Repúblicas.
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a consolidar e ampliar a União das Repúblicas. Nós juramos a você, camarada Lênin, que também essa ordem cumpriremos com honra!
Lênin assinalou mais de uma vez que o fortalecimento do Exército Vermelho e da Marinha Vermelha constituía uma das tarefas centrais do Partido. Prometamos, então, camaradas, que não pouparemos esforços para reforçar nossas Forças Armadas Socialistas.
Ao nos deixar, o camarada Lênin nos convocou a permanecer fiéis aos princípios da Internacional Comunista. Nós juramos a você, camarada Lênin, que não pouparemos nossas vidas na luta pela consolidação e expansão da união internacional dos trabalhadores — a Internacional Comunista.
Esse foi o voto do Partido Bolchevique ao seu mestre, seu fundador, seu guia histórico, cuja memória viverão eternamente nos corações do proletariado mundial. Sob a dirigente de Stálin, o Partido aderiu fielmente a esse compromisso, transformando-o em linha prática e princípio organizador da construção do socialismo.
No primeiro aniversário do falecimento de Lênin, Stálin escreveu ao jornal Rabochaya Gazeta:
Recordem, amem e estudem Lênin — nosso mestre e dirigente.
Lutem e derrotem os inimigos, internos e externos, como Lênin nos ensinou. Construam uma nova vida, um novo modo de existência, uma nova cultura — como Lênin nos ensinou. Nunca desprezem as pequenas tarefas, pois das pequenas coisas se constroem as grandes. Esse é um dos mandamentos fundamentais de Lênin.
O povo soviético jamais esqueceu essas palavras. Elas foram inscritas em sua prática cotidiana, em sua consciência coletiva e em sua luta pelo socialismo.
Entretanto, os inimigos do socialismo, oportunistas e contrarrevolucionários, procuraram tirar proveito da doença e, posteriormente, da morte de Lênin, para tentar desviar o Partido de seu caminho revolucionário. Buscavam, com isso, abrir caminho para a restauração do capitalismo na União Soviética. À frente dessa ofensiva reacionária encontravam-se Trotsky — o arqui-inimigo do leninismo — e seus seguidores. Os trotskistas forçaram uma nova crise política no interior do Partido, levantando um debate artificial e fracionista com o objetivo de minar a autoridade da linha leninista.
Na luta ideológica que se seguiu, Stálin desmascarou o conteúdo político dos ataques trotskistas e demonstrou que o que estava em jogo era nada menos do que a vida ou a morte do Partido e, por consequência, da revolução. Ele reuniu as forças proletárias conscientes, mobilizou as organizações partidárias e conduziu o combate político-ideológico que resultou na derrota do trotskismo como corrente política organizada.
“É dever do Partido enterrar o trotskismo como uma tendência ideológica”, declarou Stálin, em reunião com os membros do Partido do Conselho Central dos Sindicatos da URSS, em novembro de 1924. Alertou com clareza que, nas condições da época, o trotskismo representava o principal perigo para a revolução. E concluiu:
Hoje, após a vitória da Revolução de Outubro, nas condições atuais da NEP, o trotskismo deve ser considerado a tendência mais perigosa, pois busca semear a desconfiança nas forças da nossa revolução, na aliança entre operários e camponeses, e na possibilidade real da transformação da Rússia da NEP em uma Rússia socialista.
Stálin afirmou com veemência que, sem a destruição ideológica completa do trotskismo, a continuidade do avanço vitorioso rumo ao socialismo não poderia ser garantida. Denunciando o conteúdo reacionário da linha trotskista, ele declarou com absoluta clareza:
A menos que o trotskismo seja derrotado, será impossível alcançar a vitória nas condições da NEP, será impossível converter a Rússia atual em uma Rússia Socialista.
Na batalha contra essa tendência pequeno-burguesa, liquidacionista e derrotista, Stálin mobilizou o Partido em torno do Comitê Central, unificou suas fileiras em torno da linha leninista e impulsionou, com firmeza, a luta pelo socialismo na União Soviética.
Uma das armas mais poderosas utilizadas para o esmagamento ideológico do trotskismo e para a consolidação teórica do leninismo foi a obra fundamental de Stálin, “Os Fundamentos do Leninismo”, publicada em 1924. Esse trabalho constitui uma exposição magistral, profundamente fundamentada, dos princípios teóricos e estratégicos do leninismo, sintetizando, de forma científica, tudo o que Lênin trouxe de novo ao marxismo na época do imperialismo e das revoluções proletárias.
