Em 27 de dezembro de 1929, Stálin dirigiu-se a uma conferência de estudantes marxistas para tratar da questão agrária. Nessa ocasião, desmascarou e desmontou integralmente a teoria burguesa do “equilíbrio” entre os diversos ramos da economia nacional, bem como as teses antimarxistas da “espontaneidade” na construção do socialismo e da “estabilidade” da pequena economia camponesa. Rejeitando de forma categórica essas concepções oportunistas e contrarrevolucionárias, Stálin apresentou uma análise científica e dialética da agricultura coletiva como forma superior de organização produtiva socialista. A partir disso, demonstrou a necessidade histórica da transição para uma política firme de coletivização da agricultura, cuja base implicava a eliminação dos kulaks enquanto classe exploradora.
Já no 11º Congresso do Partido, Lênin havia advertido sobre a inevitável e decisiva batalha contra os elementos capitalistas que emergiam continuamente do seio da pequena produção camponesa. Contudo, naquele momento, ainda não era possível determinar com precisão quando essa batalha atingiria seu ápice. Stálin, por sua vez, com sua lucidez teórica e seu domínio da dialética materialista, demonstrou que o momento dessa batalha final contra o capitalismo agrário interno havia chegado. Mostrou que a política de eliminação dos kulaks não era mera continuação da antiga linha de contenção e restrição, mas sim uma virada qualitativa na política do Partido, condizente com a nova etapa do desenvolvimento socialista. Conforme assinala a resolução do 16º Congresso do Partido:
Se a expropriação das propriedades dos latifundiários constituiu o primeiro passo da Revolução de Outubro no campo, a adoção da agricultura coletiva é o segundo — e, além disso, um passo decisivo — que marca uma etapa de importância histórica na edificação das bases do socialismo na URSS.
O campesinato passou a adotar formas socialistas de produção pecuária em função da pressão objetiva da necessidade econômica de transição para a agricultura mecanizada e cooperativa em larga escala. Por anos a fio, o Partido Bolchevique e o Estado soviético haviam estimulado a introdução de novas forças produtivas no campo: tratores, colheitadeiras e outras máquinas modernas foram fornecidas, enquanto se formavam milhões de trabalhadores agrícolas qualificados, aptos a dominar as técnicas da produção socialista.
Ao saudar os operários da Fábrica de Tratores de Stalingrado por ocasião de sua inauguração, em 17 de junho de 1930, Stálin escreveu:
Saudações e parabéns aos operários e dirigentes da imensa Fábrica de Tratores “Bandeira Vermelha”, a primeira do seu tipo na URSS, por essa grande conquista. Os 50 mil tratores que vocês produzirão todos os anos para o nosso país serão como 50 mil projéteis lançados contra o velho mundo burguês — abrindo caminho para a construção do novo sistema socialista no campo. Desejo pleno sucesso na realização do plano de produção.
A introdução dessas novas forças produtivas no campo suscitou inevitavelmente o surgimento de novas relações de produção, relações de tipo socialista.
A partir de uma análise rigorosa dos fundamentos teóricos do socialismo científico, Stálin demonstrou que a coletivização não se realizaria como um processo passivo e pacífico de adesão espontânea dos camponeses às fazendas coletivas. Pelo contrário, ela se desenvolveria sob a forma de uma dura luta de classes entre as massas camponesas e os kulaks, que resistiriam de maneira ativa. Era indispensável derrotar os kulaks de forma aberta, diante dos olhos do campesinato, para que este compreendesse, na prática, a fraqueza histórica e política dos elementos capitalistas. Assim, a coletivização integral implicava necessariamente a liquidação dos kulaks como classe antagônica ao socialismo.
Essa concepção estratégica — a passagem da política de restrição dos kulaks à sua eliminação definitiva — fundamentou a resolução do Comitê Central de 5 de janeiro de 1930, intitulada “Sobre a Taxa de Coletivização e as Medidas Estatais de Apoio ao Desenvolvimento das Fazendas Coletivas”.
Os inimigos do Partido tudo fizeram para sabotar a política de coletivização. Suas manobras se expressaram tanto em ataques diretos por parte dos capitulacionistas de direita, quanto em desvios esquerdistas oportunistas que, disfarçados de zelo revolucionário, distorciam a linha do Partido. Violavam as taxas de coletivização determinadas, ignoravam o princípio leninista-stalinista do ingresso voluntário nas fazendas coletivas, forçavam a transição direta do artel à comuna, socializavam compulsoriamente moradias, aves domésticas, animais pequenos, entre outros absurdos.
Tais distorções, por vezes espontâneas, por vezes deliberadamente provocadas, tinham como objetivo reacender a insatisfação no seio do campesinato, criando condições para desestabilizar o regime soviético. Os círculos imperialistas e seus Estados-Maiores já marcavam a data de uma nova intervenção militar, contando com o desgaste interno provocado por essas práticas. No entanto, a vigilância revolucionária e a visão estratégica de Stálin identificaram a tempo o novo perigo, desbaratando os planos inimigos com firmeza e decisão revolucionária.
Em 2 de março de 1930, por decisão do Comitê Central do PCUS(B), Stálin publicou seu célebre artigo “Vertigens do Sucesso”, no qual denunciou veementemente os excessos “esquerdistas” como um fator nocivo e desagregador no processo de coletivização da agricultura. Nesse texto, de profundo valor político e pedagógico, Stálin reiterou com ênfase a importância do princípio do voluntariado na formação das fazendas coletivas, sublinhando a necessidade de considerar as particularidades concretas dos diversos distritos da URSS ao se determinar o ritmo e os métodos de avanço da coletivização. Reafirmou, ademais, que a principal forma organizativa do movimento das fazendas coletivas era o artel agrícola, forma intermediária que articulava o interesse individual dos camponeses com os objetivos coletivos da construção socialista.
Este artigo constituiu uma intervenção decisiva. Permitiu que as organizações do Partido corrigissem suas falhas táticas e estratégicas, ao mesmo tempo em que desferiu um golpe certeiro nos inimigos do poder soviético — tanto internos quanto externos — que visavam explorar tais distorções para fomentar o descontentamento camponês e sabotarem a construção socialista.
Ao mesmo tempo em que denunciava implacavelmente as deformações esquerdistas e desarticulava as esperanças dos imperialistas por uma nova intervenção, Stálin, como verdadeiro mestre político e pedagogo das massas, expunha aos quadros partidários — e aos elementos sem partido — a essência da arte da direção revolucionária:
A arte de liderar é algo sério. Não se pode ficar para trás do movimento — isso significa se isolar das massas. Mas também não se pode sair correndo na frente delas — isso leva à perda de contato com o povo. Quem pretende conduzir o movimento, sem romper os laços com as amplas massas, precisa travar a luta em duas frentes: contra os que ficam para trás e contra os que se precipitam.
Pouco tempo depois, em 3 de abril de 1930, Stálin deu continuidade a essa orientação com a publicação do artigo “Resposta aos Camaradas dos Kolkhozes”, dirigido diretamente às massas camponesas organizadas nas fazendas coletivas. Nele, analisou de forma concreta as causas fundamentais dos erros cometidos na política agrária e expôs as leis objetivas que regem uma ofensiva vitoriosa na frente da luta de classes. Explicou que tal ofensiva exigia a consolidação das posições já conquistadas, o reagrupamento das forças, o abastecimento da linha de frente com reservas e o fortalecimento da retaguarda. Advertiu, também, que os oportunistas não compreendiam o caráter de classe da ofensiva, nem sabiam identificar contra qual classe ela era dirigida e em aliança com qual classe devia ser travada. Não bastava empreender qualquer ofensiva; era necessário organizá-la em aliança consciente com o campesinato médio, contra os kulaks.
Graças à direção clara e firme de Stálin, os desvios foram corrigidos, restabeleceu-se a linha leninista do Partido, e construiu-se uma base sólida para um avanço poderoso do movimento de coletivização. Sob a liderança de Stálin, o Partido enfrentou e resolveu um dos mais complexos e decisivos problemas da revolução proletária após a conquista do poder: a incorporação da agricultura camponesa às linhas do socialismo e a liquidação da classe dos kulaks — a mais resistente e arraigada das camadas exploradoras no campo.
Essa foi uma revolução profunda — uma verdadeira virada de qualidade na vida social, que marcou a passagem para uma nova etapa histórica, comparável, em suas consequências, à própria Revolução de Outubro de 1917.
O que torna essa revolução singular é o fato de ter sido conduzida “de cima”, por iniciativa direta do Estado socialista, ao mesmo tempo em que foi sustentada “de baixo” por milhões de camponeses decididos a se libertar da opressão dos kulaks e a conquistar uma vida livre nas fazendas coletivas.