Em “Os Fundamentos do Leninismo”, os ensinamentos de Lênin são examinados sistematicamente, elevados ao nível de teoria geral e apresentados com clareza pedagógica. Ao abordar questões como a teoria do partido de novo tipo, a ditadura do proletariado, a questão nacional, a estratégia da revolução socialista mundial e o papel dirigente do Partido na construção do socialismo, Stálin arma o movimento comunista internacional com a teoria científica da revolução na nova época histórica.
O simples fato de que as questões do leninismo tenham sido sistematizadas, que o legado ideológico de Lênin tenha sido organizado como corpo teórico autônomo e examinado sob a ótica do novo período histórico — o da transição do capitalismo ao socialismo — já constitui um marco no desenvolvimento da ciência do marxismo-leninismo.
Nesse momento, a restauração da economia soviética — devastada pela guerra imperialista, pela Guerra Civil e pelo cerco capitalista — estava praticamente concluída. A política interna e externa da União Soviética encontrava-se sobre uma nova base. Nos países capitalistas, vivia-se uma estabilização temporária e parcial; na URSS, o nível econômico anterior à guerra havia sido reconquistado. Diante disso, surgia com clareza a grande questão estratégica: quais as perspectivas do desenvolvimento futuro? Qual o destino do socialismo na União Soviética?
Foi então que Stálin, com a clarividência de um dirigente revolucionário e com a precisão de um teórico marxista, traçou as direções fundamentais da nova etapa. Em 1924, ele escrevia:
Meu desejo para os trabalhadores da Fábrica Dynamo e para os trabalhadores de toda a Rússia é que a indústria avance, que o número de proletários na Rússia aumente nos próximos anos para vinte ou trinta milhões; que a agricultura coletiva no campo floresça e conquiste predominância sobre a agricultura individual; que uma indústria altamente desenvolvida e uma agricultura coletivizada unam os proletários das fábricas e os trabalhadores da terra num único exército socialista; que a vitória do socialismo na Rússia seja coroada com a vitória do socialismo em escala mundial.
Stálin extraiu lições gerais da Revolução Socialista de Outubro e dos primeiros anos de construção do socialismo em condições de cerco capitalista. Com base nessa experiência concreta, defendeu e desenvolveu a tese de Lênin sobre a possibilidade da vitória do socialismo em um só país.
Essa concepção foi aprofundada por Stálin em sua obra “A Revolução de Outubro e a Tática dos Comunistas Russos”, na qual ele demonstra que a questão da vitória do socialismo deve ser analisada sob dois aspectos: o interno e o internacional.
Do ponto de vista interno, tratava-se da luta de classes no interior do país, da correlação de forças entre o proletariado e a burguesia, e da capacidade objetiva da classe operária, apoiada no campesinato, de edificar uma sociedade socialista autossuficiente. Stálin demonstrou que os operários e camponeses da URSS possuíam plena capacidade de superar suas contradições internas, derrotar sua própria burguesia e construir as bases de uma economia socialista independente.
Contudo, do ponto de vista internacional, subsistia o perigo constante da intervenção militar imperialista e da restauração capitalista, enquanto o país socialista permanecesse isolado num mundo dominado pelo capital. Para eliminar esse perigo em definitivo, era necessário romper o cerco capitalista por meio da eclosão de revoluções proletárias vitoriosas em outros países. Somente com essa condição a vitória do socialismo na URSS poderia ser considerada definitiva e irreversível.
As teses fundamentais de Stálin sobre a possibilidade da construção do socialismo na União Soviética foram oficialmente consagradas na resolução histórica da 14ª Conferência do Partido, realizada em abril de 1925. Nessa resolução, o Partido elevou à condição de linha política vinculante a luta, sob a direção de Lênin e Stálin, pela vitória integral do socialismo na URSS — uma lei do Partido, obrigatória para todos os seus membros.