Baseando-se nas diretrizes de Lênin — que afirmava a necessidade da passagem da pequena produção camponesa para formas cooperativas e coletivas em larga escala — e tomando o plano cooperativo leninista como ponto de partida, Stálin formulou e aplicou a teoria da coletivização da agricultura. Suas contribuições originais nesse campo estratégico foram as seguintes:
1. Realizou uma análise profunda da agricultura coletiva como forma específica de empresa socialista, subordinada ao plano e integrada à economia nacional.
2. Demonstrou que o artel agrícola constituía o elo central no desenvolvimento das fazendas coletivas na etapa atual — por ser a forma mais racional e compreensível ao campesinato — e, ao mesmo tempo, capaz de articular os interesses pessoais dos camponeses com os interesses coletivos do socialismo.
3. Delineou com firmeza a necessidade de substituir a antiga política de restrição e expropriação dos kulaks por uma nova linha, mais consequente e revolucionária: a sua eliminação como classe, com base em uma coletivização estável e sólida.
4. Destacou o papel estratégico das Estações de Máquinas e Tratores (EMTs) como base técnico-material para a reorganização socialista da agricultura, ao mesmo tempo em que funcionavam como instrumento pelo qual o Estado prestava assistência direta ao campesinato trabalhador.
Em reconhecimento à sua direção exemplar e às suas contribuições à edificação socialista, o Comitê Central Executivo da URSS conferiu a Stálin, em fevereiro de 1930, uma segunda Ordem da Bandeira Vermelha, atendendo a múltiplas solicitações de operários, camponeses e soldados do Exército Vermelho.
O 16º Congresso do Partido, realizado entre 26 de junho e 13 de julho de 1930, ficou marcado como o congresso da ofensiva socialista em todas as frentes de batalha. No informe principal, Stálin analisou o conteúdo dessa ofensiva geral contra os elementos capitalistas remanescentes, proclamando que a União Soviética havia ingressado no período histórico do socialismo. Relatando os êxitos já alcançados na industrialização e na coletivização, apontou, com clareza estratégica, as novas tarefas que se impunham ao país socialista. Ainda que a URSS já superasse os países capitalistas avançados em ritmo de crescimento econômico, era necessário acelerar o desenvolvimento produtivo de forma que a União Soviética também os ultrapassasse em volume de produção industrial. Com base nesse diagnóstico, Stálin apresentou as orientações políticas e econômicas fundamentais para garantir o cumprimento antecipado do Primeiro Plano Quinquenal, dentro de quatro anos.
Diante das metas históricas estabelecidas pelo 16º Congresso do PCUS(B), os trabalhadores de todo o país se lançaram com entusiasmo revolucionário à realização das tarefas monumentais da edificação socialista. Desenvolveu-se em larga escala o movimento de Emulação Socialista e o Trabalho de Choque, instrumentos práticos da mobilização consciente das massas em torno dos objetivos do Plano. Às vésperas do Congresso, mais de dois milhões de trabalhadores já participavam ativamente da Emulação Socialista, enquanto mais de um milhão integravam Brigadas de Choque — vanguarda da classe operária na luta pelo socialismo.
A característica mais marcante da Emulação Socialista, — afirmou o camarada Stálin no 16º Congresso, — é a transformação profunda que ela provoca na consciência dos trabalhadores em relação ao trabalho. Ela abandona a visão capitalista do trabalho como um fardo humilhante e exaustivo, e o eleva a uma questão de honra, de prestígio, de dignidade e de heroísmo. Nada parecido existe — nem pode existir — nos países capitalistas.
A realização do Primeiro Plano Quinquenal exigiu a reconstrução total de todos os ramos da economia nacional com base em novos métodos e na aplicação da técnica moderna. A técnica passou a ocupar o centro das atenções como fator decisivo do desenvolvimento. Nesse contexto, Stálin, dirigindo-se à 1ª Conferência Pan-Soviética de Diretores da Indústria Socialista, em 4 de fevereiro de 1931, formulou uma nova palavra de ordem de luta:
Se você é diretor de uma fábrica — intervenha em todos os assuntos da fábrica, examine tudo, nada deixe escapar, aprenda e aprenda novamente. Os bolcheviques devem dominar a técnica. Chegou o momento de os próprios bolcheviques tornarem-se especialistas. No período de reconstrução, a técnica decide tudo. E um dirigente econômico que se recusa a estudar a técnica, que não quer dominar a técnica, é uma farsa, e não um dirigente.
Ao mesmo tempo, tornava-se imperativa uma intensificação do trabalho de formação teórica dos quadros partidários. Era necessário educar os membros e candidatos do Partido nos fundamentos do marxismo-leninismo, aprofundar o estudo da experiência histórica do Partido Bolchevique e travar uma luta ideológica firme contra os falsificadores da história da revolução.
Foi nesse espírito que, em novembro de 1931, Stálin publicou sua carta à revista Proletarskaya Revolutsia (A Revolução Proletária), com o objetivo de salvaguardar a unidade ideológica do Partido. Nela, desmascarou os falsificadores trotskistas da história do bolchevismo, demonstrando que o leninismo se forjou e se consolidou em luta implacável contra todas as correntes oportunistas — de direita e de “esquerda”. Enfatizou que o Partido Bolchevique era a única organização revolucionária do mundo que expulsou, de forma consequente, os oportunistas e centristas de suas fileiras. Com clareza e força lógica, Stálin provou que o trotskismo atuava, na prática, como instrumento político da burguesia contrarrevolucionária, combatendo o comunismo, sabotando o regime soviético e se opondo à construção do socialismo na URSS.
O Primeiro Plano Quinquenal foi cumprido integralmente no início de 1933, antes mesmo do prazo estipulado. Na Plenária Conjunta do Comitê Central e da Comissão Central de Controle, realizado em janeiro de 1933, Stálin apresentou o Informe “Os Resultados do Primeiro Plano Quinquenal”, no qual demonstrou que a União Soviética havia sido transformada de um país agrário atrasado em uma potência industrial socialista; de um país de pequenos produtores em uma nação com a mais vasta agricultura coletiva do mundo. As classes exploradoras haviam sido expropriadas, embora seus resquícios continuassem a atuar de forma furtiva. Por essa razão, Stálin apontou a necessidade de elevar a vigilância revolucionária, adotar medidas rigorosas de defesa da propriedade socialista — base econômica do Estado soviético — e fortalecer ao máximo a ditadura do proletariado como instrumento de classe.
Em outro discurso proferido na mesma Plenária — “Trabalho nos Distritos Rurais” — Stálin realizou uma crítica profunda das deficiências do trabalho partidário no campo e apresentou um programa abrangente de medidas para consolidar o sistema de fazendas coletivas. A nova tarefa do Partido consistia em fortalecer as fazendas coletivas, organizar corretamente o trabalho interno, transformá-las em verdadeiras fazendas coletivas bolcheviques, purificando-as de elementos hostis — os restos da classe kulak — que ainda tentavam sabotar o desenvolvimento socialista no campo.
Para essa finalidade, Stálin propôs a criação de departamentos políticos junto às estações de máquinas e tratores (EMTs) e às fazendas estatais (sovkhozes), como órgãos de direção política e vigilância revolucionária. Essa proposta foi prontamente executada e, entre 1933 e 1934, os departamentos políticos desempenharam um papel essencial na consolidação organizativa, técnica e ideológica das fazendas coletivas.
Durante o 1º Congresso Sindical dos Trabalhadores de Choque dos Kolkhozes, em 19 de fevereiro de 1933, Stálin lançou a seguinte palavra de ordem mobilizadora:
Transformar as fazendas coletivas em fazendas bolcheviques, e os agricultores coletivos em trabalhadores prósperos.
Ele acrescentou:
Basta uma única condição para que os kolkhozianos prosperem: que trabalhem com consciência nas fazendas coletivas; que utilizem de forma eficiente os tratores e máquinas; que empreguem adequadamente o gado de tração; que cultivem a terra com afinco e cuidem da propriedade agrícola coletiva como coisa sua.
Este pronunciamento teve repercussão profunda nas massas camponesas, galvanizando milhões de agricultores coletivos em torno de um programa prático e claro de ação socialista.
No processo de revisão crítica da experiência acumulada na construção socialista, Stálin abordou também a questão do comércio soviético, como forma específica de circulação e distribuição dos produtos do trabalho sob o regime socialista. Em suas palavras:
O comércio soviético é um comércio sem capitalistas, grandes ou pequenos; é um comércio sem intermediários ou exploradores. Trata-se de uma forma especial de comércio, sem precedentes na história, que é realizada unicamente por nós, os bolcheviques, sob as condições do desenvolvimento do sistema soviético.