Em sua intervenção numa reunião de quadros do Partido em Moscou, intitulada “O Trabalho da 14ª Conferência do Partido Comunista (Bolchevique)”, Stálin destacou a importância central da aliança operário-camponesa, defendendo a necessidade estratégica de conquistar o camponês médio para o projeto socialista:
A principal tarefa do momento é reunir os camponeses médios em torno do proletariado, reconquistá-los para o nosso lado. A principal tarefa do momento é estabelecer ligação com as massas fundamentais do campesinato, elevar seu nível material e cultural, e avançar com essas massas, passo a passo, pelo caminho do socialismo. A tarefa é construir o socialismo junto com o campesinato, absolutamente junto, sob a dirigente firme da classe operária, pois essa direção proletária é a garantia decisiva de que nossa construção avançará pela via do socialismo.
Na continuidade dessa linha revolucionária, o Partido realizou, em dezembro de 1925, o seu 14º Congresso, no qual Stálin, em nome do Comitê Central, apresentou o informe político. Nesse informe, Stálin traçou um quadro claro e combativo da nova correlação de forças, revelando o crescimento visível do poder político e econômico da União Soviética. Mas advertiu que tais conquistas ainda eram insuficientes. A URSS permanecia, em sua base estrutural, um país agrário e atrasado. Para garantir a independência econômica do Estado socialista, fortalecer sua capacidade de defesa e criar a base material para a construção do socialismo, era imperativo converter o país de um território agrário em uma potência industrial socialista. No Congresso, Stálin declarou:
A conversão de nosso país de um país agrário em um país industrial, capaz de produzir com seus próprios meios a maquinaria de que necessita, é a essência, a base da nossa linha geral.
Contra essa linha revolucionária e independente, os capituladores Zinoviev e Kamenev tentaram contrapor uma política de estagnação agrária, propondo um “Plano” sob o qual a URSS permaneceria eternamente dependente das potências capitalistas. Tratava-se, de fato, de uma manobra traiçoeira para amarrar o país socialista aos grilhões do imperialismo e sabotar a revolução por dentro.
Stálin desmascarou a essência dessas propostas, arrancando a máscara “marxista” desses elementos e expondo suas verdadeiras feições trotskistas-mencheviques. Ele afirmou que a tarefa principal do Partido era garantir uma aliança sólida e duradoura entre a classe operária e o campesinato médio, base material e política da construção do socialismo.
O Congresso aprovou com unanimidade a linha da industrialização socialista e reafirmou como tarefa estratégica do Partido a luta pela vitória completa do socialismo na URSS.
Logo após o Congresso, no início de 1928, Stálin publicou sua obra teórica fundamental “As Questões do Leninismo”. Nesse livro, ele refutou a “filosofia” da capitulação e da liquidação apresentada pelos zinovievistas, e demonstrou que a política aprovada no 14º Congresso — a industrialização acelerada do país e a construção de uma sociedade socialista — era a única linha correta e cientificamente fundamentada.
Essa obra armou ideologicamente o Partido e a classe operária com uma fé inquebrantável na possibilidade e na necessidade da construção socialista em um só país, mesmo em condições de cerco imperialista e de isolamento temporário.
Com essa clareza ideológica e organizativa, o Partido Bolchevique entrou em uma nova etapa histórica: a fase da industrialização socialista em larga escala. Na luta implacável contra os derrotistas e sabotadores — trotskistas, zinovievistas, bukharinistas e kamenevistas —, formou-se um núcleo dirigente coeso, composto por Stálin, Molotov, Kalinin, Voroshilov, Kuibyshev, Frunze, Dzerzhinsky, Kaganovich, Ordzhonikidze, Kirov, Yaroslavsky, Mikoyan, Andreyev, Shvernik, Zhdanov, Shkiryatov, entre outros. Estes camaradas ergueram bem alto a bandeira de Lênin, reuniram o Partido sob a direção leninista, e conduziram o povo soviético pelo amplo caminho da industrialização e da coletivização socialista do campo.
À frente desse núcleo e como força dirigente suprema do Partido e do Estado, estava Stálin — discípulo fiel de Lênin, construtor do socialismo soviético, arquiteto da nova economia socialista e dirigente popular.
Apesar de seu papel dirigente indiscutível, Stálin jamais permitiu que seu trabalho fosse manchado pelo personalismo, pela vaidade ou pelo culto à personalidade. Em entrevista ao escritor alemão Emil Ludwig, prestou uma clara e comovente homenagem ao gênio de Lênin, limitando-se a dizer de si mesmo:
Quanto a mim, sou apenas um aluno de Lênin, e meu objetivo é ser um aluno digno dele.