Se a vida econômica do país deve avançar com rapidez, e se a indústria e a agricultura devem receber novos estímulos para elevar ainda mais sua produção, — declarou Stálin em uma de suas intervenções, — é indispensável uma condição adicional: a existência de um comércio plenamente desenvolvido — entre a cidade e o campo, entre os diferentes distritos e regiões do país, entre os diversos ramos da economia nacional.
Com essa formulação clara e objetiva, Stálin resgatava a importância decisiva do comércio socialista no interior da economia soviética. Em combate direto à subestimação burocrática do problema, criticou duramente aqueles que, dentro das fileiras do próprio Partido, demonstravam desdém pelo comércio soviético ou o tratavam como questão secundária:
Ainda persiste, em parte dos comunistas, uma atitude arrogante e desprezível frente ao comércio em geral — e particularmente em relação ao comércio soviético. Estes camaradas, a despeito de sua filiação partidária, encaram o comércio como algo de importância inferior, indigno de atenção, e consideram os trabalhadores dessa esfera como elementos de segunda categoria. [...] Não compreendem que o comércio soviético é uma tarefa bolchevique de primeira ordem, e que os trabalhadores do setor — inclusive aqueles que atuam atrás do balcão — se exercerem suas funções com consciência revolucionária, estão, sim, desempenhando um autêntico trabalho bolchevique.
Essas formulações de Stálin tiveram profundo impacto na reabilitação ideológica do comércio dentro do sistema soviético e impulsionaram uma expansão qualitativa do setor, integrando-o plenamente como elemento funcional à circulação de mercadorias e à coesão entre os diversos setores da economia socialista.
Às vésperas do 17º Congresso do Partido, Sergei Kirov — tribuno da Revolução e uma das figuras mais queridas da militância bolchevique — prestou, em nome das bases, uma homenagem comovente ao dirigente máximo da revolução socialista:
Camaradas, ao falarmos das realizações do nosso Partido, das vitórias colossais que alcançamos, é impossível não mencionar o grande organizador dessas conquistas: refiro-me ao camarada Stálin.
Ele é, sem dúvida, o continuador fiel, o sucessor brilhante da causa confiada a nós pelo grande Lênin. Compreender a figura de Stálin em toda sua grandeza é tarefa que requer tempo e estudo. Nestes anos que se seguiram à morte de Lênin, não houve um só desenvolvimento decisivo em nosso trabalho, uma única orientação estratégica ou palavra de ordem fundamental que não tenha partido de Stálin.
Todo o trabalho essencial do Partido, camaradas — e o Partido deve ter plena consciência disso — é dirigido sob suas instruções diretas, sob sua iniciativa e liderança. Desde os problemas mais complexos da política internacional até as questões aparentemente menores que afetam a vida concreta dos trabalhadores e camponeses, tudo interessa a Stálin, pois ele é expressão viva da ligação do Partido com as massas.
Isso se aplica tanto à construção do socialismo em geral quanto às tarefas específicas do nosso dia a dia. Tomemos, por exemplo, a defesa do país: todas as conquistas nesse terreno são mérito direto de Stálin.
A vontade indomável e o gênio organizador desse homem garantiram ao Partido a realização oportuna das grandes reviravoltas históricas associadas à edificação vitoriosa do socialismo.
Palavras de ordens como “Tornar o camponês coletivo próspero”, “Transformar as fazendas coletivas em fazendas bolcheviques”, “Dominar a técnica”, e suas seis condições históricas, são orientações que partiram dele. Todas as vitórias obtidas no marco do Primeiro Plano Quinquenal foram fruto de sua linha e de sua direção.
O 17º Congresso do Partido, realizado no início de 1934 e consagrado como o Congresso dos Vencedores, coroou esse ciclo heroico sob a direção política e teórica de Stálin. Em seu extenso Informe sobre o trabalho do Comitê Central, Stálin apresentou um balanço abrangente das conquistas históricas do Partido e da vitória do socialismo na URSS.
Destacou o êxito da política de industrialização e da coletivização consolidada da agricultura, bem como a eliminação definitiva dos kulaks enquanto classe. Substanciou, com dados e análises, o triunfo da linha de que o socialismo podia ser construído em um único país, desde que houvesse direção proletária firme e hegemonia ideológica bolchevique. Demonstrou que a formação econômica socialista havia conquistado a hegemonia integral sobre toda a economia nacional, relegando todas as outras formas socioeconômicas — baseadas na exploração — ao passado histórico.
O sistema de fazendas coletivas triunfara de forma definitiva, e com isso, consolidava-se um novo modo de vida no campo, baseado na propriedade coletiva, na técnica moderna e na solidariedade socialista.
Apesar das vitórias grandiosas conquistadas pelo Partido e pela classe operária soviética, Stálin advertiu que a luta revolucionária estava longe de ter chegado ao seu desfecho. Os inimigos de classe haviam sido derrotados, mas as sobrevivências ideológicas do capitalismo persistiam — não apenas nas estruturas sociais e econômicas, mas, sobretudo, nas consciências dos homens e mulheres soviéticos. A União Soviética, lembrou Stálin, continuava cercada por um mundo capitalista hostil, que procurava incessantemente estimular e explorar essas sobrevivências ideológicas como armas de sabotagem contra a construção do socialismo.
Entre todas as áreas onde essas influências retrógradas se manifestavam, Stálin destacou que a questão nacional era a mais sensível e a mais tenaz. Em resposta à pergunta — qual desvio nacional constitui o maior perigo: o nacionalismo Grão-Russo ou o nacionalismo local? — Stálin respondeu com precisão dialética:
O maior perigo é sempre aquele contra o qual cessamos de lutar, permitindo, assim, que ele cresça e se torne uma ameaça ao Estado.
Daí emergia a necessidade urgente de desenvolver uma luta ideológica sistemática contra todas as tendências antileninistas, intensificando a propaganda do marxismo-leninismo, promovendo a educação internacionalista do proletariado, e elevando continuamente o nível político-ideológico dos membros do Partido. Para isso, Stálin enfatizou a necessidade de vigilância permanente, combatendo o espírito de autocomplacência que ameaça todo processo revolucionário:
Não cabe a nós adormecer a vigilância do Partido, mas sim intensificá-la; não é tempo de confortá-lo com ilusões, mas de mantê-lo em alerta permanente; não devemos desarmá-lo, mas fortalecê-lo com todos os instrumentos necessários à luta; não se trata de desmobilizá-lo, mas de mantê-lo em marcha, coeso e disciplinado, para a realização integral das metas do Segundo Plano Quinquenal.
Neste mesmo informe — verdadeiro programa político e organizativo para o novo período — Stálin traçou as tarefas centrais do Partido nas áreas da indústria, agricultura, comércio e transporte, bem como um plano minucioso de medidas organizativas, incluindo a formação de quadros, a verificação sistemática do cumprimento das decisões e o fortalecimento do controle proletário sobre os processos administrativos. A palavra de ordem, afirmou Stálin, era: “Elevar a direção organizativa ao nível da direção política”.
No campo da cultura, da ciência e da educação, Stálin delineou também um programa abrangente de medidas para combater a influência ideológica burguesa e consolidar os fundamentos de uma cultura socialista proletária.
Por fim, deteve-se na análise da situação internacional. Destacou que o mundo capitalista atravessava uma crise econômica profunda e devastadora, acompanhada por preparativos acelerados para uma nova guerra. A chegada dos fascistas ao poder na Alemanha intensificava esses perigos, e o cenário internacional era marcado por cataclismos políticos e militares iminentes.
Em meio a esse cenário de crescente beligerância por parte dos países imperialistas, a União Soviética manteve-se firme em sua linha de paz:
Nossa política externa é clara, — declarou Stálin, — ela consiste na defesa intransigente da paz e no fortalecimento das relações comerciais com todos os países dispostos à convivência pacífica. A União Soviética não abriga qualquer intenção de ameaçar ou agredir quem quer que seja. Somos firmes defensores da paz e da causa da paz.
No entanto, não nos deixamos intimidar por ameaças. Estamos preparados para responder, golpe por golpe, aos incendiários da guerra. Aqueles que ousarem lançar-se contra nosso país conhecerão uma retaliação fulminante — uma resposta avassaladora que lhes ensinará, de uma vez por todas, a jamais meter seus focinhos suínos no jardim sagrado da pátria soviética.
Por moção de Sergei Kirov, o 17º Congresso do Partido aprovou integralmente o informe de Stálin, elevando-o à condição de resolução oficial do Congresso, norma programática do Partido e plano de ação para o período vindouro. O Congresso também ratificou o Segundo Plano Quinquenal para o desenvolvimento da economia nacional.